Gripe na gestação: conheça os riscos e como se cuidar
Os adultos têm, em média, 2 a 3 resfriados por ano, de acordo com o The Centers for Disease Control and Prevention (CDC). A condição ocorre, sobretudo, nos períodos de baixa temperatura, como no inverno. Porém, na gestação, o cuidado com a saúde deve ser redobrado nesta época, já que a gripe pode representar riscos para a saúde da mãe e do bebê.
De acordo com Carlos Moraes, ginecologista e obstetra, para comportar uma nova vida, o corpo da gestante passa por alterações importantes no sistema imunológico e cardiorrespiratório, além de mudanças hormonais.
“O organismo da mulher fica sob estresse constante. Isso porque todos os seus órgãos estão trabalhando por dois, de modo a fornecer nutrientes e oxigênio o tempo todo para ela e o bebê. Ou seja, esse estresse corporal deixa a gestante mais vulnerável a contrair doenças, como a gripe, que pode gerar sérias complicações gestacionais”, explica.
Para auxiliar as gestantes, o Dr. Carlos Moraes orienta como se cuidar em casos de gripe e quais os medicamentos permitidos na gestação.
Leia mais: Vacinas da gestante: como funciona o calendário de vacinação na gravidez?
Gripe na gestação: sintomas
Devido à baixa imunidade na gestação, os sintomas da gripe se tornam mais evidentes, crônicos e difíceis de combater. “Febre igual ou superior a 38ºC, tosse persistente com muco, falta de ar e fadiga excessiva são sintomas que podem evoluir para uma bronquite e até pneumonia”.
Quadros mais graves podem apresentar tontura, confusão mental, muco com sangue, dificuldade para respirar, não sentir os movimentos do bebê, febre alta persistente, dor ou pressão na região abdominal ou do peito e vômitos persistentes. “Nestes casos, busque ajuda médica imediatamente”, alerta Carlos Moraes.
Um estudo publicado no MedicalNewsToday mostrou que uma gripe crônica e mal curada na gestação pode aumentar o risco de aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até malformações congênitas.
Gripe na gestação: o que fazer?
De acordo com o ginecologista obstetra, ao sentir os primeiros sintomas de gripe, é fundamental informar seu médico o quanto antes. “O ideal é fazer a avaliação nas primeiras 48 horas após o surgimento dos sintomas. Isso porque, nesse período, o tratamento da infecção é mais fácil”.
Medicamentos indicados
Alguns medicamentos contra a gripe podem ser usados na gestação sem grandes problemas, mas apenas sob orientação médica. Confira os mais seguros:
Analgésico/antipirético
O paracetamol, também conhecido por acetaminofeno, é um dos antipiréticos mais usados na gravidez contra febre. Além disso, é um analgésico para alívio dos sintomas associados à gripes e resfriados, como dor de cabeça e dor muscular.
De acordo com um estudo publicado no American Family Physician (AFP), o consumo do paracetamol (ou acetaminofeno) é seguro durante toda a gravidez. No entanto, desde que a dosagem seja controlada (e seguida à risca) pelo médico responsável.
Xarope/antiviral
Segundo o Dr. Carlos, para combater a tosse na gestação, os medicamentos mais indicados são:
- Guaifenesina: expectorante que atua como descongestionante das vias respiratórias, eliminando a secreção em tosses produtivas;
- Bromidrato de dextrometorfano: antitussígeno que ajuda a acalmar a tosse seca irritativa.
“Já o antiviral oseltamivir previne o risco de complicações nas 48 horas após os primeiros sintomas de infecção. Por isso, é recomendado pelo The Centers for Disease Control and Prevention como um medicamento seguro para as gestantes”.
Anti-histamínicos
Os antialérgicos ou anti-histamínicos minimizam os sintomas da alergia/rinite alérgica. Segundo o American College of Allergy, Asthma, and Immunology (ACCAI), até 15% das gestantes fazem uso, com orientação médica, do cloridrato de difenidramina, maleato de clorfeniramina, loratadina e dicloridrato de cetirizina. “Se o quadro alérgico for leve, evite os anti-histamínicos e prefira um spray nasal salino”, aconselha Moraes.
Importância da vacinação
A vacina contra o vírus da influenza é essencial para todas as pessoas, principalmente gestantes e puérperas, que fazem parte do grupo de risco, sendo mais suscetíveis a infecções.
Inclusive, o The Centers for Disease Control and Prevention ressalta que a vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a gripe e manter a gestação saudável e segura.
Gripe na gestação: Cuidados extras
O especialista alerta ainda sobre a importância de repousar, se hidratar e manter uma dieta saudável, rica em alimentos com vitamina C e zinco, como cereais, brócolis, couve, espinafre, tomate, laranja, abacaxi, amora, kiwi, framboesa, carne vermelha, frango, ovos, grão de bico e abóbora.
“Vale lembrar que você nunca deve se automedicar, especialmente nos 3 primeiros meses da gestação. No entanto, negligenciar a gripe é igualmente perigoso. Daí a importância de seguir corretamente o pré-natal e sempre comunicar o seu médico caso haja alguma alteração na sua saúde, por menor que seja”, finaliza Carlos Moraes.
Fonte: Dr. Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e especialista em Perinatologia pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.