Suplementação de testosterona pode colocar saúde cardiovascular de homens em risco

Bem-estar Saúde
07 de Agosto, 2023
Suplementação de testosterona pode colocar saúde cardiovascular de homens em risco

Vira e mexe ouvimos notícias sobre os perigos que as mulheres correm ao usar hormônios, especialmente os masculinos, com o objetivo de ganhar mais massa magra, perder gordura, aumentar o desempenho na prática de atividades físicas, dar um gás na energia e elevar a libido. Mas pouca gente sabe que muitos homens também optam por fazer uma suplementação de testosterona com os mesmos objetivos, ou seja, para ter ganhos estéticos, desportivos, energéticos e sexuais. Saiba mais a seguir.

Veja também: Reposição hormonal masculina: em quais casos ela é necessária?

Suplementação de testosterona: quais os riscos?

Apesar de, no caso deles, parecer menos perigoso, já que os homens naturalmente têm uma quantidade maior do hormônio, a suplementação masculina de testosterona também é bastante arriscada.

“Os efeitos colaterais incluem queda de cabelo, desenvolvimento de acne, surgimento de neoplasias [câncer], aumento da pressão arterial, do risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e de infarto”, conta Marcelo Franken, da cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein. E é por isso que, segundo o médico, os esteróides para fins estéticos são proibidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Incluindo o implante de chips.

Quando é necessário suplementar?

Existem situações em que homens realmente estão com seu nível de testosterona abaixo do indicado. O que é chamado hipogonadismo, que pode desencadear sintomas como redução da vitalidade, sinais de depressão e ansiedade. Além disso, a condição pode resultar em diminuição da força muscular, baixa da libido, disfunção erétil e dificuldade de atingir o orgasmo. Nesses casos, confirmados através de exame de sangue, um médico pode, sim, prescrever reposição da substância.

Entretanto, é essencial que o indivíduo faça um acompanhamento periódico com o especialista. “Mesmo os pacientes que necessitam de doses extras do hormônio por razões médicas correm mais risco de apresentar problemas cardíacos”, afirma Franken.

A importância do acompanhamento médico

O controle da reposição com apoio de um médico é fundamental. “É importante que esse paciente realize exames frequentes de fatores ligados à saúde cardiovascular, da quantidade de glóbulos vermelhos e das enzimas do fígado por pelo menos seis meses, para que seja possível verificar como o seu organismo está reagindo”, diz o endocrinologista Gustavo Daher, coordenador médico do programa ambulatorial do Einstein. “E, é claro, precisamos analisar detalhadamente a quantidade indicada e até quando a pessoa precisa fazer uso da substância”.

No entanto, outra questão muito importante é que antes de prescrever testosterona, é essencial que o médico analise o que está causando a deficiência do hormônio. “Ela pode estar sendo provocada por um problema nos testículos, na hipófise [glândula localizada no cérebro] ou até algum tumor. Portanto, apenas fazer a reposição tratará um sintoma da enfermidade e pode até mascarar o problema”, alerta Daher.

Suplementação de testosterona: Prescrição cautelosa

Apesar de todos esses riscos, os especialistas têm dificuldade para controlar o uso da testosterona. “Ela oferece um aumento considerável na vitalidade e bem-estar do indivíduo. O que faz com que seja difícil convencer muitos de que não devem fazer uso dela”, conta Daher. Por isso, a suplementação deve ser cautelosa, de acordo com o FDA, a agência reguladora dos Estados Unidos. O motivo é que, na maioria dos casos, o paciente pode ter dificuldade para conseguir interromper o seu uso.

Além disso, alguns estudos são utilizados de forma equivocada para reforçar a teoria de que o uso do hormônio não é tão arriscado assim. Um dos mais recentes foi publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine em junho deste ano e analisou 5246 homens com idades entre 45 e 80 anos, problemas cardiovasculares pré-existentes e nível de testosterona abaixo do considerado normal, e concluiu que o risco de eventos cardiovasculares não foi consideravelmente maior nos voluntários que fizeram uso da substância.

Por fim, mesmo o trabalho sendo feito com pessoas que estavam com a testosterona abaixo do normal, ele vem sendo usado como pretexto para que algumas pessoas façam uma suplementação da substância sem necessidade. O que coloca sua saúde em risco. “Apesar do pacote de benefícios prometido pelo hormônio ser muito tentador, é essencial que antes de utilizá-lo o indivíduo procure um médico, faça todos os exames necessários e siga ao pé da letra a recomendação do especialista”, alerta Daher.

Fonte: Agência Einstein.



 

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