Retorno da poliomielite: por que há o risco dela voltar no Brasil?
Você sabia que o Brasil está entre os seis países com alto risco para o retorno da poliomielite, também conhecida como paralisia infantil? Ele integra o grupo com Argentina, Bolívia, Equador, Panamá e Paraguai. Em suma, esse cenário mostra-se delicado dessa forma devido a baixa cobertura vacinal brasileira.
De acordo com Claudia Valente, membro do Departamento Científico de Imunização da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, 30% das crianças menores de um ano não estão vacinadas contra o vírus responsável pela paralisia infantil.
Além disso, ainda segundo a especialista, 40% não receberam o reforço dado no primeiro ano de vida bem como 55% não foram protegidos com a dose adicional dada aos quatro anos.
Esses dados preocupantes começaram a surgir em 2016 quando a imunização contra a pólio começou a decair, como explica Eduardo Jorge da Fonseca Lima, secretário do Departamento Científico de Imunizações da SBP. “Em 2021, por exemplo, a cobertura foi em torno de 60%, bem distante dos 95% recomendados”, lembra o especialista.
Atualmente, a poliomielite é endêmica no Afeganistão e Paquistão. Em outras palavras, o vírus responsável pela paralisia infantil circula o ano todo nos dois países, com um volume de casos e óbitos “esperado”. Já outros 33 países apresentaram pequenos surtos da doença nos últimos tempos. Resumidamente, eles pertencem a região do Mediterrâneo Oriental, África e Europa (incluindo Ucrânia e Israel).
Leia mais: Poliomielite: o que é, sintomas e como prevenir a paralisia infantil
Retorno da poliomielite: afinal, como é possível reverter esse quadro?
A única forma de reverter esse quadro em todos os países é por meio da vacinação em massa. Assim, no dia 22 de agosto, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) lançou uma campanha nacional de imunização contra a doença, chamada “Paralisia Infantil – A Ameaça Está de Volta”. Dessa forma, busca-se alcançar a proteção de 95% das crianças menores de cinco anos contra a enfermidade.
Para isso, é preciso que o público infantil esteja com o cartão vacinal atualizado. Assim, o cronograma brasileiro de imunização contra a doença é:
- Três doses da vacina inativada (VIP) aos dois, quatro e seis meses de idade.
- Duas doses de reforço da vacina oral (VOP) ou inativada aos 15 meses e quatro anos.
“Somente pode receber a vacina oral, quem já recebeu três doses da vacina inativada”, reforça Dra. Claudia. A título de curiosidade, a VIP é composta pelos vírus 1, 2 e 3 e é aplicada intramuscular. Já a VOP é feita com os sorotipos 1 e 3, em gotinhas.
Além da imunização infantil, o Ministério da Saúde recomenda o reforço para viajantes adultos que estão indo em destino a países em que a doença é endêmica bem como a outros locais em que há casos da enfermidade.
Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite é prorrogada!
Não há dúvidas de que a maneira efetiva de impedir o retorno da poliomielite no país é por meio da vacinação. Por isso, a Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite e Multivacinação foi prorrogada até o dia 30 de setembro. Anteriormente, ela se encerraria no dia 8.
O objetivo desse período em que os pais podem levar os filhos ao posto de saúde mais próximo se dá porque a campanha não alcançou o seu objetivo. Estimava-se que 95% do público infantil elegível ficasse protegido contra a poliomielite. No entanto, a ação alcançou apenas 34,4% das crianças de 1 ano a menores de cinco.
Fontes:
- Dra. Claudia França Cavalcante Valente, membro do Departamento Científico de Imunização da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia;
- Dr. Eduardo Jorge da Fonseca Lima, secretário do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Referências: