Fungo mortal resistente à medicamentos se espalha nos EUA
Infecções por um fungo mortal da espécie Candida auris estão se espalhando rapidamente e de forma “alarmante” nos Estados Unidos, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) .
Segundo um relatório da entidade, os casos quase dobraram em 2021: passaram de 756 para 1.471. A boa notícia é que pessoas saudáveis não correm risco de ter complicações relacionadas ao fungo Candida auris. No entanto, pessoas com o sistema imunológico comprometido ou que usam dispositivos médicos, como ventiladores ou cateteres, podem sofrer com quadros mais graves ou até morrer.
Além disso, outro ponto de preocupação é que a maioria das infecções diagnosticadas resistiu ao uso de tratamentos. Por isso, o CDC classifica a situação como uma “ameaça urgente relacionada à resistência antimicrobiana”.
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O que é o fungo candida auris?
Também chamado de C. Auris, o fungo representa um grande perigo para a saúde, já que ele resiste aos medicamentos adequados para infecção por fungo. Além disso, o fungo permanece no ambiente por longos períodos, que podem chegar a meses, e resiste a diversos tipos de desinfetantes.
A preocupação dos pesquisadores não é por menos, a contaminação pelo fungo se dá pelas vias respiratórias, ou seja, ao respirar, o que facilita ainda mais a sua proliferação. O Candida auris foi encontrado pela primeira vez em 2009, quando infectou uma mulher de 70 anos. Na sequência, começou a se espalhar pelo continente asiático e, em 2016, já tinha chegado a países como Estados Unidos, Coreia do Sul, Índia e Inglaterra.
Assim, o super fungo causa preocupação, especialmente em espaços hospitalares, haja vista a grande dificuldade para exterminá-lo do ambiente, além de atingir, principalmente, pessoas imunossuprimidas.
Fungo mortal: como começou?
De acordo com Meghan Lyman, infectologista e principal autora do relatório do CDC, um em cada três indivíduos com infecções invasivas por Candida auris morre. Porém, ainda não se sabe avaliar como esse fungo mortal afeta pacientes vulneráveis.
Primeiramente, a infecção surgiu nos EUA em 2016. No entanto, o aumento mais rápido de casos aconteceu entre 2020 a 2021, de acordo com dados publicados no periódico especializado Annals of Internal Medicine. O motivo do aumento, aponta o CDC, está na falta de medidas de prevenção nas unidades de saúde.
Outro fator que parece ter contribuído, segundo a entidade, foi o estresse ao sistema de saúde relacionado à pandemia de Covid-19.
Lyman disse ao canal CBS News que o aumento de acometidos pela doença “enfatiza a necessidade de vigilância contínua, além de expandir a capacidade de laboratórios, criar testes de diagnóstico mais rápidos e criar programas de prevenção e controle de infecções”.
Fungo mortal: E no Brasil?
Outros países também têm visto um aumento nos casos de Candida auris. No Brasil, por exemplo, há casos de três surtos de maior importância relacionados a esse micro-organismo nos últimos anos.
O mais recente aconteceu entre dezembro de 2021 e março de 2022 em um hospital de Recife, em Pernambuco. À época, nove indivíduos foram acometidos. O episódio foi alvo de um estudo publicado no início de 2023 por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).
Segundo os pesquisadores, a Candida auris “requer uma grande vigilância por sua alta capacidade de formar colônias e biofilmes, o que contribui para a disseminação do fungo”.
“A identificação rápida e precisa dessa espécie é essencial para gerenciar, controlar e prevenir infecções”, concluem os especialistas.