Primeiros sinais de Alzheimer podem aparecer nos olhos
Um estudo recente, publicado em fevereiro na revista Acta Neuropathologica, parece ter encontrado sinais de Alzheimer nos olhos de pacientes com a doença já diagnosticada. A descoberta é importante porque abre espaço para novas investigações e, eventualmente, para o desenvolvimento de exames que permitam identificar a condição mais cedo (e com mais precisão).
O Alzheimer é uma doença degenerativa que provoca danos irreversíveis no sistema nervoso e no cérebro. Quando em estágios mais avançados, afeta a memória, a linguagem, o comportamento, os movimentos e as funções básicas (engolir, evacuar e urinar, por exemplo). Em síntese, o Alzheimer sequestra a independência da pessoa.
Diante de tantas consequências, há anos a ciência vem estudando formas de reconhecer o quadro precocemente e, assim, prevenir fatores de risco modificáveis como pressão alta, colesterol e diabetes. Nesse sentido, os olhos têm se mostrado um bom caminho.
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Sinais de Alzheimer nos olhos
Para chegar às conclusões, os pesquisadores coletaram amostras da retina e do cérebro de 86 pessoas com doença de Alzheimer e comprometimento cognitivo leve durante 14 anos. De acordo com os autores, esse foi o maior grupo já examinado.
“Nosso estudo é o primeiro a fornecer análises aprofundadas dos perfis de proteínas e dos efeitos moleculares, celulares e estruturais da doença de Alzheimer na retina humana e como eles correspondem a mudanças no cérebro e na função cognitiva”, disse em um comunicado a principal autora Maya Koronyo-Hamaoui, professora de neurocirurgia e ciências biomédicas no Cedars-Sinai, em Los Angeles.
Os cientistas, então, compararam as amostras coletadas às de doadores com funções cognitivas consideradas normais. E acharam aumentos significativos no beta-amiloide, um marcador importante da doença, em pessoas com Alzheimer e declínio cognitivo.
Além disso, eles perceberam uma queda de 80% das chamadas células microgliais em pacientes com a doença. Essas estruturas são responsáveis, sobretudo, por reparar e manter outras células saudáveis.
Isso sem falar nos níveis mais altos de inflamação nos pacientes com a condição, o que pode ser um marcador importante de progressão do Alzheimer.
Os achados foram vistos, aliás, até em indivíduos em estágios bastante iniciais. O que traz esperança para os cientistas, que poderão, possivelmente, trabalhar em exames de retina que detectam a condição.
Referência: Retinal pathological features and proteome signatures of Alzheimer’s disease.