Interrupção do tratamento de câncer: em quais casos é indicada?

Saúde
19 de Outubro, 2022
Interrupção do tratamento de câncer: em quais casos é indicada?

Alguns pacientes que estão enfrentando o câncer podem ter uma jornada longa de combate à doença. A metástase, situação em que as células cancerígenas se espalham em outras regiões, requer cuidados que podem durar anos. Com isso, a saúde física e mental fica mais frágil, o que leva à interrupção do tratamento de câncer de forma espontânea. Contudo, a decisão de suspender o tratamento sem orientação médica pode causar ainda mais riscos à saúde. Na avaliação de Wesley Pereira Andrade, oncologista, cirurgião e mastologista, é importante receber recomendações profissionais sobre as melhores possibilidades.

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Quando é necessária a interrupção do tratamento de câncer?

Andrade explica que existem alguns cenários em que a suspensão se torna uma opção ou a única alternativa. “O primeiro é um processo natural do tratamento, que se encerra após um determinado período. Por exemplo, em pacientes com câncer de mama, que na maioria das vezes utilizam hormonioterapia, é comum encerrar a jornada depois de cinco anos. Nesses casos, a interrupção é sinal de alta médica, quando o indivíduo está curado”, afirma.

Entretanto, nem sempre o paciente tem esse tipo de desfecho na busca pela cura. Assim, pode haver duas possibilidades principais, segundo o especialista. “O indivíduo pode ter a progressão da doença, envolvendo metástase ou não, e não responder mais aos tratamentos. Outro fator é a toxicidade limitante. Ou seja, quando o medicamento e as terapias aplicadas tornam-se mais tóxicas do que benéficas. Nesse sentido, ou mudamos as medidas no tratamento ou, se as possibilidades se esgotaram, entramos com o tratamento paliativo”, esclarece.

Ambos os cenários não são bons para a saúde do paciente, pois limitam as perspectivas de cura. O prognóstico pouco otimista pode causar uma série de consequências ao enfermo que vão além dos desconfortos físicos.

Boa parte dos indivíduos com doenças terminais ou muito avançadas lida com transtornos emocionais, como ansiedade e depressão. Afinal, é normal ter dificuldade em aceitar a condição e ainda conviver com as dores e restrições da doença.

Dessa forma, os cuidados paliativos citados por Andrade proporcionam mais qualidade de vida, pois auxiliam a controlar os sintomas e desconfortos resultantes do avanço do câncer.

O que é um tratamento paliativo?

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tratamento paliativo são os “cuidados de saúde ativos e integrais prestados à pessoa com doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida”.

A premissa da abordagem é trazer mais conforto ao paciente, e envolve uma série de profissionais e práticas para esse objetivo. Por exemplo, após uma cirurgia ou progressão de um câncer de garganta, a pessoa pode ter problemas para engolir e falar.

Dessa forma, é essencial ter o suporte de um fonoaudiólogo para auxiliar com exercícios capazes de melhorar as funções. Portanto, a inclusão de psicólogos, nutricionistas, psiquiatras, fisioterapeutas e outros especialistas contribuem para a missão de uma vida melhor ao paciente. Em conjunto, as medidas são capazes de reduzir as dores e outros sintomas físicos debilitantes.

Exemplos de cuidados paliativos

  • Psicoterapia.
  • Acompanhamento nutricional.
  • Fisioterapia.
  • Uso de medicamentos para aliviar a dor e incômodos variados.
  • Exercício da fé e da espiritualidade.
  • Atividades que estimulam a socialização, incluindo o apoio da família.

Fonte: Wesley Pereira Andrade, PH.D e mestre em oncologia; médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e médico titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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