Fazer caminhadas na gravidez diminui risco de precisar de cesárea

Gravidez e maternidade Saúde
28 de Maio, 2024
Fazer caminhadas na gravidez diminui risco de precisar de cesárea

Fazer caminhadas regulares na gravidez diminui o risco da gestante precisar de uma cesárea. Pelo menos é o que revela um novo estudo feito pelo Hospital Rambam Heatlh Care Campus, em Israel. Manter-se ativa, diz a pesquisa, impacta positivamente na saúde da grávida e do bebê e a via de parto.  

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam 401 mulheres com gravidez única. No período de janeiro a julho de 2023, todas desejavam ter um parto normal. O número de passos diários das participantes foi contabilizado por meio de um aplicativo de celular. Segundo o estudo, conforme a gestação avançava, foi possível notar a queda gradual na quantidade de passos diários. As voluntárias chegaram a à média de 3.184, 2.700 e 2.152 no primeiro, segundo e terceiro semestres da gestação, respectivamente.  

“Esses dados foram relacionados com os resultados perinatais, ou seja, do período que compreende a gravidez, o parto e o puerpério, e os resultados adaptados a idade, IMC (Índice de Massa Corporal) e histórico obstétrico das participantes. Foi possível concluir que as mais ativas, que chegaram a 3 mil passos diários, aproximadamente, tiveram uma redução significativa na realização de cesáreas. Além disso, também diminuiu a incidência de diabetes gestacional, hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. Essas mulheres também fizeram um menor uso de anestesia peridural e tiveram menos hemorragia pós-parto”, explica o professor Ron Beloosesky, diretor da Unidade de Ultrassom Pré-natal do hospital em Israel e um dos autores do estudo.  

Leia mais: Exercícios físicos ideais para cada fase da gestação

Fazer caminhadas na gravidez = menos intervenções no parto 

De acordo com o estudo, as voluntárias com a média de 3 mil passos diários usaram menos anestesias epidurais do que as que andaram 2.600 passos por dia. Também foi possível notar menos complicações resultantes de sangramento pós-parto naquelas que deram 2.800 passos por dia, se comparadas com as que deram 2.160 passos.  

Já os riscos de pré-eclâmpsia e diabetes gestacional diminuíram em mulheres que conseguiram chegar a 2.829 passos todos os dias. As gestantes que andaram cerca de 2.098 passos diários se tornaram mais propensas ao parto cesárea do que as que contabilizaram 2.821, em média.  

 O estudo israelense confirmou o que já havia sido apontado em trabalhos anteriores: o importante papel da atividade física contra a diabetes gestacional e a hipertensão arterial, as principais doenças presentes na gravidez. “Isso acontece porque os exercícios melhoram a performance do coração e da circulação sanguínea e facilitam a entrada da glicose nas células, evitando que ela fique em excesso na circulação e passe para o bebê”, explica Romulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia e medicina fetal do Hospital Israelita Albert Einstein.  

Agora temos demonstrada também a relação entre a prática diária de esportes e a menor taxa de cesariana, que sabidamente apresenta mais complicações do que o parto vaginal”, acrescenta o médico.  Mais do que apontar todos os ganhos obtidos pelas grávidas que se mantêm ativas, o trabalho evidenciou a quantidade mínima de caminhada nessa fase para que se possa obter benefícios: menos 2.094 passos por dia. O valor pode chegar não só pela prática de atividades físicas. Ir e voltar a pé do trabalho, da padaria ou do mercado ou mesmo trocar o elevador pelas escadas também conta.  

Outros resultados

De forma geral, a pesquisa contabiliza de forma precisa o número de passos ideais para as gestantes. No entanto, a recomendação é que esse valor seja apenas uma média. Assim, as gestantes devem ter consciência de que cada passo faz diferença e que o mais importante é estarem ativas.

Os médicos ressaltam que, nessa fase da vida da mulher, é essencial prestar atenção em alguns detalhes. “O 2 trimestre é o melhor para a prática de exercícios mais intensos. Isso porque no primeiro é preciso um cuidado redobrado, já que acontece a maior parte da formação dos órgãos do feto. No terceiro trimestre, o feto está maior e a gestante pode sentir mais dor lombar. Por isso, nessa fase o ideal é moderar a intensidade”, orienta o ortopedista e traumatologista especializado em medicina do esporte Victor Matsudo. Ele também é diretor científico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, em São Paulo.

As gestantes também devem conhecer a forma como o organismo reage a estímulos. Desse modo, numa escala de 0 a 10, não ultrapassar 6. “Um bom parâmetro é que ela consiga conversar tranquilamente durante a prática. Além disso, é preciso ficar atenta para que a sua temperatura corporal não suba muito. Isso porque, segundo alguns estudos, pode provocar a má-formação fetal”, adverte.  

Outro ponto importantíssimo é manter a frequência cardíaca abaixo de 140 batimentos por minuto, pois isso pode afetar o fluxo da placenta e consequentemente a nutrição do bebê.  

Outras atividades além de fazer caminhada

Os especialistas afirmam que, a princípio, nenhuma atividade física é contraindicada na gravidez. A gestante deve procurar aquela que mais a satisfaz e de preferência contar com a orientação e supervisão de um profissional de educação física. “Entretanto, após o quinto mês, modalidades que envolvem o contato físico intenso, como futebol e artes marciais, devem ser evitadas, pois podem levar a traumas abdominais, riscos consequentes de descolamento da placenta e, em casos mais graves, até a ruptura do útero”, alerta Negrini.  

Já as grávidas que apresentam quadros como pressão alta de difícil controle, ruptura muito precoce das membranas, alterações de ritmo e frequência cardíacas, pré-eclâmpsia ou algum quadro infeccioso devem consultar um médico antes de começar a atividade física. Aliás, conversar com o seu obstetra e fazer um acompanhamento bem de perto é muito importante para que as gestantes se mantenham ativas. 

Fonte: Agência Einstein.

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