Risco de afogamentos aumentam no verão. Como evitar?

Saúde
05 de Janeiro, 2023
Risco de afogamentos aumentam no verão. Como evitar?

A chegada do verão e das altas temperaturas, somada às férias escolares, combina com passeios na praia, piscina, rios e cachoeiras. Mas é preciso dobrar os cuidados ao brincar na água, pois o risco de afogamentos aumenta. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) de 2020, um brasileiro morre afogado a cada uma hora e meia. Considerando o tempo de exposição, o afogamento tem um risco 200 vezes maior de morte do que acidentes de transporte.

Leia mais: Afogamento em crianças: veja dicas para evitar o acidente

Risco de afogamentos e as consequências

A lesão cerebral por falta de oxigênio geralmente começa após cinco minutos da oxigenação inadequada. Dessa forma, é a principal causa de morte dos afogamentos. Estima-se que cerca de 20% das vítimas não fatais sofrerão danos neurológicos que resultam em sequelas a longo prazo.

“Muitas vítimas de afogamento sofrem lesões neurológicas que limitam a recuperação funcional e podem deixar sequelas permanentes. Cerca de 10 segundos são suficientes para que uma criança fique submersa dentro de uma banheira. Apenas dois minutos são suficientes para que ela perca a consciência. Se ela ficar de quatro a seis minutos submersa, pode ter complicações mais graves e danos permanentes no cérebro”, alertou a neurologista Rejane Macedo, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Essas lesões isquêmicas primárias podem ser reversíveis em crianças que recebem ressuscitação e tratamento adequados, mas também podem deixar sequelas como alteração de memória, distúrbios do movimento, distúrbios de coordenação, entre outros.

“Alguns minutos a mais da falta de tratamento podem evoluir para o coma vegetativo e até para a morte cerebral”, ressaltou Tânia Zamataro, pediatra membro do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e também do Hospital Israelita Albert Einstein.

Água nas vias aéreas

O afogamento geralmente ocorre de forma silenciosa e rápida. Primeiramente, a vítima se debate para tentar manter as vias aéreas fora da água, submerge e emerge várias vezes. Por fim, acaba inspirando o líquido involuntariamente. A água atinge os pulmões, causando o prejuízo imediato das funções respiratórias.

“Ao entrar nos pulmões, independente se for água doce ou salgada, haverá uma mudança na estrutura e nas funções pulmonares. O órgão não conseguirá mais realizar as trocas gasosas de maneira adequada e a diminuição do oxigênio no organismo vai afetar todos os órgãos, incluindo coração e cérebro”, explicou Zamataro.

Segundo o relatório anual da Sobrasa, o tempo dentro de casa aumentou devido à pandemia e ao distanciamento social imposto no período, assim como o maior acesso às áreas de lazer aquático. Por isso, foram registradas mais mortes por afogamento, especialmente entre crianças de 1 a 9 anos. Além disso, o levantamento também mostra que crianças pequenas se afogam mais em piscinas residenciais, enquanto as com mais de 10 anos e os adultos mais em águas naturais, como mar, rios, represas e lagos.

Saiba como prevenir o risco de afogamentos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das mortes por afogamento ocorre em países de média e de baixa renda e poderia ser prevenida com cuidados e atitudes simples. Abaixo, seguem algumas orientações:

  • Não deixe o bebê ou a criança sozinhos na banheira, piscina, ou qualquer reservatório de água nem por um instante;
  • Crianças abaixo de 4 anos ou as maiores que não têm habilidade completa para nadar precisam ficar a um braço de distância de um adulto que esteja dentro da água e que saiba nadar adequadamente;
  • Não deixe baldes, bacias ou outros recipientes com água ao alcance de crianças;
  • Se usar piscinas portáteis, esvazie e então desmonte após o uso;
  • Não deixe nenhum atrativo, como brinquedos, próximo a piscinas, reservatórios ou recipientes com água que possam atrair a criança;
  • Não confie em boias ou outros dispositivos de flutuação que não seja o colete salva-vidas. O colete deixa a criança numa posição com a cabeça e o rosto fora da água;
  • Qualquer transporte ou esporte aquático deve que ser feito com o colete;
  • Não permita que as crianças utilizem objetos de modismo (como caudas de sereia) sem que haja certificação e confirmação de segurança;
  • Não permita que as crianças nadem em piscinas em que não haja proteção nos ralos contra a sucção;
  • Mantenha tampa de vaso sanitário sempre abaixada;
  • Ensine seu filho que não se deve fazer brincadeiras arriscadas na água, como dar caldo ou fingir afogamento, por exemplo;
  • Instale barreiras de acesso com pelo menos 1,5 metro de altura com portão que possa ser fechado;
  • Ensine a criança a nadar.

5 elos para o resgate e sobrevivência

Segundo Zamataro, existe uma “cadeia de sobrevivência” do afogamento. São cinco elos que devem ser feitos para nortear o atendimento do afogado e reduzir o risco de morte ou de sequelas causadas por afogamentos. O primeiro elo é a prevenção (evitar que o afogamento ocorra); o segundo é o reconhecimento do afogado: ao perceber alguém se afogando, peça para alguém ligar 193 (Bombeiros) ou 192 (Samu) para avisar o que está acontecendo, onde é o incidente, quantas pessoas estão envolvidas e pedir ajuda.

Já o terceiro elo é o fornecimento de objeto de flutuação para o afogado, já que a falta de oxigênio é a pior coisa que pode acontecer: “jogue uma boia, corda, galhos, pedaços de isopor, o que for possível para ajudar a pessoa a se manter com a cabeça fora da água”, diz a pediatra.

O quarto elo é a remoção da vítima da água, lembrando que o socorrista deve evitar entrar na água se não for seguro. E o quinto é instituir rapidamente a ventilação boca a boca ou boca-nariz na pessoa que não está respirando. “Fazer isso rapidamente aumenta em 4 vezes a chance de sobrevivência sem sequelas”, frisou Zamataro.

A neurologista Rejane Macedo ressalta que complicações mais graves causadas por edema cerebral e pela elevação da pressão intracraniana às vezes podem ser observadas 24 horas após a lesão, o que mostra a gravidade do problema:

“Muitos dos sobreviventes permanecerão gravemente comprometidos neurologicamente e, consequentemente, serão um grande fardo para sua família e sociedade pelo resto de suas vidas. A educação da comunidade é a chave para a prevenção de afogamentos e suas graves consequências”.

Fonte: Agência Einstein.

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