Primeiro exame de sangue que pode avaliar risco de Alzheimer chega ao Brasil

Saúde
10 de Maio, 2022
Primeiro exame de sangue que pode avaliar risco de Alzheimer chega ao Brasil

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que causa deterioração das funções cerebrais, como perda de memória e da linguagem. A idade é um grande fator de risco para desenvolver a doença. A novidade é que chegou ao Brasil o primeiro exame de sangue para detectar o risco de Alzheimer. Ele busca traços da proteína beta-amiloide, que se acumula no cérebro de quem tem a doença. A proteína é o principal biomarcador da doença de Alzheimer. Entenda melhor como funciona.

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Primeiro exame de sangue para Alzheimer

Aprovado nos Estados Unidos há cerca de um mês, o primeiro exame de sangue que avalia o risco de Alzheimer foi trazido ao Brasil pela Dasa. Por enquanto, pessoas com comprometimento cognitivo leve, com suspeita de demência têm indicação para realizá-lo.

Cerca de um terço dos indivíduos nessa situação – em geral idosos que apresentam pequenos esquecimentos, dificuldade de concentração e outros lapsos – progridem para o Alzheimer.

Apesar do exame não ser responsável pelo diagnóstico final, ele pode colaborar na conduta médica de casos duvidosos e evitar a realização da punção lombar para coleta do líquor, um exame invasivo usado para estimar os níveis das placas amiloides. O teste necessita prescrição médica e custa cerca de R$1,5 mil. Por enquanto, os convênios ainda não cobrem o procedimento.

Como é feito (e para que serve) o exame

O primeiro exame de sangue que chegou ao Brasil segue um raciocínio que tem norteado as pesquisas em análises clínicas: substituir procedimentos mais complexos por métodos menos invasivos. É o caso, por exemplo, da biópsia líquida, que pode ajudar a flagrar recidivas de câncer ao rastrear fragmentos de DNA tumoral.

A tecnologia do exame que chega agora é a espectrometria de massas, uma evolução tecnológica disponível há alguns anos que permite enxergar moléculas em pequena concentração no sangue ou em outras amostras biológicas.

No caso do Alzheimer, a máquina detecta duas frações da proteína beta-amiloide e, em seguida, calcula a razão entre elas. Outras moléculas, como a proteína TAU, também estão envolvidas na progressão da doença.

Mas vale reforçar que o exame não confirma o diagnóstico. Além disso, saber da presença dessas proteínas, apesar de ser um forte indicativo da doença, não responde todas as dúvidas sobre a doença.

Afinal, o primeiro exame de sangue realmente funciona?

Em uma das pesquisas conduzidas com a nova metodologia, uma série comparativa com dados de mais de 200 pacientes demonstrou uma sensibilidade de 71% em flagrar indivíduos com alterações no PET-Scan, um tipo de tomografia usado para confirmar o diagnóstico de Alzheimer. Isso significa que, a cada 100 indivíduos com o cérebro comprometido pela doença, 71 seriam encontrados pelo exame.

Os resultados detalhados do estudo serão apresentados em julho, no congresso internacional da Alzheimer’s Association (AAIC), que ocorre na Califórnia.

Como é feito o diagnóstico do Alzheimer hoje

Em geral, quando o médico vai diagnosticar grande parte dos casos de Alzheimer, avalia os sintomas, como declínio da memória recente ou outros problemas cognitivos.

A partir das queixas, o médico especialista (neurologista, psiquiatra ou geriatra) realiza testes cognitivos para averiguar o grau de comprometimento, além de outros, como a ressonância magnética ou tomografia, bem como exames de sangue que vão descartar outras alterações não-neurológicas relacionadas à memória.

Em alguns casos, quando ainda restam dúvidas, o profissional pode pedir exames mais complexos, como a análise do líquor ou a tomografia PET-CT, que avalia o metabolismo do cérebro. Existe um tipo de tomo ainda que marca as proteínas beta-amiloide, mas só duas máquinas no país realizam o procedimento.

Fonte: Revista Veja Saúde e Alzheimer’s Disease International.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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