Novas diretrizes da OMS sobre a introdução alimentar: o que muda?

Gravidez e maternidade Saúde
14 de Novembro, 2023
Novas diretrizes da OMS sobre a introdução alimentar: o que muda?

A introdução alimentar sempre foi um tema que gera muitas dúvidas nos pais. Não à toa, no TikTok, a hashtag introdução alimentar soma mais de 165 milhões de visualizações. Contudo, em outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reformulou o guia sobre a alimentação de crianças entre 6 meses e 2 anos de idade. O documento contempla uma diretrizes importantes para o desenvolvimento saudável e pode ajudar os mais nessa tarefa. A seguir, saiba o que muda com as novas orientações da OMS.

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Novas diretrizes sobre introdução alimentar: O que muda? 

Fórmula é contraindicada para bebês com 1 ano de idade ou mais

Uma grande mudança abordada pelo guia é a contraindicação de fórmulas para bebês a partir de 1 ano. Agora, a orientação é introduzir o leite de origem animal. “Entende-se que, a partir de 1 ano, o bebê já possui uma alimentação mais rica em nutrientes e, por isso, não precisa mais das fórmulas e deve consumir o leite de origem animal. No entanto, não é para substituir o leite materno pelo leite de vaca. A orientação é para as mães que já fizeram o desmame”, diz a nutricionista Franciele Loss.

Outro ponto ressaltado pela especialista é que os derivados do leite também devem ser ofertados ainda na janela da introdução alimentar, como queijos e iogurtes naturais. 

Suplementação é uma alternativa 

A nova diretriz também menciona a necessidade de suplementação de crianças em situações em que a carência nutricional foi identificada em atendimento médico. Mas vale reforçar que a reposição de nutrientes não exclui a necessidade do leite materno até os 6 meses de vida e demais cuidados com a alimentação saudável na introdução alimentar. 

A diretriz recomenda ainda a suplementação de ferro para bebês prematuros alimentados com leite humano ou com baixo peso ao nascer que não estejam recebendo ferro de outra fonte. 

Doces e alimentos industrializados

Embora esse tópico também não seja novidades para os pais, o novo documento também alerta sobre os riscos da ingestão de açúcar, que pode aumentar as chances de obesidade infantil, diabetes e o aparecimento de cáries. Além disso, industrializados contém aditivos químicos e conservantes que podem ter efeitos negativos na saúde das crianças, como refrigerantes e sucos de caixinha ou lata.

Por outro lado, alimentos embutidos ou ultraprocessados levam muitos ingredientes que não fazem bem para a saúde dos bebês, como sal, açúcar, óleos, gorduras e aditivos alimentares (corantes artificiais, conservantes, adoçantes, aromatizantes, realçadores de sabor). Portanto, esses itens não devem entrar na alimentação do bebê.

Sucos naturais

Certamente, o tópico que causou mais tumulto entre as mães, foi referente a oferta de sucos in natura. “Em um determinado ponto do guia, aparece que os sucos in natura, aqueles feitos de 100% da fruta, devem ser ofertados de forma limitada. E como o guia é feito para crianças de 6 meses a 2 anos, muitos interpretaram que o suco pode ser ofertado a partir dos 6 meses, pois não escreveram de forma explicita que é preciso aguardar o primeiro ano de vida, como orienta a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria”, explica Franciele.

A nutricionista diz ainda que, na nova cartilha da OMS, o suco consta em uma coluna de alimentos considerados não saudáveis por ser considerada uma bebida açucarada, que pode prejudicar a aceitação da água pura, que é muito mais importante para a criança.

“Muitos adultos não têm hábito de tomar água porque cresceram tomando suco, chás ou qualquer outro líquido saborizado. Além disso, suco em excesso pode levar a obesidade na vida adulta, diabetes, entre outros problemas, sem contar que ocupa um espaço gástrico do bebê que deveria ser ocupado pelo leite materno. Com sucos, o bebê acaba também recusando a ingestão de fruta, porque é mais fácil beber o líquido, que não tem textura”, pontua Franciele.

Novas diretrizes sobre introdução alimentar: O que permanece igual 

Amamentação permanece sendo a melhor opção para os bebês (e permanece até os 2 anos ou mais)

O leite materno é considerado o melhor alimento do mundo. A sua composição única permite que o bebê tenha nutrição da melhor forma e ainda desfrute de proteção contra infecções, prevenção de alergias, diminuir os riscos de doenças crônicas e até redução do risco de câncer. Portanto, o leite pode evitar uma série de condições de saúde e permanece sendo a opção indicada pela OMS. 

Vale ressaltar que, por ser um alimento completo, o bebê que recebe o leite materno não precisa de água, fórmula, outros leites, chás ou sucos. Portanto, só após os 6 meses, deve-se iniciar a alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais.

Além dessas vantagens, o leite materno aumenta o vínculo entre a mãe e o bebê. Essa relação pode se tornar mais forte. Durante as mamadas, o organismo da mulher produz ocitocina, o famoso ‘hormônio do amor’. Desse modo, a mãe sente cada vez mais afeto pelo pequeno.

A introdução alimentar deve começar somente aos 6 meses de vida

Os pequenos devem se alimentar apenas do leite materno até os seis meses de idade, segundo a OMS. A partir desse período, os pais devem realizar a introdução alimentar, fase em que a alimentação começa a incorporar outros alimentos.

Além da necessidade de incluir mais nutrientes a partir do sexto mês de vida, o corpo do pequeno também já está mais preparado nesta fase para a mudança da sua alimentação. Por exemplo, ele já consegue sentar, sustentar a cabeça e o tronco, além de ter mais reflexo para engolir (evitando o engasgo) bem como seu estômago mostra-se mais maduro.

Por fim, o guia reforça também que a introdução alimentar aconteça, estritamente, a partir dos seis meses. Antes disso, nenhum outro alimento ao leite materno deve ser ofertado, como leite ou água. Portanto, Franciele pontua que os alimentos potenciais alergênicos (frutos do mar, nozes e soja) também devem ser oferecidos nessa janela.

Dieta variada

As crianças, assim como os adultos, precisam de uma alimentação variada e saudável. Por isso, o novo guia aborda a importância de oferecer os diferentes grupos de alimentos para os bebês.

“Começar a introdução alimentar apenas com frutas é uma ideia totalmente ultrapassada. Os bebês precisam dos três grupos alimentares: os de origem animal, o de frutas e legumes, e por fim, das leguminosas, nozes e sementes. Não é necessário ofertar os três grupos ao mesmo tempo, em todas as refeições. Mas certifique-se de que, pelo menos um desses seja oferecido a cada refeição do bebê”, menciona Loss.

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Fonte: Franciele Loss, nutricionista e especialista em Nutrição Materno Infantil há 8 anos. 

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