Mitos e verdades sobre os medicamentos genéricos

Saúde
15 de Setembro, 2022
Mitos e verdades sobre os medicamentos genéricos

Ao ir à farmácia, nem sempre é possível encontrar o mesmo remédio que está descrito na receita médica. Com isso, diversas outras opções podem ficar à disposição para substituir o medicamento necessário, entre elas, as versões genéricas. No entanto, esse tipo de medicação ainda levanta dúvidas, por isso, separamos mitos e verdades sobre os genéricos. 

Em 2013, uma projeção da PWC, empresa de consultoria e auditoria global, já indicava que, em 2020, a receita de medicamentos patenteados seria menor do que a dos genéricos: 8,8 bilhões contra 15,8 bilhões.⁴

A farmacêutica Thaís Pimentel Silva de Araújo explica que os medicamentos genéricos estão presentes no Brasil há mais de 20 anos. De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP)³, no contexto internacional, esses remédios estão presentes desde a década de 60. 

“Por serem mais baratos que os medicamentos de marca, os genéricos ampliaram o acesso a medicamentos. Trazendo mais qualidade de vida a população, quando utilizados conforme prescrição médica e orientação farmacêutica”, afirma. 

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Mitos e verdades sobre os genéricos 

A composição do remédio original para o genérico é a mesma

Verdade. Uma das maiores dúvidas é se os remédios originais e os genéricos são iguais. Ambos têm as mesmas características e produzem no organismo os mesmos efeitos, como explica Ana Carolina Ralph, professora do curso de farmácia da Estácio. Em resumo, a mudança que acontece está no nome comercial. 

“O genérico e o original possuem o mesmo princípio ativo, ou seja, a mesma molécula responsável pelo efeito do medicamento. Mas podem variar em relação aos outros componentes da fórmula, desde que, após os testes em laboratório, ambos os medicamentos (original e genérico) possuam o mesmo fármaco, a mesma dosagem, mesma forma farmacêutica, a mesma eficácia e a mesma segurança”, explica. 

Iniciar um tratamento com remédio original e mudar para genérico faz mal 

Mito. Como citado acima, a troca não oferece nenhum risco, pois a eficácia e segurança são as mesmas.¹ Todos os remédios são analisados em ensaios laboratoriais específicos, chamados de bioequivalência e equivalência farmacêutica. 

Ralph relembra que os medicamentos genéricos passam por rigorosos testes de qualidade antes de terem seu registro e comercialização autorizados. Thaís Pimentel Silva de Araújo explica que, no entanto, a troca entre genéricos de laboratórios diferentes não deve ser realizada. 

“Nos casos de tratamentos para doenças que requerem um controle muito rigoroso, como ajustes finos de dose (como anticonvulsivantes, anticoagulantes…), deve-se redobrar a atenção na troca entre marca e genérico. Sendo recomendado discutir a possibilidade da intercambialidade com o médico e o farmacêutico”, diz. 

O medicamento genérico é confiável

Verdade. Os genéricos são muito confiáveis e seguros. Araújo relembra que os medicamentos genéricos foram estabelecidos pela Lei Nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, estando a mais de 20 anos presente na vida dos brasileiros. 

“É importante não confundir o medicamento genérico com os medicamentos similares. Apenas os medicamentos genéricos contêm em sua embalagem, logo abaixo do nome do princípio ativo que o identifica, a frase ‘medicamento genérico – Lei 9.787/99’. Os demais medicamentos não possuem essa identificação”, alerta Ana Carolina Ralph. 

Os medicamentos genéricos são mais baratos por serem menos eficazes

Mito. A eficácia é a mesma de um remédio original. Os genéricos são mais baratos pois só podem ser produzidos depois que a patente do medicamento original vence. Ou seja, os genéricos não precisam de publicidade e propaganda, fator que encarece os medicamentos originais. Logo, são mais baratos.²

Não é preciso de receita médica para comprar o medicamento

Mito em partes. Para evitar qualquer problema com a automedicação, todo medicamento deve ser consumido sob prescrição médica. No entanto, Ralph afirma que também existem medicamentos de venda livre, chamados de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), que podem ser adquiridos sem prescrição ou receita médica devido às suas segurança e eficácia, desde que utilizados conforme as orientações das bulas e rotulagens. Assim, existem medicamentos genéricos no mercado que fazem parte da lista dos MIPs.

A automedicação com genérico é perigosa

Verdade. Isso vale não só para os genéricos, mas para qualquer remédio. O uso incorreto de medicamentos pode agravar doenças crônicas, gerar reações alérgicas ou dependência, piorar situações virais e até mesmo levar à morte. 

“Se o remédio for antibiótico, a atenção deve ser sempre redobrada, pois o uso abusivo destes produtos pode facilitar o aumento da resistência de micro-organismos, o que compromete a eficácia dos tratamentos”, conta Ralph. Ela ainda ressalta que não se deve combinar esses medicamentos de forma inadequada, afinal, o uso de um remédio pode anular o efeito de outro.

Os medicamentos genéricos podem ter textura e aparência diferentes 

Verdade.  Por fim, Ana Carolina Ralph conta que a bioequivalência e o teste de equivalência farmacêutica não proíbem a indústria farmacêutica de adicionar adjuvantes diferentes na formulação. Portanto, pode haver mudança de gosto, textura e aroma. Todos esses pontos apenas ajudam a deixar o medicamento mais palatável. 

Fontes: Ana Carolina Ralph, professora do curso de Farmácia da Estácio; Thaís Pimentel Silva de Araújo, farmacêutica.

Referências: 

1. MEDLEY. Mitos e verdades sobre os genéricos. Disponível em: https://www.medley.com.br/blog/saude-fisica/mitos-e-verdades-sobre-genericos; Acesso em: 10 de agosto de 2022.

2. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Medicamentos genéricos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/medicamentos-genericos-4/; Acesso em: 10 de agosto de 2022.  

3. LIVROS DO CREMESP. Manual dos medicamentos genéricos. Disponível em: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Publicacoes&acao=detalhes_capitulos&cod_capitulo=67; Acesso em: 10 de agosto de 2022. 

4. PRINCEWATERHOUSECOOPERS. The pharmaceutical industry in Brazil. Brazil, pág 8. 2013. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/publicacoes/setores-atividade/assets/saude/pharma-13-ingles.pdf; Acesso em: 10 de agosto de 2022. 

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