Geração Z e dieta: jovens são menos preocupados com restrições
Parece que a geração Z, nascida entre os anos 1995 e 2010, está desenvolvendo uma relação diferente com a dieta. Embora muitas pessoas ainda sejam vítimas de transtornos alimentares e reféns do “culto ao corpo”, alguns jovens têm ido nessa contramão. Ou seja, veem a comida como uma forma de nutrir a saúde mental, mas com equilíbrio.
É o que sugere uma pesquisa feita pelo grupo Consumoteca, que entrevistou dois mil jovens da geração Z do Brasil, México, Argentina e Colômbia. Com o objetivo de entender o comportamento de consumo, aspirações e visão de mundo, os pesquisadores também abordaram a questão da alimentação entre os participantes.
Por mais que tenham nascido em um ambiente já hiperconectado, a preocupação com o corpo e a dieta para a geração Z precisa ter uma boa relação com a saúde mental.
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Como é a dieta da geração Z?
Os participantes, que têm entre 17 e 24 anos, não abrem mão de comer um hambúrguer ou outra comfort food para aliviar uma tensão. Para eles, o corpo precisa dar conta das demandas diárias e, por isso, a comida desempenha um papel de autoindulgência em situações que exigem um escape.
Portanto, veem o fast-food como uma maneira de melhorar o humor, e não como um vilão da dieta, por exemplo. Na maior parte do tempo, priorizam alimentos saudáveis, mas não excluem desses momentos de prazer por meio da comida.
O exercício físico também entra nessa toada. 42% dos entrevistados afirmam que treinam não só ficar forte ou conquistar um corpo mais bonito, mas para desestressar e melhorar o bem-estar.
Outro tipo de preocupação com a saúde
Com esses achados do grupo Consumoteca, os jovens estão mais conscientes de suas escolhas, sobretudo quando elas estão alinhadas à integridade física e mental.
Se as demais gerações anteriores tinham receio de comer certos alimentos ou surfar na onda de dietas milagrosas, o corpo é visto como um “hub de experimentação” pela geração Z. Então, eles gostam de testar o que dá certo e o que não dá em suas rotinas.
Em parte, esse pensamento se fortalece graças às experiências compartilhadas nas redes sociais. No TikTok, por exemplo, é comum ver usuários dessa faixa etária testando possibilidades envolvendo seus corpos.
Assuntos como “fiquei um mês sem açúcar”, “comecei a treinar para vencer a depressão e esse é o resultado” despertam o interesse desse público, pois vêm de relatos de pessoas reais. Com isso, os jovens se sentem mais representados e com vontade de conhecer seus limites.
Para o estudo, os Z estão mais debruçados sob o autoconhecimento, que se reflete também no estilo dessa geração: o aesthetic substitui o lifestyle, pois foge da “caixinha” de pertencer a algum grupo específico.
Voltando ao quesito dieta, a pesquisa descobriu que 31% do entrevistados evitam doces e industrializados, enquanto 29% não come carnes ou embutidos por questões de saúde. Além disso, 33% fariam uma dieta de emagrecimento, se fosse necessário.
Atenção aos distúrbios alimentares
Por mais que o equilíbrio e a eterna fase “beta” sejam umas das marcas da geração Z, os transtornos alimentares ainda são um problema.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo tenham algum transtorno alimentar.
As mulheres são os principais alvos dessas doenças. A anorexia tem maior incidência no público de 12 a 17 anos. Por sua vez, a bulimia é mais presente no início da vida adulta.
Mara Maranhão, psiquiatra especialista em transtornos alimentares da UNIFESP, afirma que esses comportamentos “estão relacionados a maiores taxas de mortalidade entre os transtornos mentais”, disse em comunicado ao Ministério da Saúde.