Estudos sugerem que sobrepeso afeta a eficácia da pílula do dia seguinte

Saúde
20 de Julho, 2022
Estudos sugerem que sobrepeso afeta a eficácia da pílula do dia seguinte

Em alguns casos, a eficácia da pílula do dia seguinte pode estar relacionada ao peso de quem toma? De acordo com estudos, sim. Contudo, essas pesquisas ainda não são conclusivas. As primeiras pesquisas relacionadas ao tema surgiram em 2011, na Escócia. 

Então, os pesquisadores analisaram o por que a pílula anticoncepcional de emergência tinha baixa eficácia em parte da população do país. Assim, eles descobriram que o método falhou mais vezes entre mulheres com maior IMC (índice de massa corporal)

Desde então, a descoberta fez com que diversos pesquisadores também analisassem o porquê e como o peso influencia a eficácia da pílula do dia seguinte. Entretanto, algumas questões surgiram, como não saber exatamente o quanto ela pode ser menos eficaz para grupos com sobrepeso ou obesidade

Ainda não há uma pesquisa clara para entender a como resolver o problema. Assim, também é difícil definir um peso específico em que a eficácia da pílula diminui. De acordo com Siripanth Nippita, professora clínica associada de obstetrícia e ginecologia na Langone Health, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, estudos dizem que acima de um IMC de 15, já não há efeito. 

“Outros dizem que há alguns efeitos – estudos diferentes dizem coisas ligeiramente diferentes”, afirma. Ela explicou que à medida que o IMC aumenta, a eficácia da pílula do dia seguinte diminui. Algumas pesquisas apontam que ter mais de 70kg diminui o efeito da pílula. Outras, apontam que o peso que diminui a eficácia é, na verdade, 80kg. Os resultados variam de pesquisa para pesquisa. 

Leia também: Pílula do dia seguinte: Quando, como tomar e outras dúvidas

Eficácia da pílula do dia seguinte: porque isso acontece em pessoas com sobrepeso? 

De acordo com pesquisadores, toda essa falha no entendimento geral da pílula do dia seguinte acontece porque a pesquisa usada para criar o método, durante a década de 1990, não considerou as diferenças de peso corporal. 

“Nossa população hoje é diferente daquela quando os medicamentos foram desenvolvidos. Aumentamos em tamanho e tememos que o tipo mais comum de anticoncepcional de emergência possa não funcionar para mulheres com IMC mais alto”, disse Alison Edelman, professora de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Saúde e Ciência de Oregon, nos Estados Unidos. 

O IMC deixaria a pílula do dia seguinte menos eficaz pois pode afetar a absorção, distribuição, metabolismo e excreção do medicamento no corpo. A ginecologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, ressaltou que a presença de estrogênio extra nos tecidos periféricos de pessoas com sobrepeso podem anular os efeitos de um contraceptivo. Outra possibilidade é de que a dosagem não seja forte o suficiente. 

Por fim, é importante ressaltar que ingerir uma superdose da pílula do dia seguinte não é indicado! Para pessoas com sobrepeso, médicos estadunidenses recomendam usar o acetato de ulipristal como contraceptivo oral de emergência. Caso não seja possível encontrar o medicamento, os especialistas não descartam o uso da pílula do dia seguinte comum, de levonorgestrel. 

Em conclusão, é importante lembrar que a pílula do dia seguinte tem eficácia de até 90% quando usada logo após a relação sexual e de 50% se ingerida depois de 72 horas. O medicamento só deve ser consumido, no máximo, duas vezes ao ano e não é um método contraceptivo. 

Referência: The New York Times.

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Sobre o autor

Gabriela Ferreira
Jornalista e Repórter da Vitat.

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