Sinéquia uterina: o que é e como ela pode prejudicar a fertilidade
A sinéquia uterina, também conhecida por síndrome de Asherman, é uma cicatriz localizada no útero, que pode ser única ou não. Suas causas são diversas, pois podem ser consequência de outras doenças relacionadas à saúde feminina. Principalmente quando envolvem procedimentos cirúrgicos no útero, que causam um trauma no órgão e formam uma ou mais sinéquias.
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Causas da sinéquia uterina
Normalmente, a sinéquia uterina surge em casos de curetragem, intervenção necessária em cirurgia de cesárea (pós-parto) e abortos para retirar fragmentos da placenta e do endométrio. Dessa forma, existe o risco de machucar o endométrio, que é o tecido que reveste o interno do útero, formando camadas de tecido sobre a região afetada. O mesmo ocorre com outros tipos de cirurgia, como remoção de pólipos, endometriose e miomas. Além disso, infecções no sistema reprodutor e terapias de tratamento, como a radioterapia, podem favorecer o problema.
Sintomas
A maioria dos casos de sinéquia uterina é assintomático ou apresenta sintomas que a mulher não dá muita atenção. Alterações no ciclo menstrual podem ser um sinal, com sangramento irregular ou ausência de menstruação (amenorreia). Outro indício da sinéquia é a dificuldade para engravidar ou abortos espontâneos sucessivos, pois o tamanho e espessura da cicatriz podem obstruir a cavidade uterina. Contudo, tais sinais dependem do tamanho e estágio da cicatriz.
Estágios da sinéquia
Apesar de ser uma cicatriz, a sinéquia pode evoluir se não for tratada. Como resultado, é capaz de comprometer as funções do útero e impedir que a mulher engravide ou tenha uma gestação saudável. Veja os estágios da doença:
- Leve: a cicatriz é pequena e a elevação do tecido é mais discreta. Possui menos acúmulo de tecido endometrial.
- Moderada: mais fibrosa, ocupa maior espaço dentro do útero e já apresenta riscos de interromper a cavidade do órgão.
- Grave: é ainda mais fibrosa e densa, além de ser maior. Nesse estágio, é mais difícil levar uma gravidez adiante, pois o útero não consegue desempenhar suas funções adequadamente.
Diagnóstico e tratamento
Para identificar a sinéquia uterina, o ginecologista poderá solicitar uma série de exames, principalmente a histeroscopia, uma avaliação de imagem que observa toda a cavidade interina e suas possíveis anormalidades. Outros como a ultrassonografia e a histerossonografia também podem ser úteis para auxiliar no fechamento do diagnóstico.
Já o tratamento irá depender do estágio da sinéquia uterina, tamanho e localização. Em casos menos complexos, é possível fazer a histeroscopia (mesmo exame que identifica a sinéquia) ambulatorial, uma forma menos invasiva de remover a sinéquia. Há ainda a alternativa de fazer a mesma intervenção, só que em centro cirúrgico.
Porém, nesse contexto, o ginecologista recomenda quando se trata de uma sinéquia em estágio severo e de maior porte — ou, ainda, quando a tentativa anterior de tratamento não obteve resposta. Como medida para evitar que a sinéquia se manifeste novamente, o ginecologista ainda pode sugerir um implante de DIU e uso de hormônios durante um período.
Sinéquia uterina e fertilidade
Muitas mulheres ficam inseguras ao descobrirem que são portadoras de uma ou mais sinéquias uterinas. No entanto, é possível engravidar com a condição, mas a gestação provavelmente apresentará riscos, sobretudo se a mulher já estiver grávida. Os riscos de enfrentar uma gravidez com sinéquia uterina são a possibilidade de aborto e parto prematuro, pois a extensão da cicatriz compromete o espaço que deveria ser assumido pelo feto. Ainda não existem estudos que relacionem a sinéquia uterina a malformações no bebê. Portanto, é importante fazer exames de rotina e sempre conversar com seu ginecologista sobre quaisquer sintomas.
Referências: Cleveland Clinic e National Library of Medicine.