Importância da terapia durante o tratamento da obesidade
A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, que pode trazer consequências, como problemas cardíacos, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e até mesmo câncer. Mas pouco se fala sobre o acompanhamento psicológico durante o tratamento da doença.
De acordo com Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva e especialista em transtornos alimentares, fatores emocionais também influenciam nos comportamentos alimentares.
“Sem aprender a identificar e lidar com as emoções que levam ao impulso de comer, fica muito difícil emagrecer e manter o peso ideal. Por isso, a maioria das pessoas que emagrecem sem acompanhamento psicológico, voltam a engordar”, explica.
Rejane salienta que buscar acompanhamento psicológico é extremamente importante – principalmente depois de realizar a cirurgia bariátrica. Isso porque a psicoterapia ajuda a tratar as emoções que a levam a descontar sentimentos na comida.
Como a obesidade pode afetar a saúde mental?
A obesidade traz consequências não só para a saúde física, como também para a saúde mental.
“Muitas pessoas com obesidade já passaram por episódios em que foram confrontadas sobre seu peso. A cada tentativa de emagrecer e fracasso do mesmo, a autoestima, autoconfiança e autoimagem vão sendo minadas. O preconceito é a maior causa de depressão, ansiedade, estresse, e distúrbios alimentares sérios, como a anorexia nervosa, bulimia nervosa e o comer compulsivo”, explica Rejane.
Inclusive, segundo dados da ABESO (Associação Brasileira para estudo da obesidade e síndromes metabólicas), cerca de 60% dos obesos sofrem com algum distúrbio psiquiátrico. Os mais comuns são a depressão e a compulsão alimentar.
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Compulsão alimentar X obesidade
A compulsão alimentar é um dos transtornos alimentares mais comuns, e aproximadamente 80% das pessoas com esse transtorno apresentam algum grau de sobrepeso relevante.
Para Rejane, a psicoterapia é essencial para tratar as compulsões alimentares, pois esses comportamentos têm ligação direta com o estado emocional dos pacientes. Assim, é importante entender, identificar e aprender a lidar com os gatilhos emocionais que a levam a comer em excesso e descontroladamente
“Na minha prática clínica, há 30 anos trabalhando com isso especificamente, o que mais incomoda as pessoas com compulsão alimentar é a sensação de descontrole. Ou seja, saber que está se empanturrando de comida por motivos emocionais como solidão, ansiedade, tristezas profundas, por exemplo”, ressalta a psicóloga entrevistada.
Escolha da abordagem
Ao buscar um psicólogo, é importante entender que existem muitas abordagens e você deve escolher a mais apropriada para os seus objetivos. Rejane afirma que a abordagem mais indicada para o tratamento da obesidade é a terapia cognitivo comportamental (TCC).
“Na TCC o terapeuta avalia o dia a dia do paciente e o ajuda a identificar os problemas que o levam ao excesso de peso e as compulsões alimentares. Assim, o profissional, juntamente com o paciente, traça estratégias na busca de novos padrões de comportamentos. Além de abordar a reestruturação cognitiva, ou seja, novos modos de pensar e agir em relação aos alimentos”, lembra Rejane.
Fonte: Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva e especialista em transtornos alimentares.