Síndrome antifosfolípide: o que é, causas, sintomas e tratamento
A sindrome antifosfolípide possui nomes variados: síndrome de Hughes, síndrome do anticorpo antifosfolípide, SAF e SAAF. Todos os termos definem a condição que pode afetar de forma severa a coagulação sanguínea e o sistema circulatório.
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O que é a síndrome antifosfolípide?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a síndrome antifosfolípide é uma doença autoimune em que o organismo produz anticorpos que atacam o sistema de coagulação sanguínea. Como resultado, formam-se trombos nas veias e artérias, o que dificulta a passagem adequada do sangue e provoca quadros recorrentes de trombose e outras complicações. Qualquer pessoa em qualquer faixa etária pode sofrer com a doença. Mas a prevalência é maior entre mulheres entre 20 e 50 anos.
Causas da SAF
A princípio, não há uma origem específica para a manifestação da síndrome antifosfolípide. No entanto, por ser autoimune, acredita-se que alguns indivíduos tenham predisposição ao “erro” no sistema imunológico, com mais anticorpos antifosfolipídeos que atuam na coagulação sanguínea. Outro provável fator de risco é o histórico de trombose do indivíduo, que pode favorecer a repetição do quadro, diabetes e aterosclerose. Além disso, a SBR aponta que procedimentos cirúrgicos e infecções com uso de antibiótico venoso e com necessidade de internação podem ser fatores de risco. Por fim, doenças autoimunes como o lúpus, artrite reumatoide e esclerodermia podem desencadear a SAF.
Tipos da síndrome antifosfolípide
As classificações da SAF variam de acordo com a origem. São elas:
- Primária: não há diagnóstico de causa.
- Secundária: quando a síndrome é consequência de outras condições autoimunes — lúpus, por exemplo.
- Catastrófica: é o tipo que resulta em complicações mais agressivas, que podem ter ou não a causa identificada. Nesse quadro, a SAF pode desenvolver trombos em locais variados em um curtíssimo período (cerca de uma semana).
Sintomas
A síndrome possui sintomas diversos e não necessariamente se manifestam simultaneamente. Em geral, o conjunto de desconfortos está relacionado à artéria ou vasos obstruídos pelos trombos. A seguir, veja os principais:
- Dores de cabeça e no peito.
- Náuseas e vômitos.
- Inchaço de braços, mãos, pernas e pés.
- Manchas arroxeadas na pele que aumentam no frio.
- Falta de ar e fadiga.
Complicações da síndrome antifosfolípide
O diagnóstico tardio ou, ainda, a falta de tratamento adequado podem trazer consequências graves para a pessoa portadora da síndrome. Por exemplo:
- Aborto espontâneo, tanto no início quanto no avanço da gestação. Isso acontece pois a trombose se instala na placenta e compromete a troca de fluidos e nutrientes entre mãe e bebê.
- Insuficiência cardíaca.
- AVC.
- Trombofilia, ou a tendência a sofrer obstrução nos vasos sanguíneos que leva à trombose de repetição — inclusive a trombose venosa profunda, um dos tipos mais graves da doença.
- Doenças no sistema renal que podem causar insuficiência do órgão.
Diagnóstico
Normalmente, o diagnóstico da síndrome antifosfolípide leva tempo, pois exige a realização de algumas etapas com intervalos de análise. À primeira vista, o médico avalia o histórico do paciente e os sintomas para enquadrá-los nos critérios da SAF. Em paralelo, solicitar um exame laboratorial para identificar a presença de um ou mais tipos de anticorpo que agridem o sistema circulatório. Entre eles, estão o anticardiolipina, lúpus anticoagulante e antibeta-2 glicoproteína I. Apesar de parecer simples, os exames precisam ser refeitos após dois meses do primeiro resultado, no caso dos anticorpos; e três meses para os sintomas se encaixarem aos critérios da SAF.
Exames de imagem, como a ressonância magnética, tomografia computadorizada e angiografia ajudam a complementar o diagnóstico, pois determinam se existem trombos e o nível de obstrução de veias e artérias. A fim de detectar doenças autoimunes ou outras enfermidades relacionadas à SAF, o profissional poderá exigir outros testes pertinentes à suspeita.
Tratamento da síndrome antifosfolípide
Depende da causa. Por exemplo, se a origem for uma doença autoimune, o tratamento precisa ser direcionado. No entanto, para conter o surgimento de novos trombos, o paciente deverá utilizar medicamentos anticoagulantes pelo resto da vida. Segundo a SBR, inibidores de vitamina K, como a varfarina e a heparina, integram a linha de cuidados para controlar a doença.
Alguns casos podem necessitar de intervenção cirúrgica para remover os trombos e restabelecer a saúde vascular. Principalmente se a síndrome for do tipo catastrófica, que se dissemina para múltiplas partes do corpo. Outro ponto de atenção é a alimentação: a pessoa deve moderar o consumo de alimentos fontes de vitamina K, como vegetais verde-escuros e laticínios. Afinal, os altos níveis do nutriente na corrente sanguínea prejudicam a ação do anticoagulante, que inibe justamente a ação da vitamina K.
Especialidades envolvidas
Médicos angiologistas e reumatologistas são os principais profissionais que diagnosticam, prescrevem e acompanham o tratamento da síndrome antifosfolípide.
Referências: Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR); Mayo Clinic; e NHS (Reino Unido).