Infarto aumenta o risco de desenvolver complicações de saúde a longo prazo
Pessoas com histórico de infarto têm mais risco de desenvolver outros problemas de saúde a longo prazo, como insuficiências cardíaca e renal, arritmias e até depressão, reforça um estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, publicado no Plos One. O trabalho analisou dados de 34 milhões de adultos, somando 145 milhões de admissões em hospital no período de nove anos, entre 2008 e 2017.
Histórico de infarto aumenta o risco de desenvolver outros problemas de saúde
Entre os pacientes que tinham histórico de ataque cardíaco, quase um terço desenvolveu a insuficiência renal e a cardíaca, 22% tinham fibrilação atrial – uma arritmia grave – e 38% morreram no período avaliado. Além disso, problemas como Acidente Vascular Cerebral (AVC), doença arterial periférica, hemorragia e depressão foram mais frequentes nessas pessoas.
“Isso não surpreende porque, após o evento agudo de infarto, há o comprometimento do músculo cardíaco, que, dependendo da extensão, pode ser grave o suficiente para causar sequelas”, diz o cardiologista Eduardo Segalla, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Veja também: “É impossível ser feliz sozinho”: cultivar relacionamentos está entre os segredos para viver mais
Miocárdio, o músculo do coração
O infarto ocorre quando um coágulo interrompe o fluxo sanguíneo dentro de uma artéria, provocando a morte de células do miocárdio, o músculo do coração. Portanto, sem o tratamento correto, ele pode comprometer o funcionamento da bomba cardíaca, levando à insuficiência no bombeamento. Além disso, também pode haver a dilatação das câmaras cardíacas, o que favorece o aparecimento de arritmias, como a fibrilação atrial.
Assim, a longo prazo, os danos podem prejudicar o funcionamento dos rins pelo baixo fluxo de sangue. “Por isso, falamos que ‘tempo é músculo’”, diz Segalla. “Quanto mais precoce a desobstrução da artéria, melhor a preservação do músculo cardíaco.”
Histórico de infarto tem desfechos a longo prazo
Segundo os autores, os estudos existentes costumam se focar mais nos riscos a curto prazo – como a possibilidade de um segundo infarto. Portanto, para eles, os dados obtidos de vários desfechos em um longo período, em uma amostra representativa da população, reforçam, assim, a necessidade de monitoramento desses pacientes para controlar os impactos na saúde física e mental.
“Os medicamentos e o acompanhamento da reabilitação cardiovascular são pilares que diminuem as taxas de mortalidade”, diz o médico do Einstein. Dessa forma, as medicações visam manter o colesterol, a glicemia e a pressão arterial sob controle. Antiagregantes plaquetários podem ajudar a evitar a formação de novos coágulos. Mas, explica o especialista, é essencial adotar mudanças no estilo de vida. Assim, isso inclui a prática de atividade física, alimentação saudável, controle do peso e do estresse, sono de qualidade e abandono de vícios, como o cigarro.
Tratamentos são variados
Os tratamentos para o infarto evoluíram muito, mas, quanto antes for diagnosticado, melhor o resultado. Dessa forma, na fase aguda, costuma-se fazer a angioplastia, em que o vaso é desobstruído com um stent – uma espécie de tubo que mantém a abertura –, inserido por cateterismo.
Por fim, quando há várias lesões, pode-se optar pela cirurgia de revascularização ou angioplastia levando em conta fatores como idade, tipo e local das lesões, além da presença de comorbidades. “Independentemente da estratégia, o tratamento medicamentoso e a mudança do estilo de vida são cruciais para a sustentabilidade da intervenção realizada”, reforça Segalla.
Fonte: Agência Einstein.