Síndrome compartimental: o que é, sintomas, causas e tratamento
Pouco conhecida, a síndrome compartimental tem causas e tipos variadas, mas a principal é a crônica, causada por exercícios de impacto, como a corrida. Como resultado, a pessoa sente dores intensas e inchaço local, sobretudo nos membros inferiores.
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O que é e quais as causas da síndrome compartimental?
A síndrome é uma lesão que pode provocar danos nos músculos e nos nervos. Em geral, a condição é o sangramento ou inchaço do compartimento do músculo, que é recoberto por um tecido chamado fáscia. Esse distúrbio é capaz de comprometer o fluxo de sangue, oxigênio e outras substâncias que passam pelos vasos sanguíneos. Ela possui dois tipos, a aguda e a crônica. Veja as diferenças entre ambas:
Aguda
É resultante de uma fratura ou trauma agressivo, como esmagamento de um membro. Então a pessoa sente muita dor, dormência, queimação e pode ter resistência ao tratamento com medicamentos, sendo necessária a intervenção cirúrgica para evitar amputações. No entanto, a aguda também pode ser consequência de uma síndrome crônica sem tratamento.
Crônica
A síndrome compartimental crônica se desenvolve de forma lenta, e normalmente está associada a esportes de alto impacto, como corrida, tênis e outros que envolvem saltos. Durante o exercício, aumenta-se o suprimento de sangue para os músculos, fazendo-os aumentar de volume. “O tamanho do músculo pode aumentar em até 20% durante o exercício. Mas o tecido conectivo (fáscia) que envolve os músculos e estruturas ao redor não tem a mesma capacidade de elasticidade e distensão que outros tecidos, como a pele”, explica Vincenzo Giordano Neto, presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA).
“Dessa forma, a pressão no compartimento aumenta, levando a alterações nos vasos, que facilitam o acúmulo de líquidos inflamatórios no local. Com o tempo, a pressão continua a aumentar e comprime vasos menores”, completa o especialista. Em situações extremas, a síndrome pode atingir vasos sanguíneos maiores e levar a uma falta de oxigênio nos músculos e nervos, desencadeando a forma aguda.
Sintomas
Ambas os tipos causam dores que limitam a mobilidade do indivíduo. No caso da aguda, as dores são mais intensas e ocorrem de forma súbita. Por sua vez, a crônica evolui e o desconforto aumenta com a inflamação da fáscia e dos músculos.
Diagnóstico da síndrome compartimental
Tanto a crônica quanto a aguda precisam da avaliação de um ortopedista, que realiza exames de imagem, como raio-X, ressonância magnética e tomografia computadorizada. Os resultados ajudam a identificar a inflamação dos tecidos que caracterizam a síndrome compartimental. No entanto, a crônica pode ser confundida com outras lesões, o que dificulta o tratamento. Por exemplo, é muito comum um profissional confundir a síndrome compartimental crônica com uma canelite, se o problema estiver na região tibial. Dessa forma, é importante consultar um especialista com experiência no assunto.
Tratamento
Na maioria dos casos da síndrome aguda, a cirurgia torna-se a principal alternativa, que consiste no corte do músculo para aliviar a pressão compartimental. Já na forma crônica, o médico ressalta que, além da parada no momento, é necessário alterar a rotina de exercícios, pois “as dores e o inchaço podem até cessar momentaneamente. Mas quando o indivíduo retomar o nível de atividade física anterior, os sintomas tendem a retornar”.
Nos casos cirúrgicos, após o procedimento, o retorno ao esporte é variável conforme a gravidade e estágio em que foi interrompida e deve ser feito de maneira gradual, acompanhado por equipe multidisciplinar.