Estudo aponta molécula que detecta diabetes antes dos sintomas

Saúde
18 de Agosto, 2022
Estudo aponta molécula que detecta diabetes antes dos sintomas

Um estudo publicado na revista científica Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism chamou atenção da imprensa ao revelar a possibilidade de identificar o diabetes antes mesmo dos sintomas aparecerem. O estudo mapeou uma molécula que detecta diabetes de forma precoce, o 1,5-anidroglucitol.

Essa pequena molécula seria capaz de mostrar previamente que algo não vai bem com o pâncreas. “Essa substância já era conhecida e utilizada há alguns anos para avaliar o controle do diabetes. Mas como marcador para fazer o diagnóstico é uma novidade”, conta Denis Paiva Ferraz, coordenador do departamento de Síndrome Metabólica da Sociedade Brasileira de Diabetes.

Entendendo o estudo

O diagnóstico precoce do diabetes pode salvar vidas, especialmente no tipo 2 da condição, que geralmente aparece de forma silenciosa. Isso porque muitos pacientes não sentem os sintomas e podem viver anos com a glicemia descompensada. Esse quadro pode levar a sérias complicações de saúde, como alterações nos olhos, coração, rins e outros órgãos.

“A possibilidade de ter uma molécula que faça o diagnóstico através de um simples exame de sangue, dispensando o teste oral de tolerância à glicose, além de pegar a doença na fase inicial é importante para evitar as complicações, quanto para fazer a prevenção”, conta Denis.

Pensando nisso, os pesquisadores da Universidade de Genebra desenvolveram o estudo Circulating 1,5-Anhydroglucitol as a Biomarker of ß-cell Mass Independent of a Diabetes Phenotype in Human Subjects que se propôs a mapear a molécula 1,5-anidroglucitol.

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O que é o 1,5-anidroglucitol, a molécula que detecta diabetes?

De acordo com o estudo, o 1,5-anidroglucitol foi identificada em ratos como um importante marcador do funcionamento das células ß, que são responsáveis por produzir a insulina no pâncreas. Esse hormônio é responsável por levar o açúcar para dentro das células e quando há falta ou resistência à sua ação no corpo, há o quadro de diabetes.

Posteriormente, os pesquisadores avaliaram em humanos a presença do 1,5-anidroglucitol e os resultados mostraram a diminuição da substância em quem tem a condição. “É uma molécula conhecida há muitos anos, mas o papel marcador de insuficiência do pâncreas e de diabetes é novo”, conta o especialista. “Hoje a utilizamos para avaliar o controle da glicemia em alguns casos especiais, como durante a gestação.”

O estudo avaliou a presença da substância em pessoas com diabetes tipo 2, indivíduos considerados de alto risco para desenvolver a condição, bem como grupo de pacientes sem histórico da doença que iam ser submetidos a duodenopancreatectomia (cirurgia para retirada parcial do pâncreas). Até o momento o estudo foi feito somente para diabetes tipo 2. Mas, de acordo com Denis, nada impede que no futuro o mesmo racional seja aplicado para o tipo 1 da doença, que é autoimune.

Leia mais: Afinal, o que é o diabetes?

Desafios pela frente

De acordo com o endocrinologista, o estudo abre um novo caminho para o diagnóstico, mas ainda há o desafio do custo. “Esse exame já está disponível no Brasil há algum tempo, mas o custo não é tão acessível. Esperamos que o uso maior do teste promova um preço menor e aumente a acessibilidade do exame”, reforça Denis.

Fonte: Denis Paiva Ferraz, coordenador do departamento de Síndrome Metabólica da Sociedade Brasileira de Diabetes

Sobre o autor

Beatriz Libonati
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em diabetes e obesidade.

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