Homem injeta óleo para aumentar os músculos e sofre reação
Há 15 anos, o vendedor Henrique Ferreira (39), morador de João Pessoa, decidiu apostar em um procedimento com o intuito de melhorar a sua autoestima: injeções de óleo mineral para aumentar os músculos das pernas (panturrilha e coxa) e do tórax. Contudo, e depois de muito tempo (em 2022), seu corpo rejeitou o material, e agora ele luta para realizar uma cirurgia de correção.
Ao Jornal da Paraíba, ele explicou que o método foi executado por um amigo que conheceu na academia onde treinava na época. O objetivo era ficar com uma aparência mais musculosa. “Fiz quando era mais jovem, com consentimento e por um amigo da academia”, disse ao portal.
Não demorou muito tempo para Henrique perceber que seu organismo estava rejeitando a substância — os sintomas incluíam inchaço (especialmente no tórax), dores e vermelhidão. Desde então, ele tenta conseguir uma cirurgia de correção.
“Não uso mais camiseta, não fico sem camisa em nenhum lugar, autoestima muito baixa”, contou.
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Óleo mineral para aumentar os músculos
De acordo com um estudo de caso publicado em 2016 na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, esse procedimento não é novo. Na verdade, ele vem sendo utilizado há décadas por praticantes de musculação para aumentar e definir o contorno corporal.
Contudo, ele é bastante controverso justamente pelo risco de complicações locais e sistêmicas que gera, especialmente se executado por não médicos. “Desfiguração, migração errática, tumorações, lesões granulomatosas e esclerosantes, ulcerações, patologias pulmonares e casos graves como embolia pulmonar e morte são amplamente descritos na Literatura”, cita o artigo.
Os autores explicam que as injeções de substâncias oleosas por via intramuscular (isto é, profundamente no tecido muscular) causam um aumento de volume na região. Contudo, esse aumento não acontece por conta da hipertrofia muscular ou de qualquer evento fisiológico, tendo apenas um efeito cosmético duvidoso, já que o resultado pode não ficar tão natural.
“O volume injetado ocupa um espaço no local de aplicação, dentro do ventre muscular ou no tecido subcutâneo adjacente, não sendo absorvido pelo organismo e resultando em uma reação de corpo estranho.”
As sequelas, segundo o estudo, podem ser irreversíveis, o paciente pode desenvolver transtornos psiquiátricos por conta delas e o tratamento é complexo e limitado. É por isso que “a conscientização e a atuação das entidades de classes médicas e sanitárias torna-se fundamental na profilaxia e controle deste problema”, finalizam os pesquisadores.
Referência: Complicações de autoinjeção de agentes químicos para aumento muscular, Revista Brasileira de Cirurgia Plástica.