Jejum intermitente emagrece? Saiba se dieta é boa para diminuir gordura
O jejum intermitente consiste na alternância entre períodos em que não há o consumo de nenhum alimento e momentos de alimentação balanceada. Apesar de ter se tornado uma tendência, sobretudo entre aqueles que visam perder peso, a prática já existe desde a Grécia Antiga – voltada, inclusive, para fins religiosos. No âmbito da saúde, a estratégia divide opiniões entre os especialistas, mas a ciência vem para clarear alguns pontos. Afinal, o jejum intermitente emagrece ou não?
Antes de mais nada, vale entender que existem diversas formas de praticar o jejum. A nutricionista Tatiane Schallitz aponta quatro:
- Fisiológico (12h de jejum);
- Diurno (janela alimentar de 19h até 12h);
- Diurno (janela alimentar de 14h até 6h);
- Fast Mimicking Diet (dieta que simula o jejum).
Em resumo, o objetivo do jejum intermitente é reduzir o consumo energético diário ou gerar adaptações metabólicas. Isso porque há um menor intervalo de concentração alimentar.
Benefícios do jejum intermitente
De acordo com a profissional, o jejum é uma estratégia alimentar que pode ser adotada com diversos propósitos para além do emagrecimento, uma vez que causa outras adaptações fisiológicas.
“De modo geral, temos benefícios para a saúde cardiovascular, relacionados à perda de gordura e a melhorias no perfil lipídico, redução da inflamação (citocinas inflamatórias), diminuição da resistência insulínica e da produção de radicais livres, favorecendo a longevidade, além de alterar a regulação da fome, por promover mudanças hormonais”, diz.
Como funciona o jejum intermitente?
Ao adotar o jejum, o corpo é submetido a um estresse proposital. Nesse momento, há uma resposta adaptativa que faz com que o organismo se fortaleça por meio da inteligência celular.
Um jejum de mais de 12h, por exemplo, é entendido como um desafio para o corpo. Assim, ele é incitado a buscar outras respostas internas para superar esse cenário. Segundo a nutricionista, depois de 12h, as quantidades de glicose e insulina diminuem e a concentração de hormônios catabólicos, ácidos graxos livres, glicerol e corpos cetônicos crescem.
“De maneira simplificada, nosso corpo vai esgotando suas reservas de carboidratos e buscando outras formas de gerar energia, através da queima de gordura e geração de glicose”, esclarece.
Dessa forma, o jejum intermitente instiga uma maior flexibilidade metabólica, além de promover um descanso intestinal e o aumento do número de mitocôndrias – fator associado à longevidade.
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Jejum intermitente emagrece?
Apesar de ter diversos outros benefícios, o emagrecimento ainda é o grande excitador para a adoção do jejum. Um estudo da Universidade do Alabama em Birminghan, nos Estados Unidos, descobriu que a prática é eficaz para o emagrecimento, mas não diminui gordura.
A pesquisa envolveu 90 pessoas entre 25 e 75 anos com obesidade. Os participantes que fizeram o jejum perderam 2,3kg a mais do que aqueles que estavam no grupo de controle. Entretanto, não foi identificada a perda de gordura corporal. Assim, os pesquisadores sugerem que o emagrecimento tenha sido reflexo de outras variáveis, como hidratação ou alterações hormonais.
Tatiane explica que o jejum não garante a perda de peso. Na verdade, o emagrecimento acontece quando há um déficit calórico, isto é, quando o corpo consome menos calorias do que gasta. Por isso, a eficiência da dieta vai depender dos comportamentos do indivíduo. “Não adianta fazer jejum e se manter mais estressado nesse período ou piorar sua relação com a comida nos momentos de alimentação”, afirma.
Segundo a profissional, fatores como ansiedade, rotina de trabalho, exercícios e comportamento alimentar influenciam nos resultados. Assim, caso o paciente não apresente picos de fome durante os momentos de jejum e tenha uma relação saudável com a comida nas refeições, a dieta pode servir como uma estratégia de perda de peso.
“Reduzir o número de refeições pode facilitar o emagrecimento nesse caso, uma vez que o indivíduo irá ter maior consumo alimentar nessas refeições, podendo facilitar a adesão a dieta”, sugere.
Contraindicações
Vale entender que as especificidades de cada indivíduo interferem no tipo de estratégia alimentar mais recomendada. Justamente por isso não existe uma única dieta que se aplique a todas as pessoas.
No caso do jejum intermitente, é fundamental o acompanhamento nutricional. Isso porque a falta de orientação pode acarretar uma série de malefícios para a saúde. Além disso, existem contraindicações a depender do perfil da pessoa.
Segundo Tatiana, os principais erros ao realizar jejum sem a ajuda de um profissional são:
- Fazer o jejum desnutrido: além de não conseguir gerar adaptações benéficas, a prática pode agravar o quadro de deficiência nutricional;
- Fazer o jejum em horários de forma contrária ao ritmo circadiano (por exemplo: comer em excesso à noite);
- Fazer jejum todos os dias;
- Quebrar o jejum de forma inadequada: “O que comemos no período importa e muito. Ter uma alimentação pobre em fibras, antioxidantes e proteínas, o que normalmente ainda está associado ao excesso do consumo de carboidratos, irá nos gerar um pico de insulina contrário ao que buscamos no jejum”, diz.
Além disso, pessoas com transtornos alimentares ou que apresentam um comer transtornado não devem adotar o jejum intermitente, já que a dieta pode ocasionar uma piora dos quadros. “Crianças e adolescentes em fase de crescimento e/ou maturação sexual, indivíduos com deficiência nutricional ou pressão baixa sem tratamento ou indivíduos com baixo peso também são contraindicados”, finaliza.
Fonte: Tatiane Schallitz, nutricionista da Nutrindo Ideais, graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), pós-graduanda em Fitoterapia pela UNIFATEC. Antropometrista ISAK I. Experiência em Nutrição Esportiva, Comportamental e Vegetarianismo