Secreções vaginais: os corrimentos são normais? Quando visitar um médico?
Quando falamos sobre secreções vaginais, também conhecidas como “corrimentos”, diversas mulheres desconhecem o que pode ser normal ou não na região. No entanto, nem toda secreção é sinônimo de preocupação. Algumas excreções são absolutamente normais. Saiba abaixo detalhes sobre como ter uma boa saúde íntima.
Todas as secreções vaginais indicam infecção?
Não. Mesmo que a questão seja básica da biologia feminina, a desinformação pode gerar espanto, principalmente em jovens que só agora notaram o desenvolvimento do próprio corpo.
“Toda vagina é secretora, todas as mulheres terão essa excreção vaginal. Geralmente, a secreção é esbranquiçada, em pequena quantidade, sem odor e sem nenhum sintoma associado. Então, esse é o normal da vagina. Quando temos alguma alteração fora isso, podemos suspeitar de doença”, afirma Flavia Yae Kobo Takeshita, ginecologista e obstetra do Hospital Policlínica de Cascavel.
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Quando desconfiar de infecção?
Como dito pela ginecologista Takeshita, somente o corrimento esbranquiçado e sem cheiro ou sintoma é considerado normal na flora vaginal. Portanto, outras secreções com aspecto pegajoso, seco ou clara de ovo, devem ser tratadas corretamente.
Dessa forma, um corrimento anormal tem sintomas como:
- Secreção fina ou espessa, podendo ter mais textura e fluxo intenso;
- Cor cinza, amarela, marrom, verde ou branca (similar a de um queijo cottage);
- Odor forte de peixe, ferro ou diferente do normal;
- Pus;
- Coceira ou ardência;
- Em crianças, febre, corrimento amarelado ou esverdeado com odor fétido causado por vaginite por Trichomonas (indicativo de abuso sexual).
“As secreções com odores fortes do tipo peixe podre, na maioria das vezes são decorrentes de vaginose bacteriana, isto é, uma infecção vaginal que surge de uma bactéria que existe na flora da mulher já previamente, mas que, por algum desequilíbrio, leva ao maior número desses germes”, explica Takeshita. Essa instabilidade acontece pela alteração da imunidade.
Outras causas
É claro que, além da imunidade, fatores como a presença de algum corpo estranho (preservativo esquecido), produtos sexuais comestíveis, contato com mar e piscina, bem como fazer a higiene íntima com o papel higiênico de trás para frente durante a evacuação pode causar infecções. Portanto, outras doenças podem ser provocadas, por exemplo: a candidíase, vaginite por trichomonas, gonorreia e clamídia.
Além disso, exames feitos no próprio consultório ginecológico detectam as causas da anormalidade. O Papanicolau é um deles. Amostras de secreção da vagina e colo do útero também são enviadas para análise laboratorial. Por fim, exames de sangue podem ser solicitados para verificar a existência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s).
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Como tratar as secreções vaginais?
Em caso de infecção, antibióticos são receitados pelos médicos especialistas. Os tratamentos costumam durar entre 7 ou até 60 dias. Algumas condições podem levar ainda mais tempo (como o caso de candidíase de repetição).
Métodos naturais, como banhos de assento com ervas também são famosos, entretanto, devem ser consultados e indicados por um ginecologista.
Secreções vaginais: como ter uma boa saúde íntima
Na pressa em achar uma solução rápida, o perfume ou sabonete íntimo são opções populares. Entretanto, a ginecologista não recomenda o uso dos produtos para a higiene da vagina. Isso porque ambos afetam a flora e desequilibram o pH da região. Vale lembrar que a vagina é autolimpante, portanto, lavar com sabonete neutro/glicerinado ou apenas água são ótimas opções, inclusive para diminuir as infecções e odores.
Por fim, Takeshita complementa com mais sugestões para garantir que a saúde íntima feminina esteja sempre saudável:
- Não utilizar calcinha para dormir;
- Nunca lave a vagina por dentro do canal vaginal. Somente na área externa;
- Prefira calcinhas de algodão;
- Evite usar protetores diários por muito tempo;
- Evite usar roupa sintética por muito tempo (abafa a região).
Fonte: Dra. Flavia Yae Kobo Takeshita, ginecologista e obstetra do Hospital Policlínica de Cascavel, que integra a Hospital Care.
Referência: Manual MSD.