Série sobre Jeffrey Dahmer: todo serial killer é psicopata?

Recentemente, a Netflix lançou uma série sobre o serial killer (assassino em série) Jeffrey Dahmer, responsável por 17 assassinatos em Wisconsin, nos Estados Unidos. A produção vem repercutindo cada dia mais e está em primeiro lugar no Top 10 do streaming desde o lançamento. Mas os episódios geraram muitas dúvidas entre as pessoas, principalmente se todo psicopata é serial killer.

O que é psicopatia?

Antes de tudo, é importante entender o que é a psicopatia. A Dra. Luciane Ikeda, médica psiquiatra do Hospital Albert Sabin de SP (HAS), explica que a psicopatia é a mesma coisa que o transtorno de personalidade antissocial, condição caracterizada pela desadaptação a viver em sociedade. 

Os psicopatas não possuem empatia e, muitas vezes, agem de forma impulsiva e insensível. Por isso, eles são conhecidos por mentir muito bem.

“Eles não se comovem com o sofrimento alheio e não sentem remorsos ou temem alguma punição. A empatia funciona como um freio para as atitudes humanas, mas eles não a possuem”, ressalta Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental e especialista em compulsões.

De acordo com um estudo feito em 2009, cerca de 29% da população mundial tem um ou mais traços de psicopatia. Mas apenas 0,6% provavelmente é psicopata. 

Sintomas 

Os traços de um psicopata, geralmente, incluem:

• Comportamento antissocial
• Narcisismo
• Impulsividade
• Mentiras constantes
• Irresponsabilidade
• Manipulação
• Falta de empatia
• Falta de culpa
• Traços insensíveis

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Causas

Apesar de não haver uma causa específica, pesquisas mostram que o psicopata pode desenvolver o transtorno principalmente por conta de problemas na infância. Incluindo falta de afeto, rejeição, maus-tratos, abuso físico ou psicológico, e separação dos pais.

Segundo a Dra. Luciane, o cérebro do psicopata e sociopata é diferente do de outras pessoas pois eles teriam uma alteração principalmente no lobo frontal. Além disso, a médica ressalta que a maioria das doenças psiquiátricas são multifatoriais, mas o fator genético é um grande motivo para desenvolver a psicopatia.

Todo serial killer é psicopata?

Na verdade, não necessariamente. Para a Dra. Luciene, todo serial killer é sociopata, no sentido de não ter a empatia de se colocar no lugar da vítima. “Essa ausência de empatia faz com que ele cometa os crimes e sinta prazer no risco. Se arriscar, viver intensamente, isso tudo tem a ver com questões de personalidade social, seja ou sociopata ou psicopata.”

Na psiquiatria, tanto a sociopatia quanto a psicopatia estão inseridos no transtorno de personalidade antissocial. “Algumas literaturas consideram a psicopatia igual à sociopatia.” ressalta a Dra. Luciane.

A médica ressalta que os psicopatas possuem traços de personalidade antissocial, mas nem sempre vão cometer crimes como um serial killer.

“O psicopata traz sempre algum malefício a quem passa pela vida dele, mas não necessariamente é um assassino em série. Muitas vezes deixam um prejuízo imenso no lado emocional da vida das pessoas que acreditam neles e prejuízos financeiros também”, conta Rejane.

Como é feito o diagnóstico de um psicopata?

O diagnóstico é feito por um psiquiatra. Contudo, a psiquiatra entrevistada lembra que é raro um psicopata ou sociopata buscarem ajuda. “Dificilmente eles vão procurar ajuda psicológica. Geralmente eles só procuram quando têm determinação judicial ou de terceiros. As pessoas buscam um psiquiatra quando não estão bem.”

Tratamento

O tratamento indicado seria a terapia cognitivo comportamental. Mas, para Rejane Sbrissa, como os psicopatas são incapazes de formarem vínculos emocionais ou sentir empatia, eles também são impermeáveis a tratamentos. 

“Uma relação psicológica é baseada na empatia entre o psicólogo e o paciente, e eles são incapazes de ter uma relação assim”, explica.

A psicóloga também cita que existem alguns programas psicológicos para tratamento de jovens insensíveis e sem emoções, mas para impedir que se tornem psicopatas.

Além disso, a esperança é que tenha um medicamento para psicopatia no futuro. “Existem alguns remédios que estão sendo estudados para o tratamento, como por exemplo, um anticonvulsivante chamado pregabalina. Mas ainda não é indicação de bula”, disse a psiquiatra.

Fontes: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental especializada em compulsões, e Dra. Luciane Ikeda, Médica Psiquiatra do Hospital Albert Sabin de SP (HAS).

Referência: Very Well Mind