Megabexiga: entenda a condição que levou aborto ser autorizado
Um casal foi autorizado a interromper a gestação aos seis meses, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O motivo do aborto foi o diagnóstico da condição rara chamada megabexiga fetal, vista inicialmente na 12ª semana de gravidez, mas com a piora constatada na 22ª.
A permissão foi concedida pelo juiz Marcelo Paulo Salgado, da 36ª Vara Cível de BH. Ela partiu de um relatório médico que analisou as consequências da megabexiga para o bebê em desenvolvimento. Constatou-se que a condição rara estava levando a outras má-formações, diminuição do líquido amniótico e ao desenvolvimento incompleto dos pulmões.
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Mas afinal, o que é megabexiga fetal?
Como o próprio nome dá a entender, a megabexiga fetal acontece quando a bexiga possui um tamanho maior do que o esperado. A condição já pode ser vista no ultrassom do primeiro trimestre gestacional, quando o diâmetro longitudinal do órgão tem mais de 7 milímetros.
Já se a gravidez estiver mais desenvolvida, o quadro pode fazer com que a bexiga do feto permanece cheia durante os 40 minutos do ultrassom. A situação não é normal, de acordo com o urologista pediátrico Roberto Iglesias Lopes, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em entrevista ao site CRESCER.
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Os principais motivos que levam à megabexiga
Dentro da barriga da mãe, o feto possui rins que produzem a urina. Já os tubos chamados ureteres são responsáveis por levá-la até a bexiga e, mais tarde, é eliminada pela uretra. A megabexiga tende a acontecer quando algo obstrui a saída desta secreção.
As principais causas que levam a esta obstrução são:
- Válvula de Uretra Posterior (VUP): condição em que há a formação de uma membrana na uretra, próxima da bexiga;
- Estenose: enrijecimento ou estreitamento da uretra;
- Atresia: falha no desenvolvimento da uretra;
- Cloaca persistente: sintoma de um distúrbio congênito anorretal complexo, em que o reto, vagina e trato urinário se fundem, formando um único canal.
A primeira causa tende a ser mais observada entre os casos de megabexiga. Inclusive, a rara condição acontece em uma a cada 1.500 gestações e afeta mais meninos do que meninas.
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As consequências da condição rara
Com o funcionamento dos rins fetais, o líquido amniótico passa a ser composto principalmente de urina. Logo, se há a obstrução da sua saída pela uretra, a tendência é que se diminua a quantidade deste fluído em que o pequeno está submerso dentro da placenta.
Em síntese, a falta de líquido amniótico pode ocasionar diferentes problemas ao feto. Todavia, a principal é a má-formação dos pulmões. Dessa forma, caso nada seja feito durante a gravidez, o bebê pode vir até mesmo a precisar de suporte para respirar ou vir a falecer diante dessa dificuldade.
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Qual é o tratamento possível?
Quando a causa da megabexiga é a Válvula de Uretra Posterior (VUP), pode-se realizar uma cirurgia intrauterina para colocar um cateter na bexiga do feto que vai permitir a passagem normal da urina pela região. Dessa forma, ajuda-se a melhorar a quantidade de líquido amniótico dentro da placenta, favorecer o desenvolvimento do pulmão, além de desobstruir os rins.
Todavia, a execução do procedimento depende do estágio da condição, sendo recomendada nos níveis dois e três. No entanto, não a indica-se no primeiro, bem como no quarto estágio da condição rara.
“No estágio 4, o recomendável é utilizar uma técnica para infundir soro do útero no feto, para ir desenvolvendo o pulmão e tentar melhorar esse prognóstico no pós-natal”, de acordo com Roberto.
Fontes: Gestar: Medicina e Cirurgia Fetal, Fetalmed.net e Revista Crescer.