Introdução alimentar precoce: entenda os riscos para o bebê
“Ah, mas é só um pouquinho de comida, não faz mal…”. Esse provavelmente é um dos pitacos que mães e pais mais ouvem quando o assunto é a alimentação dos filhos. Embora ele pareça inofensivo, as consequências tendem a ser perigosas quando o comentário remete a quando o adulto oferece qualquer tipo de alimento ao pequeno antes do sexto mês de vida, corroborando um caso de introdução alimentar precoce.
Segundo Jéssica Dantas, gastropediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o bebê não está preparado fisicamente para ter contato com alimentos sólidos antes dos seis meses, por exemplo. “Se a criança não tem sustentação do pescoço, do tronco e não se senta bem sem apoio, ela pode se engasgar. E a partir desse evento, ela pode criar aversão a alimentação”, detalha a especialista.
Além disso, a introdução alimentar precoce pode acabar associada a problemas imunológicos em decorrência da imaturidade do intestino infantil para receber comidas sólidas. Em suma, há maior risco do pequeno desenvolver alergias alimentares bem como ter uma infecção transmitida pelo alimento que foi dado a ele antes do período indicado.
Portanto, conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e seguida pelo Ministério da Saúde, a nutrição do bebê até o sexto mês de vida deve ser feita exclusivamente com o leite materno. Neste período, não é recomendado nem mesmo ofertar água a ele. Isso porque o alimento produzido pela figura materna é capaz de suprir sua sede.
Leia mais: Introdução alimentar: como fazer e quais alimentos são indicados
Introdução alimentar precoce? Não, espere até os seis meses!
Já a partir do sexto mês de vida, o pequeno começa a apresentar os chamados sinais de prontidão. De acordo com Gabriela Bonente, pediatra intensivista, os principais indicativos de que ele está pronto para começar a comer alimentos sólidos são:
- Sustentação cervical, para prevenção de engasgos;
- Ele fica sentado estavelmente sem apoio, ou seja, não cai para os lados no cadeirão;
- Tem habilidade motora com as mãos, observada quando a criança leva os brinquedos até a boca, por exemplo;
- Apresenta menos reflexo de protusão da língua. Em outras palavras, o pequeno não a coloca mais para fora frequentemente quando entra em contato com objetos;
- Demonstra interesse pelos alimentos.
Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a chegada dos seis meses também traz mais maturidade para o organismo infantil. Por exemplo, as enzimas digestivas começam a ser mais eficazes neste período bem como as bactérias intestinais já estão instaladas e prontas para protegerem o bebê de possíveis infecções.
Ademais, o sistema imunológico também se mostra mais estabelecido. Dessa forma, o organismo consegue entrar em contato com novos nutrientes e proteínas e, mesmo assim, não desenvolver alergias alimentares que aconteceriam com mais facilidade antes desse período.
Fontes: Dra. Jéssica Dantas, gastropediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e Dra. Gabriela Bonente, pediatra intensivista e idealizadora do site Cuidar Intensivo.
Referências:
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois anos – Ministério da Saúde