Fogão a gás pode ser tão tóxico quanto fumaça de cigarro

Bem-estar Casa Saúde
30 de Junho, 2023
Fogão a gás pode ser tão tóxico quanto fumaça de cigarro

O uso de um único queimador de fogão a gás (também chamado de “boca”) é capaz de elevar a concentração de benzeno dentro das casas acima da encontrada na fumaça passiva do tabaco, diz um novo estudo. A substância tóxica tem ligações com o risco de câncer.

Como funcionou a pesquisa sobre o fogão a gás

Para chegar à conclusão, os pesquisadores da Universidade Stanford (EUA) analisaram as quantidades de benzeno geradas por 87 eletrodomésticos em casas da Califórnia e do Colorado. O artigo saiu na revista Environmental Science and Technology.

Eles notaram, então, que os fogões a gás natural e a propano emitem benzeno em concentrações acima dos limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Assim, aproximadamente 30% das residências apresentaram níveis maiores da substância do que os presentes na fumaça passiva do tabaco – isso quando somente uma boca ficou ligada na potência máxima ou o forno foi ajustado a 180°C por cerca de 45 minutos.

Para você ter uma ideia, quando notou-se o mesmo volume de benzeno perto de escolas do Colorado em 2020, as autoridades locais decidiram investigar a situação.

“Achei surpreendente que as concentrações que desencadearam um clamor público quando foram detectadas ao ar livre são as mesmas que encontramos repetidamente dentro das casas, só de fogões”, disse Yannai Kashtan, principal autor do estudo.

Pesquisas anteriores já tinham identificado os malefícios do fogão a gás no que diz respeito à poluição do ar e aos efeitos para a saúde. Isso porque o aparelho também emite outros gases nocivos, como dióxido de nitrogênio, monóxido de carbono, formaldeído e, às vezes, metano. Contudo, essa foi a primeira vez que os especialistas conseguiram quantificar a formação de benzeno.

Leia também: Afinal, inalar gás de cozinha faz mal? Em excesso, intoxicação pode matar

O que é o benzeno?

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o benzeno está entre os dez maiores problemas químicos para a saúde pública global. Trata-se de um dos produtos orgânicos mais usados em todo o mundo, utilizado como matéria-prima de muitos setores produtivos.

“É altamente inflamável, volátil, pouco solúvel em água e miscível na maior parte dos solventes orgânicos, o que pode facilmente provocar contaminação atmosférica. Por ser uma substância altamente tóxica e cancerígena, exige maior controle e precaução, admitindo-se que não há limite seguro de exposi­ção”, alerta o Ministério da Saúde (MS).

As complicações decorrentes da exposição ao benzeno recebem o nome de benzenismo. Elas podem ser agudas (quando alguém recebe altas concentrações em um curto período), ou, então, crônicas (quando a pessoa tem contato com o composto em pequenas quantidades, mas por tempo prolongado):

  • Complicações agudas: podem surgir aceleração dos batimentos cardíacos, sonolência, dores de cabeça, tontura e dificuldade respiratória. Além de tremores, convulsões e irritação das mucosas oculares e respiratória, por exemplo;
  • Crônicas: anemia, sangramento do nariz, queda do sistema imunológico, aumento do risco de diversos tipos de câncer (como leucemia) e alterações dermatológicas.

Fonte: Benzeno, Ministério da Saúde (MS).

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