Hormônios do apetite: mitos e verdades

Alimentação Bem-estar
16 de Maio, 2023
Hormônios do apetite: mitos e verdades

A fome é controlada por hormônios que controlam o apetite e o metabolismo que, a curto ou longo prazo, agem predominantemente numa região do hipotálamo conhecida como núcleo arqueado. Trata-se do controle-mestre dos sistemas regulatórios. Para o núcleo arqueado convergem dois tipos de neurônios que exercem ações opostas: estimulação e inibição do apetite.

“A vontade de comer que sentimos resulta de um equilíbrio ajustado entre esses circuitos antagônicos regulados por hormônios”, explica a Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista. Mas afinal, você conhece cada hormônio que controla o apetite?

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Hormônios do apetite: mitos e verdades

A Dra. Tassiane Alvarenga apresenta cada um dos hormônios do apetite e desmistifica os seus mitos e verdades.

Comemos apenas quando estamos com fome

MITO. De acordo com a especialista, a fome é uma sensação fisiológica que nos faz procurar e ingerir alimento para satisfazer as necessidades diárias de nutrientes. O ato de ingerir alimentos surge por uma série de estímulos (ou sinais). Entre eles, por exemplo, está a diminuição no organismo, da quantidade de nutrientes como glicose, aminoácidos, gordura ou mesmo a diminuição da temperatura interna.

Dessa forma, o que estimula a produção de um hormônio no estômago chamado GRELINA que chega até o cérebro e ativa toda uma cascata endocrinológica que motiva o apetite.

“Tudo começa com aquela sensação de estômago vazio, a queda da glicose no sangue e a queda da temperatura corporal, estímulos para a produção de GRELINA. Este é o único hormônio periférico com função de aumento do apetite. É muito importante para o controle do apetite – produzido no estômago e intestino delgado, com um pouco dele sendo liberado no pâncreas e no cérebro. É chamado de “hormônio da fome” devido ao seu papel no controle do apetite (uma das suas funções)”. Explica Dra. Tassiane.

Temos apenas um hormônio produzido no nosso trato intestinal que gera a fome (grelina). Todos os outros geram saciedade

VERDADE! O GLP‑1 é produzido pelas células L do íleo e cólon diante da chegada de alimentos nessa porção do intestino. O GLP‑1 exerce diversas funções. Por exemplo, redução do esvaziamento gástrico e ativação das áreas do cérebro relacionadas à saciedade, além de diminuir o paladar para alimentos de alta densidade calórica.

“A meia‑vida do GLP‑1 endógeno é de apenas 5 min. Existem no mercado atualmente os análogos de GLP-1 que tentam imitar a ação deste hormônio, promovendo saciedade, reduzindo gula e o apetite por coisas gostosas”, conta a especialista.

Por outro lado, o Peptídio YY (PYY) é produzido pelas células L intestinais, presentes principalmente no cólon e reto, a partir da chegada de alimentos gordurosos nessa porção do intestino. De forma semelhante ao GLP-1, o PYY inibe vias da fome e estimula vias da saciedade.

Por fim, o Colecistocinina (CCK) é um hormônio produzido também pelas células L do trato gastrintestinal. Assim, diante da chegada de gordura e proteína nessa porção do intestino, estimula a secreção de enzimas digestivas pancreáticas e a secreção biliar, inibindo o esvaziamento gástrico e o apetite diretamente.

Pacientes obesos tem muita Leptina, que é um hormônio da saciedade, mas ela não funciona

Verdade. A leptina é um dos hormônios diretamente ligados à gordura corporal e à obesidade. É liberado pelas células de gordura e envia sinais para o hipotálamo, ajudando a regular e alterar a ingestão de alimentos em longo prazo e o gasto de energia. Se o indivíduo engorda, os níveis de leptina aumentarão.

O que a leptina faz?

A leptina, isto é, o hormônio da saciedade, ajuda a inibir a fome e a regular o equilíbrio energético. Desse modo, o corpo não desencadeia respostas de apetite quando não precisa de energia. No entanto, quando os níveis do hormônio caem (acontece quando um indivíduo perde peso), os níveis mais baixos podem desencadear enormes aumentos de apetite e compulsão. Isso, por sua vez, pode tornar a perda e manutenção de peso mais difícil.

“Quando o corpo está funcionando corretamente, as células com excesso de gordura produzirão leptina, o que estimulará o hipotálamo a diminuir o apetite. Infelizmente, quando alguém é obeso, apesar de ter muita leptina no sangue, pela inflamação da obesidade, esta leptina não consegue agir direito, uma condição conhecida como resistência à leptina: ou seja, a via da saciedade não funciona.” Explica Dra. Tassiane Alvarenga.

Hormônios do apetite: afinal, comer vicia?

Parcialmente verdade! Isso porque possuímos outro tipo de apetite: o apetite hedônico. Relacionado ao prazer de comer, ele ativa o sistema de recompensa cerebral (fome hedônica) e faz o indíviduo comer sem fome.

Por fim, neurocientistas concluíram que a sensação de felicidade tem origem no cérebro, mais especificamente nos centros do prazer. Assim, ativa-se uma complexa rede de neurônios ao realizar atividades que trazem felicidade, como o ato de comer, por exemplo.

Fonte: Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

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