Gordura abdominal em excesso é fator de risco para complicações da Covid-19
A ciência já sabe que a obesidade é um fator de risco para a Covid-19. Contudo, de acordo com uma pesquisa recente realizada em Milão — e apresentada no Congresso Europeu sobre Obesidade —, a gordura abdominal pode estar ainda mais relacionada com as complicações da doença.
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Gordura abdominal como fator de risco para Covid: como funcionou a pesquisa
Para chegar à conclusão, os cientistas do Instituto de Hospitalização e Cuidado Científico Policlínico San Donato analisaram exames de raio-X de 215 pacientes. Depois, dividiram as imagens dos pulmões em três aspectos. E, por fim, deram notas de zero a três para cada uma das categorias — sendo zero para desempenho pulmonar normal e três para função ruim.
Como resultado, os pesquisadores descobriram que indivíduos com grandes percentuais de gordura abdominal tiveram resultados significativamente maiores (média 9, o que quer dizer um pior funcionamento do pulmão). Já as pessoas com obesidade tiveram uma média 6.
Gordura abdominal é fator de risco para a Covid-19
Primeiro, vale entender: o acúmulo de gordura abdominal é a gordura localizada ao redor da cintura. Por outro lado, a obesidade geral é determinada pelo IMC (índice de massa corporal).
E uma possível explicação para a relação observada pelo estudo está na insulina — hormônio produzido pelo pâncreas que coloca a glicose presente no sangue para “dentro” das células. Isso porque quanto maior a concentração de gordura na região da barriga, mais dificuldade para agir a insulina tem, causando um excesso da substância no corpo.
“O problema é que insulina demais gera ganho de peso (ela é um hormônio que produz energia), estabelecendo um ciclo vicioso. Como o pâncreas tem sua demanda metabólica muito aumentada (trabalha muito acima da capacidade que deveria), pode não conseguir mais manter o ‘ritmo de produção’. Daí, surgem as alterações, que englobam: glicemia de jejum alterada, intolerância ao carboidrato e até diagnóstico de diabetes”, explica a médica endocrinologista Claudia Chang, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
E, como já é sabido pela ciência, a resistência à insulina também é um fator de risco para complicações da Covid-19.
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Como medir a gordura abdominal?
Segundo a endocrinologista, a melhor forma é calculando a circunferência abdominal na linha do umbigo — com a ajuda de uma simples fita métrica. Desse modo, são considerados valores ideais:
- Homens: menos de 102 centímetros de circunferência;
- Mulheres: menos de 88 centímetros de circunferência.
É possível reverter o processo de resistência à insulina?
Sim! Em alguns casos, profissionais recomendam o uso de medicamentos. Contudo, modificações no estilo de vida também são bastante eficazes. “O ideal seria mudar hábitos alimentares. Como diminuir a ingestão de carboidratos simples (açúcar refinado) e dar preferência aos carboidratos complexos (arroz e pão integrais). Além disso, comer mais proteína ajuda a diminuir a fome e aumentar a sensação de saciedade, pois ela atua diretamente nos níveis de grelina e de outros hormônios responsáveis por regular o apetite e aumentar o metabolismo. Mas é indicado sempre o acompanhamento médico”, diz a especialista.