Suspeita de poliomielite: criança pode ser o 1º caso em 33 anos
A Secretaria de Saúde do Estado do Pará investiga o caso de uma criança suspeita de estar com poliomielite. Trata-se de uma menino de três anos que testou positivo para o poliovírus (Sabin Like 3), responsável pela doença. Se confirmado, será o primeiro caso registrado no país desde 1989, quando as campanhas de vacinação diminuíram a paralisia infantil no Brasil. O país erradicou a doença em 1994.
De acordo com um relatório do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde( CIEVS/SESPA), a criança teve o vírus identificado por análise de isolamento viral de fezes. O documento, porém, informa que o caso segue em investigação. Além disso, “outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas, como Síndrome de Guillain Barré, conforme o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde”.
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Suspeita de poliomielite: sintomas
O menino que está com suspeita de poliomielite reside no município de Santo Antônio do Tauá, no interior do estado do Pará. Inicialmente, ele teve sintomas como febre, dores musculares, mialgia e paralisia flácida aguda (PFA). Algumas semanas depois, já não conseguia mais se manter em pé.
A criança, então, realizou um exame de fezes no dia 16 de setembro. Na terça-feira 4, saiu o resultado positivo para o vírus da poliomielite, de acordo com o Laboratório de Referência do Instituto Evandro Chagas.
Cobertura vacinal no Brasil está baixa
Desde 2015 a cobertura vacinal contra a poliomielite em território nacional está abaixo do mínimo recomendado, que é de 95%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Enquanto Paraíba (86,8%), Amapá (82,5%) e Alagoas (74,6%) foram as que mais vacinaram, os estados do Pará (38,2%), Distrito Federal (33%) e Rio de Janeiro (30,5%) são os que menos vacinaram as crianças.
Dados preliminares do Ministério da Saúde são preocupantes: apenas 54,21% das crianças entre um e menores de cinco anos se vacinaram contra a doença. Por isso, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022 foi prorrogada até dia 21 de outubro, mas, segundo o governo, “todas as vacinas que compõem o Calendário Nacional de Vacinação, incluindo o imunizante que protege contra a pólio, seguem disponíveis para a população brasileira durante todo o ano”.
Retorno da poliomielite: afinal, como é possível reverter esse quadro?
A única forma de reverter esse quadro em todos os países é por meio da vacinação em massa. Inclusive, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou uma campanha nacional de imunização contra a doença, chamada “Paralisia Infantil – A Ameaça Está de Volta”. Para isso, é preciso que o público infantil esteja com o cartão vacinal atualizado. Assim, o cronograma brasileiro de imunização contra a doença é:
- Três doses da vacina inativada (VIP) aos dois, quatro e seis meses de idade.
- Duas doses de reforço da vacina oral (VOP) ou inativada aos 15 meses e quatro anos.
Somente pode receber a vacina oral quem já recebeu três doses da vacina inativada. Além da imunização infantil, o Ministério da Saúde recomenda o reforço para viajantes adultos que estão indo em destino a países em que a doença é endêmica, bem como a outros locais em que há casos da enfermidade.