Sarcopenia: pesquisadores sugerem mudar o diagnóstico

Saúde
15 de Fevereiro, 2023
Sarcopenia: pesquisadores sugerem mudar o diagnóstico

Durante muito tempo a osteoporose e a osteoartrite eram conhecidas como as doenças mais comuns associadas ao envelhecimento. Mas nos últimos anos, a perda de massa e de função muscular passaram a receber mais atenção por serem responsáveis pela sarcopenia, um problema muito frequente em idosos.

Sarcopenia

A sarcopenia é uma condição que afeta a qualidade de vida e até a independência dos pacientes. Assim, causa fraqueza muscular, falta de resistência, reduz o equilíbrio e dificulta tarefas básicas do dia a dia.

A condição costuma ser maior entre as mulheres por conta de questões hormonais. Assim, mulheres perdem, em média 5 a 10% de força por década, a partir dos 50 anos isso se torna ainda maior. Uma pesquisa identificou que a perda de massa muscular feminina pode ser de 25% aos 70 anos.

Como funciona o diagnóstico 

Existem vários exames que podem diagnosticar a sarcopenia, como bioimpedância, tomografia, ressonância, ultrassom e Dexa (de composição corporal). Uma das formas de avaliação é bem simples: trata-se da medição da força das mãos ao apertar um equipamento chamado dinamômetro – um aparelho portátil, acessível, capaz de medir e identificar a capacidade muscular da pessoa.

A teoria é que se o paciente está perdendo a força muscular de uma forma geral, isso vai se refletir na força das mãos. Assim, esse seria um primeiro sinal de que outros exames são necessários para um diagnóstico adequado.

O conceito de sarcopenia, no entanto, tem sido alterado nas últimas décadas. Em 2010, o consenso do Grupo de Trabalho Europeu de Sarcopenia em Pessoas Idosas (European Working Group on Sarcopenia in Older People) considerava que o diagnóstico deveria começar com a avaliação da velocidade da marcha do idoso. Em seguida, a avaliação da força e da massa muscular.

De acordo com uma revisão publicada em 2019, o diagnóstico de sarcopenia deve ocorrer a partir de outro fluxo de avaliação. A força deve ser o primeiro item a ser analisado, seguida da massa muscular e, por fim, a velocidade da caminhada do idoso. Além disso, o diagnóstico deveria ser estabelecido quando a força muscular dos homens for menor do que 27 quilos e, no caso das mulheres, menor do que 16 quilos.

Leia também: Como prevenir a sarcopenia? Especialistas respondem

Aumento da força mínima palmar

Os pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em parceria com colegas da University College London (UCL, Reino Unido), estão sugerindo mudar o protocolo de diagnóstico. Para eles, o ideal é aumentar a força mínima palmar considerada normal de 27 para 36 quilos em homens e, em mulheres, de 16 para 23 quilos. Dessa forma, os cientistas acreditam que seria possível diagnosticar a doença mais precocemente, promover intervenções antecipadamente e reduzir o risco de morte em idosos.

Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e um dos autores da nova proposta de diagnóstico, explicou que o estabelecimento desses novos valores levou em consideração um amplo estudo do grupo, que comparou todos os pontos de corte propostos em pesquisas anteriores sobre o tema.

Resultados

O estudo, feito na Inglaterra, analisou dados de 6.182 britânicos com 60 anos ou mais durante 14 anos. Os resultados concluiram que quando o valor de referência da força palmar aumenta, há impacto direto no aumento da mortalidade

  • Aumento de 30% no risco de morte para aqueles idosos com provável sarcopenia (quando só há a perda da força);
  • 48% mais risco de morte entre aqueles diagnosticados com a doença (quando há perda de força e de massa muscular);
  • Aumento de 78% no risco de morte entre os idosos com a versão grave (quando além da perda de força e de massa, também há redução na velocidade da caminhada).

Alexandre frisa que o aumento do risco de mortalidade ocorreu independentemente de outros fatores como idade, hábito de fumar, consumo de bebida alcoólica, estado civil, nível de atividade física, obesidade, doenças crônicas, entre outros.

“Os resultados mostram que a sarcopenia, sozinha, é um fator de risco de morte para o idoso. A ideia desses novos valores de referência é detectar esse risco o mais precocemente possível”, destacou.

Como evitar a sarcopenia?

Junichiro Sado Junior, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia, destaca que a população está envelhecendo e por isso é cada vez mais comum essa preocupação com a autonomia do idoso e a saúde muscular. “É muito importante que haja essa discussão porque as pessoas precisam se familiarizar com esse conceito. A expectativa de vida está cada ano maior e é preciso envelhecer com qualidade de vida”, diz o médico.

Além disso, o ortopeista ressalta a importância da prevenção e de termos uma reserva muscular para envelhecermos com saúde. “Podemos traçar um paralelo com a osteoporose. Sabendo que isso [sarcopenia] vai acontecer um dia, a pessoa precisa fazer ‘poupança muscular’, assim como faz uma ‘poupança óssea’ para prevenir a osteoporose. É fundamental trabalhar isso desde a juventude para chegar com a maior reserva muscular possível na velhice, principalmente depois dos 40 anos”.

Fonte: Agência Einstein

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