Miosite: o que é, causas, sintomas e como tratar

Saúde
19 de Maio, 2022
Miosite: o que é, causas, sintomas e como tratar

Miosite é o nome para inflamações musculares e pode se manifestar por diversas razões. Inclusive, alguns tipos atingem órgãos e articulações. Os sintomas vão além da dor e da fraqueza muscular progressiva e podem aparecer manchas na pele, febre e outras manifestações clínicas.

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Causas

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, a miosite tem um conjunto de causas que precisa de investigação para o diagnóstico correto. Por exemplo:

  • Traumas na região dolorida e excesso de atividade física.
  • Infecções em geral, como gripe, dengue e Covid-19.
  • Câncer e uso de medicamentos.
  • Doenças autoimunes e hereditariedade.

Tipos de miosite e sintomas

A miosite é classificada de acordo com sua possível origem e sintomas que caracterizam a inflamação muscular. Veja as principais.

Dermatomiosite (DM)

Atinge principalmente o gênero feminino, tanto crianças como adultos. Segundo a associação Miosites Brasil, a proporção é de 2 a 3 mulheres para 1 homem. Como sintomas, apresenta manchas específicas na pele, que os profissionais chamam de heliótropo, localizado ao redor das pálpebras com possível inchaço na região; e sinal de Gottron, que são manchas nas juntas dos dedos das mãos, joelhos ou cotovelos.

Além disso, o indivíduo pode ter marcas avermelhadas em outras partes do corpo, fraqueza muscular generalizada e dificuldade para engolir. Por fim, um diagnóstico mais apurado pode identificar inflamação de outros órgãos — pulmões, coração, intestino, articulações etc.

Poliomiosite (PM)

​Mais comum entre mulheres de 40 e 55 anos, a poliomiosite afeta os músculos e outros órgãos, mas não apresenta sinais na pele. A princípio, a pessoa sente fraqueza muscular para realizar atividades do dia a dia, como levantar um objeto, pentear os cabelos, lavar louça, subir escadas e caminhar rapidamente. Tal fraqueza atinge ambos os lados do corpo, e evolui até comprometer completamente a mobilidade. Por exemplo, a falta de tratamento pode gerar problemas ao sustentar a cabeça em uma posição, dificuldade para engolir, respirar e ficar de pé sem ajuda.

Síndrome antissintetase (SAS)

Predominante entre pessoas de 40 a 60 anos, tem como sintomas a fraqueza dos músculos que evolui ao longo do tempo, e pode atingir articulações e pulmões. Outro sinal desse tipo de miosite é a febre, que surge logo nos primeiros estágios da enfermidade. Também é comum a mudança de cor das mãos, que tornam-se pálidas, arroxeadas e descamadas.

Miosite juvenil (MJ)

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a MJ afeta crianças e adolescentes até os 16 anos, sobretudo do sexo feminino. Dificuldade para falar (voz fraca), dificuldade para engolir alimentos, inchaço nas articulações, manchas na pele e dificuldade em subir escadas, levantar os braços e fraqueza nos músculos próximos ao tronco são alguns sinais da doença.

Miopatia necrosante imunomediada (MNIM)

Com sintomas semelhantes das demais miosites — fraqueza muscular, redução da mobilidade e, em alguns casos, manchas avermelhadas na pele — esse tipo está relacionada a possíveis doenças autoimunes. Outra diferença é o quadro de progressão, que é mais rápido do que as outras miosites: em apenas algumas semanas, os sintomas podem debilitar a pessoa até deixá-la acamada.

Miosite por Corpos de Inclusão (MCI)

As principais vítimas dessa miosite são homens com mais de 50 anos. Embora o estágio de evolução seja lento, o diagnóstico é tardio porque o paciente pode demorar a buscar auxílio médico. Por sua vez, os alvos são os músculos dos antebraços e coxas, que levam à dificuldade dos movimentos que exigem esses grupos. A disfagia, ou dificuldade em engolir, aperto de mãos frouxo, dificuldade em se manter de pé também acompanham o indivíduo.

Diagnóstico

Antes de mais nada, é importante buscar um médico reumatologista para auxiliar no diagnóstico correto. Afinal, a miosite é uma doença comumente confundida com outras. Como resultado, os sintomas evoluem e as chances de controle dos sintomas são reduzidas. No decorrer da consulta, o médico faz a anamnese, com perguntas sobre o histórico de doenças da pessoa, queixas e estilo de vida. Então, o especialista faz diversos exames de toque e observa o paciente em detalhes. Contudo, exames laboratoriais e de imagem são essenciais quando o diagnóstico torna-se suspeito para outras doenças.

Exames para miosite

  • Eletromiografia: consiste na inserção de uma agulha fina com eletrodos até o músculo. Nesse exame, mede-se o padrão da atividade muscular durante o relaxamento e a contração.
  • Laboratoriais (de sangue): a coleta de sangue identifica os anticorpos e níveis de creatina quinase e aldolase, ambas enzimas presentes nos músculos.
  • Biópsia: quando necessário, retira-se um pequena amostra de pele ou músculo para avaliar possíveis lesões e características específicas de alguns tipos de miosite.
  • Ressonância magnética: ajuda a identificar os pontos de inflamação muscular e articular.
  • Raio-X: solicitado quando há suspeita de miosite nos pulmões.

Tratamento

A linha de cuidados dependerá do tipo e estágio da miosite. À primeira vista, o médico recomenda:

  • Fisioterapia para a reabilitação dos movimentos; e sessões de fonoaudiologia com exercícios para a readequação da fala e da deglutição.
  • Uso de medicamentos como os corticoesteroides (prednisona, por exemplo).
  • Consumo de suplementos alimentares que ajudam na recuperação muscular.

Exercícios para miosite

Com o controle dos sintomas e a melhoria do quadro, a atividade física deve fazer parte da rotina. Vale dizer que o exercício precisa de acompanhamento profissional, sobretudo para os treinos se adequarem às limitações da pessoa. Veja algumas modalidades que apresentam ótimos benefícios à saúde:

  • Natação: recomendada para quem possui fraqueza nas pernas, pois o risco de acidentes por quedas é menor. Entretanto, é essencial ter supervisão de um profissional, principalmente se a pessoa sentir fraqueza ou redução na mobilidade dos braços. Além disso, é ótima para trabalhar o sistema cardiorrespiratório e resistência à água.
  • Pilates: o treino com movimentos associados à consciência respiratória promovem resistência, força e equilíbrio. Dessa forma, procure estúdios e espaços com turmas pequenas e professores qualificados.
  • Tai chi chuan: a arte marcial chinesa é uma espécie de “meditação em movimento”. Possui gestos sutis e coordenados com a respiração, sempre feitos em silêncio.

Alimentação para miosite

Mudar a dieta pode ajudar no prognóstico da doença. Logo, seguir uma alimentação com menos sal, gordura e açúcares é uma recomendação para manter a saúde dos músculos. Então, inclua mais frutas, vegetais e grãos integrais no cardápio e faça as refeições nos horários corretos.

Afinal, a miosite tem cura?

Apesar do tratamento ter ótimos resultados em algumas semanas, ainda não há uma cura definitiva para a miosite. Mas é possível controlar a progressão da doença com os cuidados adequados e acompanhamento médico frequente. Portanto, é fundamental manter a rotina prescrita pelo seu médico.

Especialidades envolvidas no diagnóstico e tratamento da miosite

Pediatras, reumatologistas e clínicos gerais são os primeiros profissionais que podem identificar a miosite. Logo após o diagnóstico, a equipe abrange para fisioterapeutas, fonoaudiólogos e, se necessário, enfermeiros cuidadores.

Referências: Sociedade Brasileira de Reumatologia; associação Miosites Brasil; Sociedade Portuguesa de Reumatologia; e The Myositis Association.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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