Terapia hormonal após a menopausa: o que é, para quem é indicada e benefícios

Saúde
01 de Dezembro, 2022
Terapia hormonal após a menopausa: o que é, para quem é indicada e benefícios

A menopausa é um marco na vida feminina que representa o fim da fase reprodutiva¹. É acompanhada por mudanças hormonais significativas, que podem causar sintomas incômodos, como depressão, insônia, irritabilidade, alteração de humor, problemas de memória, diminuição da libido e predisposição ao estresse. Os famosos “fogachos” também são comuns. Mas como amenizar tais sintomas? Uma das opções é a terapia hormonal. Entenda agora como ela funciona e para quem é indicada.

Quais são os sinais da menopausa?

Para a maioria das mulheres, a menopausa tem início por volta dos 50 anos, sendo considerada precoce quando começa antes dos 45. “A menopausa é o nome dado à última menstruação, marcando o fim da fase reprodutiva da vida da mulher. Isso significa que ela esgotou seu estoque de óvulos, que foram liberados desde a puberdade, mês a mês, ao longo de 30, 35 anos”²,³ , explica a Dra. Erica Nogueira, ginecologista e obstetra. Os sintomas da menopausa variam, mas em geral incluem:

  • Fogachos (ondas de calor)⁴;
  • Secura vaginal⁴;
  • Queda de cabelo⁵
  • Dor durante a relação sexual causada por atrofia vaginal⁴;
  • Desequilíbrios emocionais⁴;
  • Desânimo, fadiga ou cansaço1;
  • Perda de libido⁴;
  • Alterações no ciclo menstrual⁴;
  • Dores musculares e articulares¹;
  • Insônia ou dificuldade para dormir⁴.

Além disso, há um maior risco cardiovascular para as mulheres, já que também há alterações metabólicas nessa fase, como ter os níveis de colesterol, triglicérides e até a pressão arterial aumentados, bem como uma maior tendência ao ganho de peso. Por fim, mulheres com predisposição também podem desenvolver osteoporose3.

Reposição hormonal: o que é?

Repor os níveis dos hormônios que estão circulando em menor concentração no corpo é uma das saídas para as mulheres que estão encarando a menopausa.  “A terapia de reposição hormonal consiste na reposição dos hormônios que representam a falência dos ovários na produção de estrógeno e de outros hormônios”⁶, explica a Dra. Dolores Pardini, endocrinologista.

Os hormônios a serem repostos podem ser os mais variados, ou seja, podem ser idênticos aos naturalmente produzidos pelo organismo feminino ou podem ser completamente sintéticos⁷.

Confira os principais hormônios utilizados na terapia de reposição hormonal:

Estradiol

É indicado para repor o estrogênio, um hormônio ovariano feminino responsável por ajudar na remodelação óssea e na prevenção da osteoporose. Ele também contribui para a regulação da temperatura corporal (diminuindo, assim, os fogachos), para o controle mental e na prevenção da demência¹,⁶.

Progesterona

O útero da mulher na menopausa é “programado” para receber cada vez menos estrogênio. Por isso, aquelas que recebem o estradiol geralmente também precisam de mais progesterona para proteger o órgão¹,⁶.

Testosterona

A testosterona começa a diminuir no organismo delas antes mesmo da menopausa. Desse modo, repor o hormônio pode trazer mais disposição e até aumentar o desejo sexual¹.

Para quem a terapia de reposição hormonal é indicada?

De acordo com a Dra. Elis Nogueira, a terapia de reposição hormonal é indicada principalmente para mulheres que possuem sintomas de moderados a graves relacionados com a menopausa. “Ela pode ser feita a partir do uso de medicamentos por via oral, percutânea, na forma de adesivos ou através de cremes vaginais, de acordo com a orientação do ginecologista”⁶, sugere.

Uma dúvida comum entre as mulheres na menopausa é se a terapia de reposição permite que a mulher engravide. De acordo com a médica, essa possibilidade, infelizmente, não existe. “Quando a mulher entra na menopausa, ela já não tem mais folículos e óvulos, portanto não pode mais engravidar. Não adianta repor”.²

Benefícios da terapia hormonal

Segundo a Dra. Dolores, a terapia de reposição hormonal traz diversos benefícios para a saúde da mulher, sendo o principal amenizar os sintomas típicos da menopausa. 

“Os riscos devem ser avaliados individualmente. É muito importante nunca tomar o hormônio indicado por alguém, mas sim procurar um médico com experiência em reposição hormonal para avaliar se tem ou não algum risco para terapia hormonal”, alerta a médica.

Por fim, a especialista explica que a reposição é contraindicada para mulheres que já tiveram:

  • Câncer de mama⁴
  • Trombose⁴
  • Doenças hepáticas graves⁴
  • Hemorragia cerebral
  • AVC⁴

No entanto, a médica destaca que essas complicações não são contraindicações absolutas e que é preciso analisar cada caso⁴.

Fonte: Dra. Elis Nogueira, ginecologista e obstetra e Dra. Dolores Pardini, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP.

Referências:

  1. National Institutes of Health. National Institutes of Health State-of-the-Science Conference statement: management of menopause-related symptoms. Ann Intern Med. 2005;142(12 Pt1):1003-13
  2. World Health Organization. 2022. Menopause; [acesso em 3 de novembro de 2022]; Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/menopause
  3. Baber RJ, Panay N, Fenton A; IMS Writing Group. 2016 IMS Recommendations on women’s midlife health and menopause hormone therapy. Climacteric. 2016;19(2):109-50.
  4. Pompei LM, Machado RB, Wender MCO, Fernandes CE, editores. Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa. São Paulo: Leitura Médica, 2018. p. 159.
  5. Goluch-Koniuszy ZS. Nutrition of women with hair loss problem during the period of menopause. Prz Menopauzalny. 2016;15(1):56-61.
  6. Nahas EAP, Nahas Neto J. Terapêutica hormonal: benefícios, riscos e regimes terapêuticos. In: Fernandes CE, Sá MFS, Silva Filho AL, editores. Tratado de Ginecologia Febrasgo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. p. 611-620.
  7. Santoro N, Roeca C, Peters BA, Neal-Perry G. The Menopause Transition: Signs, Symptoms, and Management Options. J Clin Endocrinol Metab. 2021;106(1):1-15.

Parágrafos não referenciados correspondem à opinião e/ou prática clínica do autor.

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