Hanseníase: Brasil é o segundo país do mundo com mais casos
O Brasil é o segundo país do mundo com maior detecção de casos novos de hanseníase, atrás apenas da Índia. Os dados foram divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde, em um boletim epidemiológico sobre a doença. Assim, junto à Indonésia, esses três países respondem por quase 75% dos registros globais. Na região das Américas, 92,4% dos casos registrados em 2021 ocorreram no Brasil.
De acordo com dados preliminares divulgados pelo Ministério, ano passado foram quase 15 mil novos casos no país. Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Bahia e Pará são os Estados que lideram os registros.
Ainda segundo o boletim, cerca de um terço dos pacientes já apresentava grau um de incapacidade física (quando há perda de sensibilidade nas extremidades). Além disso, quase 1.500 pacientes já tinham grau dois de comprometimento (lesões mais graves), na maioria das vezes incapacidades físicas permanentes.
Um dos desafios no combate à doença é ter o diagnóstico da doença, que é feito, principalmente, de forma clínica. Como a doença tem progressão lenta, nem sempre os sintomas são evidentes. Ou seja, muitas vezes o diagnóstico é fechado tardiamente. “Ainda deixamos passar muitos casos. Há uma endemia oculta”, diz o infectologista Márcio Gaggini, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e membro da Sociedade Brasileira de Hansenologia. “Por isso, não conseguimos quebrar o ciclo da transmissão.”
Segundo o especialista, é preciso mais investimento em capacitação e treinamento dos profissionais de saúde. Além disso, o acesso às técnicas modernas de diagnóstico para detectar a doença.
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Hanseníase
Conhecida pela humanidade há milênios, a hanseníase é uma doença infecciosa sistêmica causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Dessa forma, ela é transmitida por via respiratória e pelo contato próximo com pessoas infectadas.
O primeiro sintoma da hanseníase costuma ser o comprometimento neurológico dos nervos periféricos. Isto é, o paciente perde a sensibilidade em algumas regiões, apresenta câimbras, formigamentos ou diminuição da força. Depois aparecem manifestações na pele, que podem incluir manchas com perda da sensibilidade, nódulos e deformidades.
Se não for tratada logo, as alterações físicas podem ser irreversíveis. O tratamento é longo – pode levar de seis meses a um ano – e é feito com o uso de antibióticos.
No Brasil, a Estratégia Nacional para o Enfrentamento da Hanseníase estabelece metas até 2030 para interromper a cadeia de transmissão, reduzindo o número de novos casos e dos diagnósticos tardios em que há alto grau de incapacidade física. Por fim, um dos objetivos também é propor ações para combater o estigma e a discriminação contra esses pacientes, que se estão em tratamento deixam de transmitir a doença.
Fonte: Agência Einstein