Hipocloridria: O que é, sintomas, tratamentos e causas
A hipocloridria é a redução na produção do ácido clorídrico, presente no interior do estômago e envolvido diretamente no processo de digestão. Como consequência, pode causar um quadro de gases e distensão abdominal. Além disso, o estômago deve ser ácido para que ocorra a digestão de proteínas e ativação da vitamina B12. Entenda melhor a condição.
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Afinal, o que é hipocloridria e quais são as causas?
De acordo com a Dra. Denise Carvalho, médica cirurgiã, a hipocloridria é um termo que se refere à diminuição da produção do ácido gástrico. Suas principais causas são:
- Estresse crônico
- Doenças autoimunes, como a gastrite atrófica
- Uso de medicações que bloqueiam a produção do ácido
- Consumo abusivo de cafés e chocolates
- Consumo exagerado de gorduras trans
- Excesso de embutidos
- Bebidas alcoólicas e refrigerantes
- Excesso de leite e soja
- Exagero de açúcar e doces em geral
Também pode aparecer após cirurgias, como bariátricas ou úlceras. Em geral, a condição acomete, na maioria, idosos. “Cada vez mais vemos casos de hipocloridria, uma vez que tem recorrência na população idosa e a perspectiva de vida aumentou”, explica.
Hipocloridria e Hipercloridria: qual é a diferença?
Diferentemente da hipocloridria, quando há falta de secreção ácida no estômago, a hipercloridria é o contrário. Dessa forma, causa o excesso de secreção ácida no estômago. Assim, uma das maneiras para identificar as condições é por meio do teste do limão. Trata-se do consumo da frutinha ácida para identificar possível queimação no estômago e desconforto, principais sintomas da hipercloridria.
No entanto, quem já possui estes sintomas e, após o consumo do limão tiver uma melhora do quadro, é hipocloridria. Isso ocorre pois, quando há pouco ácido no estômago, o limão suprirá esta falta de ácido e, consequentemente, com a azia e a queimação. Ao contrário, se houver muito ácido no estômago, a acidez do limão irá somar-se a acidez do estômago, desencadeando um azia e queimação maior do que era sentido antes de ingerir a fruta.
Sintomas da hipocloridria
Os sintomas da hipocloridria incluem má digestão, falta de sensação de plenitude após as refeições e a eructação constante. Além disso, por meio de exames de sangue, indica a diminuição da vitamina B12, ácido fólico e ferro, já que eles precisam do ácido gástrico para serem absorvidos. Também causa diminuição do cálcio, aumentando a chances de osteoporose.
Além disso, a queimação no estômago e o refluxo também estão relacionados com a hipocloridria. Isso porque, na falta do ácido no estômago, a digestão dos alimentos é prejudicada, facilitando assim o refluxo do alimento não digerido. Dessa forma, causa a sensação de queimação. Nesse caso, os principais sintomas são desconforto abdominal, arrotos excessivos, queimação, flatulência imediatamente após a refeição, indigestão, diarréia ou intestino preso, sensação de barriga cheia após comer moderadamente, língua branca e mau hálito.
Como diagnosticar?
O diagnóstico de hipocloridria depende da causa, que pode ser descoberta por meio do exame clínico, endoscopia (biópsia) e exame de sangue que detecta a deficiência dos nutrientes citados. Além disso, a doença pode ser identificada pelo médico gastroenterologista, mediante um exame endoscópico chamado pHmetria esofágica, que mede o nível de acidez presente no esôfago.
“Também no exame de sangue é possível detectar a presença de anticorpos – anticorpos parietais, ou seja, células que produzem o ácido gástrico. Então, se for uma doença autoimune, será detectada por esses anticorpos. Ainda será encontrado a elevação do hormônio gastrínio, que aumenta quando o ácido gástrico não está correspondendo”, explica.
Tratamento
Inicialmente, mudar os hábitos alimentares é o primeiro passo para uma microbiota intestinal mais saudável. Ou seja, é necessário recuperar a mucosa gástrica e o muco. Por isso, confira algumas dicas importantes sobre alimentação que podem ser úteis durante o tratamento:
- Evite tomar líquidos durante as refeições
- Mastigue devagar os alimentos.
- Consuma carne bovina somente duas vezes por semana.
- Beba chás digestivos meia hora depois das principais refeições, como hortelã, funcho ou alecrim, ervas que aumentam a secreção ácida no estômago e possuem ação anti-inflamatória. Outra opção é a espinheira santa, que possui substâncias que ajudam a proteger a mucosa do estômago.
- Consuma suco verde três vezes por semana, preferencialmente com couve. Isso porque ela contém uma substância chamada de inositol, que diminui a irritação e promove a regeneração da mucosa gástrica. O limão também pode fazer parte do suco.
- Os probióticos e os Kefir são suplementos que ajudam na recuperação do muco na parte gastrointestinal. No entanto, sozinhos não têm um bom resultado. Devemos usar o ácido clorídrico e começar o tratamento pelo estômago.
Além da mudança no cardápio, o tratamento também inclui o consumo de L-glutamina, aloe vera, vitaminas do complexo B, vitamina A, zinco e outros. O ideal é se consultar com um médico especialista do aparelho digestivo para diagnosticar o problema e iniciar o tratamento adequado.
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Fonte: Dra. Denise Carvalho, médica formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). Fellow do serviço de Gastroenterologia da Universidade de Barcelona em 1999, com especialização em Endoscopia Digestiva pela USP. Autora de ‘Quebrando o círculo vicioso’, pela Editora Pandorga.