Obesidade e vacina de Covid-19: Relação com a queda da resposta imune

Saúde
03 de Agosto, 2022
Obesidade e vacina de Covid-19: Relação com a queda da resposta imune

A obesidade é uma das comorbidades que estão associadas ao desenvolvimento das formas graves de Covid-19, independente de outros fatores de risco. Ela está ao lado de diabetes, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, entre outras. Agora, um novo estudo feito com mais de 3,5 milhões de pessoas sugere que a vacina contra a Covid-19 tem a eficácia dos anticorpos neutralizantes reduzida após 6 meses em pessoas com obesidade grave. Tal quadro aumenta os riscos de infecções de escape e ressalta a necessidade de doses de reforço ou vacinação mais frequente entre essas pessoas.

O estudo foi feito pela Universidade de Edimburgo, na Escócia. Nele, primeiramente, avaliou a relação entre índice de massa corporal (IMC), hospitalização e mortalidade entre 3,5 milhões de pessoas (sendo cerca de 650 mil delas com obesidade). Aqueles com obesidade grave (IMC > 40 kg/m2) que tinham ao menos duas doses da vacina foram significativamente mais propensos a ficarem no hospital ou morrerem de Covid-19. Além disso, o risco aumentou com o tempo desde a vacinação.

Os pesquisadores então fizeram um estudo prospectivo da resposta imune em uma coorte clínica de pessoas vacinadas com obesidade grave. E constataram que, em comparação com as pessoas de peso normal, seis meses após a segunda dose da vacina, os anticorpos neutralizantes estavam reduzidos no público com obesidade grave ou moderada. Ainda de acordo com o estudo, a capacidade de neutralização foi restaurada por uma terceira dose de vacina. Entretanto, novamente diminuiu mais rapidamente em pessoas com obesidade grave.

Obesidade e vacina de Covid-19: Outros resultados

O estudo demonstrou ainda que as infecções de escape ocorreram mais cedo quanto maior o grau de obesidade. Isto é: cerca de 10 semanas após a segunda ou terceira dose da vacina em pessoas com obesidade grave; 15 semanas em pessoas obesas e 20 semanas naqueles com peso adequado. Segundo a pesquisa, a proteção da vacina diminuiu mais rapidamente à medida que o IMC aumentou.

Como a imunidade adquirida pela vacinação normalmente declina entre seis e nove meses após a segunda dose, muitos países optaram pela aplicação das doses de reforço. Isso aconteceu especialmente para os idosos e imunossuprimidos. O Brasil foi um deles, que atualmente está vacinando a população com mais de 30 anos com a quarta dose da vacina contra o SARS-CoV-2.

“Sabemos que a obesidade é considerada como fator de risco para o desfecho desfavorável da Covid-19. Ela está possivelmente associada a algumas causas como estado pró inflamatório e desequilíbrio hormonal. Isso leva ao prejuízo da resposta celular, capacidade funcional pulmonar reduzida, alta carga viral e tempo prolongado de transmissão viral. E, por isso, reiteramos a importância da vacinação e dos reforços na população com fatores de risco para evolução desfavorável da doença, como os imunossuprimidos e idosos”, ressaltou a infectologista Priscilla Yoshiko Sawada, do Hospital Israelita Albert Einstein de Goiânia.

Leia também: Obesidade: o que é, tipos, tratamento e prevenção

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Vacinar é importante

Segundo Priscilla, o teste de anticorpos neutralizantes tem como objetivo analisar, de forma qualitativa (se há a presença) e quantitativa, os anticorpos responsáveis por impedir a ligação do vírus ao receptor das nossas células. “Apesar de o estudo demonstrar que houve redução maior dos anticorpos neutralizantes na população obesa de forma mais precoce comparada às demais, sabemos que um resultado considerado não reagente para anticorpos neutralizantes [abaixo do  limite estabelecido pelo laboratório] não necessariamente indica ausência de resposta à vacina, uma vez que os testes não são capazes de avaliar a função dos anticorpos existentes e também não se sabe o valor considerado ideal para proteção”, afirmou.

Vale ressaltar também que a resposta às vacinas não depende apenas da imunidade humoral (aquela dependente de anticorpos). Na verdade, é preciso levar em conta também a imunidade celular (para o qual não dispomos de testes para análise). “Ainda assim, esse é um estudo interessante pois avalia de forma objetiva a durabilidade dos anticorpos pós vacinação”, completou.

Fonte: Agência Einstein

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