Fitoterápicos: saiba identificar quais trazem benefícios à saúde

Alimentação Bem-estar Saúde
24 de Abril, 2023
Fitoterápicos: saiba identificar quais trazem benefícios à saúde

Chás emagrecedores que combinam dezenas de ervas, cápsulas que oferecem curas para várias doenças e loções para tratar diferentes partes do corpo. As promessas dos produtos fitoterápicos irregulares são diversas, mas não há nenhuma eficácia comprovada no uso desses tratamentos.

O mais grave é que o uso excessivo de algumas substâncias, vendidas como “naturais”, pode causar sérios problemas de saúde. Apesar disso, muitos produtos irregulares, ou seja, sem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), continuam à venda livremente pela internet ou em lojas por todo o Brasil.

Por isso, a Anvisa publicou, no final do ano passado, uma cartilha com orientações sobre o uso seguro de fitoterápicos e plantas medicinais. O documento ensina a população a verificar o registro dos produtos junto à agência e a identificar propagandas enganosas e como denunciar irregularidades.

O que são fitoterápicos?

Fitoterápicos são medicamentos obtidos a partir de plantas medicinais e podem ser produzidos apenas por indústrias farmacêuticas ou manipulados em farmácias autorizadas pela Vigilância Sanitária. Dessa maneira, todo fitoterápico industrializado deve ser autorizado pela Anvisa antes de sua comercialização.

A agência verifica sua composição, sua qualidade e seus efeitos terapêuticos, ou seja, se ele tem eficácia para o tratamento que propõe. Já os fitoterápicos manipulados são prescritos por profissionais de saúde e produzidos em farmácias credenciadas.

No entanto, muitos dos produtos vendidos pela internet ou em lojas de produtos naturais não estão regularizados.

“A primeira coisa que o paciente deve fazer é diferenciar se está usando de fato um fitoterápico regulamentado pela Anvisa ou um produto falso”, explica o médico Aécio Flávio Meireles Souza, diretor na Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH).

Benefícios dos fitoterápicos

Apesar dos riscos trazidos pelos produtos ilegais, os benefícios de formulações feitas a partir de plantas medicinais e regularizadas junto à Anvisa também são grandes, como explica a especialista em medicina integrativa do Hospital Israelita Albert Einstein, Silvia Kawakami Pantaleão.

“Muitos fitoterápicos trazem benefícios e são usados há muito tempo, em diversas aplicações. O que é importante é lembrar que não é porque um produto é natural que ele não pode fazer mal. Isto é uma ilusão, mas ainda existem muitas pessoas que pensam assim”, afirma a médica que também é coordenadora do setor de neonatologia do Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch (M’Boi Mirim).

Perigos dos fitoterápicos irregulares

Um dos órgãos do corpo humano mais afetados pelo consumo de fitoterápicos irregulares é o fígado, já que ele metaboliza diversos elementos encontrados nessas fórmulas. O excesso das chamadas substâncias hepatotóxicas (de toxicidade hepática) pode causar lesões no órgão e até levar a quadros de hepatite fulminante.

Assim, muitos dos compostos irregulares listam ervas que trazem riscos ao fígado quando usadas em altas dosagens.

O risco é ainda maior quando os produtos combinam vários ingredientes ao mesmo tempo, como explica o hepatologista Souza. Além disso, os produtos encapsulados, como chás e misturas de ervas em cápsulas, são mais perigosos porque têm uma concentração maior dos princípios ativos tóxicos.

De acordo com o hepatologista, os quadros de hepatite fulminante causados por produtos considerados naturais costumam ser mais graves do que aqueles provocados pelo consumo excessivo de medicamentos. Isso porque os produtos naturais irregulares trazem uma combinação desconhecida de substâncias tóxicas. Por isso, fica mais difícil estabelecer uma relação de causa e consequência entre a ingestão das substâncias e o problema hepático.

“A grande diferença é que quando você tem uma intoxicação por medicamento, a gente já conhece os efeitos de cada formulação. Agora, quando é por fitoterápicos, ervas ou chás, a hepatite fulminante evolui muito mais rapidamente e gravemente. Nem sempre a gente consegue apontar exatamente o que causou. A incidência de transplantes de fígado, nesses casos, é maior”, conta o diretor da SBH.

Leia também: Como a fitoterapia pode ajudar a tratar a ansiedade e a insônia

Chás emagrecedores

Os chás emagrecedores são contraindicados por endocrinologistas porque combinam ervas e plantas medicinais que não auxiliam na perda de peso.

Segundo os especialistas, nenhum chá é capaz de promover o emagrecimento. Na verdade, o que alguns fazem é aumentar a produção de urina, o que pode levar a desidratação e a uma falsa sensação de perda de peso.

Além dos riscos ao fígado, os produtos fitoterápicos irregulares também podem comprometer o funcionamento de outras medicações. É o caso dos que contém carvão ativado.

O carvão vegetal é usado na medicina para tratar casos de intoxicação por medicamentos ou alimentar, já que ele tende a absorver toxinas presentes no sistema digestivo. No entanto, essa capacidade de absorver substâncias também pode ser prejudicial à saúde, como explica a médica Pantaleão, do Albert Einstein.

“O carvão ativado tem muita interação com outros medicamentos. Um dos efeitos mais comuns dele é causar constipação, mas ele também tem esse poder de absorver substâncias, o que pode até cortar o efeito de medicamentos de uso contínuo”, alerta Pantaleão.

“Ele não é emagrecedor. O que ele faz é absorver várias substâncias, e isso pode atrapalhar a absorção de substâncias importantes para o organismo, como vitaminas e minerais”, completa o hepatologista.

Registro na Anvisa 

Para evitar as complicações relacionadas ao uso de produtos irregulares, é importante verificar sempre se um produto fitoterápico tem registro ou notificação ativa junto à Anvisa.

Os fitoterápicos registrados trazem o número de registro na embalagem. Já os fitoterápicos notificados não têm número de registro, mas uma frase que indica que ele foi notificado. Para verificar se o registro não é falsificado, é preciso consultar o nome do fitoterápico, seja ele registrado ou notificado, no site da Anvisa.

Outro indício de que o produto é irregular é a presença de muitas ervas misturadas em uma mesma formulação. De acordo com a Anvisa, atualmente não há produtos regularizados contendo grande quantidade de plantas medicinais.

Seguindo esses critérios, a chance de encontrar um produto fitoterápico que realmente traz benefícios reais à saúde é muito maior. Ainda assim, muitos médicos recomendam que seus pacientes consultem especialistas antes de iniciar o uso dos produtos à base de plantas medicinais.

“Os fitoterápicos são ótimos como opções para a população. Não é à toa que cerca de 40% dos medicamentos que a gente tem foram criados a partir de plantas medicinais”, explica Souza.

Fonte: Agência Einstein

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