Restrição de proteínas pode ajudar a controlar diabetes e obesidade
Estabelecer uma dieta adequada faz parte do tratamento de pessoas com síndrome metabólica: um conjunto de fatores de risco, como hipertensão, nível elevado de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal em torno da cintura e colesterol alto, que podem levar ao desenvolvimento de diabete e de doenças cardíacas. Por isso, em busca de novas estratégias alimentares para esse grupo, pesquisadores brasileiros e dinamarqueses compararam os efeitos entre a dieta de restrição proteica e a dieta de restrição calórica. “Os resultados do estudo mostram, por fim, que a dieta de restrição de proteínas é eficaz para controlar a diabete e reduzir a obesidade. Além disso, diminuiu os níveis de colesterol, controlou a pressão arterial e auxiliou na redução do peso corporal com perda de gordura e manutenção de músculos”, explica o biomédico Rafael Ferraz Bannitz, doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Bannitz é o primeiro autor do artigo Dietary Protein Restriction Improves Metabolic Dysfunction in Patients with Metabolic Syndrome in a Randomized, Controlled Trial publicado na revista Nutrients.
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Restrição de proteínas: o estudo
O estudo contou com 21 participantes, e os pesquisadores os dividiram em dois grupos. O primeiro adotou uma dieta com restrição de 25% das calorias ideais para cada pessoa. O outro grupo manteve quantidade calórica ideal, entretanto, houve uma redução da quantidade de proteínas para o mínimo recomendado. “No grupo com restrição calórica, tivemos uma concentração de 20% de proteínas, 50% de carboidrato e 30% de gordura. Já o grupo com restrição de proteínas teve 10% de proteínas, 60% de carboidrato e 30% de gordura”, explica Ferraz Bannitz.
Os voluntários eram homens e mulheres, com idade entre 25 e 60 anos, com Índice de Massa Corporal (IMC) que indicava obesidade moderada a grave. O IMC é determinado pela divisão do peso da pessoa pela sua altura ao quadrado. Além disso, todos tinham Diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e níveis elevados de gordura no sangue. Assim, uma equipe do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) da USP ficou responsável por acompanhá-los. Eles tiveram avaliação da pressão arterial, peso, composição corporal, distribuição de gordura, gasto energético basal. Também realizaram outras análises bioquímicas e moleculares, como microbioma intestinal e modificação da expressão de genes do tecido adiposo.
“A característica isocalórica da dieta de restrição proteica torna essa abordagem nutricional mais atraente e menos drástica para ser aplicada em ambientes ambulatoriais e na casa dos pacientes. Além disso, tem potencial para ser usada como terapia auxiliar em pessoas com síndrome metabólica com diabete e obesidade”, aponta o cientista biomédico.
Fonte: Jornal da USP