Parto prematuro terapêutico: entenda quando ele é indicado

Gravidez e maternidade Saúde
13 de Janeiro, 2022
Parto prematuro terapêutico: entenda quando ele é indicado

A novela “Um Lugar ao Sol”, em exibição na TV Globo, traz o dilema da personagem Ilana (Mariana Lima) que, grávida de gêmeas, é informada por sua médica que uma das bebês não tem espaço para crescer, sendo indicado um parto prematuro. Assim, a ação é a única chance de salvar a bebê. Porém, coloca em risco a vida da outra criança, que está crescendo saudável. Na trama, a personagem decide pelo parto antecipado, mas desiste no dia da cirurgia. No entanto, pouco tempo depois, ela entra em trabalho de parto, precisa ser submetida a uma cesariana de emergência e uma bebê não resiste. O ginecologista e obstetra Adriano Paião, que também é conselheiro científico da ONG Prematuridade.com, explica que o caso abordado na novela é denominado como “parto prematuro terapêutico”.

Em outras palavras, ele é decorrente de indicação médica para o nascimento antes de 37 semanas de gravidez, devido a complicações como doenças maternas ou fetais. Segundo dados de 2014 publicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), esse tipo de prematuridade é responsável por 20% a 40% dos partos prematuros no mundo.

Leia também: Parto prematuro: Principais causas e possíveis consequências

Pressão alta e parto prematuro

“Uma das principais complicações que leva à interrupção da gestação por indicação médica antes do tempo ideal, é a hipertensão (pressão alta)”, ressalta Paião. Dados do Boletim Epidemiológico publicado pelo Ministério da Saúde em maio de 2020 mostraram que a hipertensão foi a principal causa direta de morte materna dos óbitos ocorridos entre 1996 e 2018.

O médico fala que, quando a pressão está alta, provoca um esforço maior do coração para que o sangue seja distribuído corretamente pelo corpo. “Por isso, é de extrema importância que a gestante faça a aferição dos níveis pressóricos a cada consulta médica”, salienta.

A pré-eclâmpsia ocorre pelo aumento da pressão arterial (igual ou maior que 140 x 90 mmHg), após a vigésima semana, associada à lesão de algum órgão alvo. Como os rins, fígado, cérebro, coração, entre outros. “É mais comum nos extremos de idade e na primeira gravidez”, pontua. “Para retardar o nascimento e evitar os efeitos da prematuridade, é possível manter a gestação até fases mais avançadas com uso de anti-hipertensivos. O controle deve ser mantido até 42 dias após o parto, pois as substâncias liberadas na placenta e que elevam a pressão arterial demoram a serem metabolizadas”, acrescenta.

Especialistas apontam um aumento da prematuridade terapêutica em várias regiões do mundo nas últimas décadas. “A questão pode estar associada com o aumento das doenças maternas crônico-degenerativas. Como a hipertensão, diabetes, síndrome metabólica, entre outras. Além disso, o perfil materno tem mudado, com a mulher engravidando mais tarde e com mais problemas de saúde. A obesidade, estresse, o consumo de álcool e fumo são outros fatores que contribuem para complicações durante a gravidez e que, por vezes levam à necessidade do parto prematuro terapêutico”, salienta Paião.

Covid e parto prematuro terapêutico

O médico fala que não é possível afirmar que a Covid-19 tem relação com a prematuridade. No entanto, o vírus aumentou a prematuridade terapêutica. “Pacientes com o vírus e que necessitem ser entubadas podem ter a recomendação médica do parto prematuro terapêutico”, diz.

Prevenção

Dependendo do grau de imaturidade, o recém-nascido precisará de tratamento, geralmente na UTI neonatal, para diminuir ao máximo a possibilidade de sequelas. “Esse é o grande problema da prematuridade. Por isso, a prevenção é fundamental para evitar as sequelas, que podem impactar não só na idade infantil, mas até na fase adulta”, destaca.

Assim, o conselheiro científico da ONG Prematuridade.com pontua que é de extrema importância esclarecer e conscientizar as gestantes sobre os fatores relacionados à questão “É muito importante que haja um trabalho de prevenção em unidades primárias ou secundárias de saúde, com esclarecimentos e uma abordagem criteriosa para identificar precocemente o risco de complicações e promover intervenções para evitá-las”, ressalta. “E, para as mulheres, conversem com o ginecologista antes mesmo de engravidar. Ele poderá lhe dar conselhos muito úteis para que você inicie a gravidez de maneira saudável e evite um parto antes da hora”, conclui.

Fonte: Adriano Paião, ginecologista, obstetra e conselheiro científico da ONG Prematuridade.com.

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