Síndrome do Impostor: O que é e como evitar
Constantemente, você sente que não é bom o suficiente? Ou, quando recebe elogios, fica pensando se realmente é verdade? Se sua resposta for positiva, pode ser que você tenha síndrome do impostor. Apesar de ainda não ter sido classificada pela Organização Mundial da Saúde – OMS como doença mental, a síndrome do impostor é muito estudada por especialistas em saúde. De acordo com o Instituto de Psicologia, a síndrome atinge majoritariamente mulheres que acabam perdendo a sua autoconfiança e se fazendo críticas excessivas a si mesmo.
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Afinal, o que é síndrome do impostor?
A síndrome do impostor se caracteriza pelo sentimento de inferioridade ilusória. Assim, quem sofre desse transtorno acha que tem capacidade reduzida, subestimando suas habilidades. Costuma ser comum em ambientes como o trabalho. Principalmente para quem possui profissões competitivas, como atletas, artistas e empresários, ou em áreas que a pessoa é testada e avaliada a todo momento. Mas, a síndrome também se manifesta em outros contextos, como no convívio social.
Segundo a psicóloga e escritora Rosangela Sampaio, a síndrome pode se manifestar por diversas razões. Como a classe social de uma pessoa, a maneira como ela foi criada ou até mesmo questões que esteja vivenciando em um determinado momento da vida. Entretanto, a comparação com as outras pessoas é a principal causa.
Como a autossabotagem influencia
Do mesmo modo, a psicóloga cognitivo comportamental Rejane Sbrissa reforça que a síndrome do impostor é caracterizada por pessoas que tem tendência a autossabotagem. Com isso, a pessoa gera uma percepção de si mesmo que está atrelada a incompetência, desvalorizando quaisquer conquistas anteriores. Ou seja, um comportamento que ataca a si próprio e atrapalha suas atividades, sonhos e objetivos.
“Todos nós, seres humanos, temos inseguranças. É normal, pois somos cobrados o tempo todo em nossas decisões e, em sermos os melhores sempre, deixando pouco espaço para erros e deslizes. Porém, quando essa insegurança se torna excessiva e constante, não condizendo com a realidade, a pessoa pode estar sofrendo de síndrome do impostor”, afirma Rejane.
Além disso, a especialista reforça que, ao entrar em um quadro de síndrome do impostor, a pessoa se comporta sob o controle desse auto julgamento, sente-se incapaz, incompetente e acredita que a qualquer momento será desmascarado, os outros perceberão a fraude que ele é, ainda que tenha sucesso. A pessoa não diferencia o que são suas crenças e o que é ela mesma, na realidade.
Assim, quem sofre de síndrome do impostor costuma ser perfeccionista, tem um enorme medo do fracasso e constantemente inibe suas próprias conquistas. Contudo, isso pode ser debilitante, causar estresse, ansiedade e vergonha, bem como uma baixa autoestima.
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Sinais da síndrome de impostor
Segundo a psicóloga Rejane Sbrissa, o principal sinal da síndrome é o medo de ser desmascarado, que é causado pelo excesso de insegurança com relação as próprias capacidades. Assim, esse medo abre espaço para outros sinais que são característicos da síndrome, são eles:
- Autocrítica em excesso;
- Forte comparação com outras pessoas;
- Desprezo por si mesmo;
- Sentimento de não merecimento;
- Desacreditar de elogios;
- Sentimento de não pertencimento;
- Procrastinação frequente;
- Sentir-se inadequado em relação às outras pessoas;
- Destruir chances de sucesso pessoal.
Como lidar com a síndrome do impostor?
Por medo de demonstrar insegurança e vulnerabilidade, é comum que em casos de síndrome do impostor, a pessoa sofra sozinha, evitando compartilhar seus sentimentos com outras pessoas. Porém, especialistas afirmam que o caminho é trazer o assunto à luz e conseguir falar abertamente sobre ele, ainda que seja apenas em uma sessão de terapia. Além disso, existem outras práticas que podem te ajudar a deixar a síndrome do impostor no passado. Confira:
- Não se compare com outras pessoas. Cada um está em um momento específico da vida e é preciso respeitar o tempo de maturidade e crescimento.
- Entenda que os erros farão parte do caminho e assim, aceite-se acolhendo seus defeitos e qualidades.
- Seja realista e compreensível e assim evite estabelecer objetivos inalcançáveis.
- Não sofra sozinho, busque compartilhar as frustrações com alguém próximo e mantenha sempre um acompanhamento terapêutico.
Como não se deixar levar por comentários maldosos?
Comentários maldosos estão em todos os lugares e vêm das mais diversas pessoas. Eles podem ser parte essencial do desenvolvimento da síndrome de impostor. Por isso, o importante é não absorver as pressões externas e não levar para si. Dessa maneira, siga as dicas da psicóloga para lidar com esse tipo de cenário:
- Traga à tona o que você tem de melhor;
- Isole os eventos negativos em vez de generalizá-los;
- Por fim, exercite o autocontrole, pois reagir de forma emocional às contrariedades é uma ótima maneira de aumentar o estresse.
Como superar a síndrome do impostor
A terapia configura um passo fundamental para falar sobre o tema e desmistificar as questões ocultas que nos dão medo e insegurança. Por isso, ao apresentar algum dos sinais listados acima, busque um atendimento psicológico para resolver a questão e evitar outros problemas de saúde mental, como estresse, ansiedade e depressão.
“Buscar ajuda profissional de um psicólogo é o primeiro passo. O processo terapêutico ajudará a compreender as origens de suas inseguranças, a desenvolver autoestima, autoconfiança e, ensinar técnicas para lidar com os pensamentos de menos valia e auto sabotagem”, complementa a psicóloga.
Por fim, a psicóloga reforça que um indivíduo consciente de si e seu funcionamento inseguro deve começar a focar no que realmente está acontecendo com ele, em sua vida, e não nos pensamentos de menos valia que tem a seu respeito. Com o foco na realidade, aos poucos, essas sensações vão se minimizando, vivendo no aqui e agora.
Reflexão que gera mudança
O recomendado é refletir sobre os sentimentos e como gerar mais emoções positivas, engajamento e aceitação durante o tratamento, sentido de vida, realizações e relacionamentos positivos.
Com isso, a especialista defende uma mudança de dentro para fora, com uma busca pela pessoa que se deseja ser. “Ou seja, o ‘eu ideal’ é um dos conceitos abordados por Richard Boyatzis e Annie MacKee na teoria da Mudança Intencional. Mas, segundo os autores, uma mudança sustentável tem como ponto de partida a descoberta da pessoa que realmente queremos ser”, detalha.
Assim, um estudo conduzido por Boyatzis com a utilização de ressonância magnética (Science Daily, 2010) demonstrou que o foco no ‘eu ideal’ (o que ocorre, por exemplo, quando uma pessoa passa 30 minutos falando de sua visão pessoal e de seus desejos) produz uma intensa estimulação do córtex visual. “Ou seja, é uma área do cérebro associada ao processamento visual da imaginação que, ao ser estimulada, desencadeia um processo crucial para motivar o aprendizado e a mudança comportamental.” finaliza.
Fontes: Rosangela Sampaio, psicóloga e escritora e Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental.
Referência: Instituto de Psicologia da USP.