Grávida pode tomar café? Pesquisa recomenda evitar o consumo. Entenda
Logo que uma mulher descobre que está grávida, algumas modificações na alimentação são indispensáveis para manter a saúde do bebê e da mãe em dia. Por exemplo, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e alimentos crus, como os peixes. Mas será que grávida pode tomar café? De acordo com um novo estudo, a bebida, tão tradicional aqui no Brasil, pode não ser benéfica para a criança no futuro. Entenda.
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Estudo investigou se grávida pode tomar café
Um estudo publicado na JAMA Network Open revelou que as crianças que foram expostas a pequenas quantidades de cafeína antes do nascimento foram, em média, mais baixas do que as crianças de pessoas que não consumiram cafeína durante a gravidez.
Ou seja, filhos de mães que consumiram cafeína enquanto estavam no útero mostraram ser mais baixos em estatura aos 4 anos do que aqueles cujos pais não consumiram. A diferença aumentou a cada ano até os 8 anos.
“Para ser claro, essas não são grandes diferenças de altura, mas existem pequenas diferenças de altura entre os filhos de pessoas que consumiram cafeína durante a gravidez”, disse a principal autora do estudo, a Dra. Jessica Gleason. A pesquisadora é epidemiologista perinatal, pesquisadora do de saúde infantil e desenvolvimento humano do Instituto Nacional Eunice Kennedy Shriver.
Ainda de acordo com a pesquisadora, se a menor altura na primeira infância persistisse na idade adulta, haveria uma chance de essas crianças enfrentarem o risco de doenças cardíacas e diabetes, que estão associadas à menor estatura. Mas ainda não há como saber se a diferença persistiria na idade adulta, e estudos como este, que se concentram nos resultados da população, não são motivo para famílias individuais entrarem em pânico, pontuou Gleason.
Por fim, outros estudos também investigaram se grávida pode tomar café. Em 2015, por exemplo, uma meta-análise revisou todas as pesquisas existentes e descobriu que existe uma associação entre o consumo de cafeína e o menor tamanho ao nascer. Outro estudo, esse de 2020, também indicou que não há nível seguro de cafeína para um feto em desenvolvimento.
Recomendações
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), de fato, alguns estudos demonstraram a associação entre a ingestão de produtos cafeinados e efeitos não desejáveis para o feto. São eles: baixo peso ao nascer, aborto espontâneo, retardo de crescimento uterino e aumento do risco de ruptura precoce das membranas. Como consequência, pode aumentar as taxas de morbidade e mortalidade perinatal e neonatal.
Isso ocorre, sobretudo, pela ausência, no feto, de enzimas necessárias para a eliminação da cafeína. Assim, ele é exposto por um longo período da vida intra-uterina a esta substância. Além disso, alguns estudos relatam que, durante a gestação, a cafeína aumenta os níveis de catecolaminas no sangue. Ou seja: hormônios que acarretam efeitos negativos para o feto.
Por essa razão, aponta a entidade, as evidências sugerem que mulheres grávidas limitem o consumo de cafeína a 300 mg/dia. Dessa forma, é possível reduzir a probabilidade de aborto espontâneo ou crescimento fetal prejudicado. Vale lembrar que a cafeína também está presente em outros tipos de alimentos, como refrigerantes de cola, chá mate, verde, preto e energético. O café pode ser consumido sem preocupação se for descafeinado.
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