Escleroterapia para vasinhos e varizes: saiba tudo sobre o tratamento estético e terapêutico

Saúde
10 de Agosto, 2022
Escleroterapia para vasinhos e varizes: saiba tudo sobre o tratamento estético e terapêutico

O nome pode parecer difícil, mas a escleroterapia é um tratamento considerado simples e indicado para tratar vasos e varizes com finalidade estética e/ou terapêutica. Dessa forma, auxilia no alívio dos sintomas relacionados, como dor, cansaço, inchaço e coceira nas pernas. E o melhor: sem a necessidade de realizar cirurgias ou métodos mais agressivos, ou seja, é minimamente invasivo. Por essa razão, é uma técnica muito vantajosa, afinal o paciente não se afasta da sua rotina, da família ou trabalho. Entenda.

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Em linhas gerais, como funciona?

Durante o procedimento, o médico aplica no paciente substâncias, como espuma ou glicose, ou laser diretamente nos vasos. Esses materiais ajudam o próprio corpo a devolver a normalidade às pernas, porque são capazes de redirecionar a circulação sanguínea, eliminando vasinhos e varizes e, consequentemente, evitam dores incômodas e melhoram o aspecto estético das pernas.

Conversamos com a Dra. Evelyn Boliani, cirurgiã vascular e endovascular, e ela nos explicou que os profissionais aptos a realizar a escleroterapia são o dermatologista e o angiologista/médico vascular. Isso porque, apesar de ser minimamente invasivo, o procedimento envolve o sistema vascular do paciente.

Quais são os tipos?

O tratamento é classificado de acordo com o material usado para promover a eliminação das varizes. Os principais tipos de escleroterapia são: 

  • Escleroterapia com glicose: indicada para as telangiectasias, chamada popularmente de vasinhos. O nome médico designa os vasos sanguíneos que ficam logo abaixo da pele, com menos de um milímetro de espessura, como vasos vermelho-arroxeados, planos e superficiais. 
  • Escleroterapia com laser transdérmico: indicada para veias reticulares que são esverdeadas, planas ou com mínima dilatação, um pouco mais profundas na pele em relação às telangiectasias. Atualmente, combina-se o laser à aplicação de glicose 75% para melhor resultado no tratamento das veias reticulares. 
  • Escleroterapia com espuma: indicada para tratamento de varizes que são veias dilatadas, tortuosas e de coloração azul-esverdeada. Atualmente, é possível, inclusive, o tratamento da veia safena com espuma de polidocanol nas concentrações de 2 e 3%, substituindo a cirurgia em casos selecionados. 

“A indicação da melhor técnica para cada tipo de vaso é sempre do médico especialista. Assim, para a tomada de decisão, ele vai considerar o calibre do vaso, a localização, a cor da pele do paciente, dentre outros fatores técnicos”, explica a Dra. Evelyn.

Afinal, quais substâncias são aplicadas na escleroterapia?

A técnica ficou consagrada como aplicação de glicose 75% na forma líquida. Posteriormente, surgiu o polidocanol em diferentes concentrações (0,25..0,5..1,0..2,0 e 3,0%), que também pode ser utilizado na forma líquida, mas mais conhecido sob a forma de espuma. Tanto a glicose quanto o polidocanol geram inflamação do vaso que culminará no seu fechamento e, consequentemente, no seu desaparecimento. 

Etapas para iniciar o tratamento

Segundo a cirurgiã vascular, a escleroterapia ocorre em duas etapas, a funcional e a estética. “Mesmo que o paciente tenha apenas queixas estéticas, deve-se realizar exame físico detalhado com uso de aparelhos que identificam veias profundas, muitas vezes nutridoras dos pequenos vasos que geram o incômodo estético.”

A especialista ainda ressalta que antes de iniciar o tratamento, todos os pacientes devem realizar o exame de ultrassom venoso com doppler para mapear essas possíveis veias profundas que possam vir a dificultar ou mesmo impedir o bom resultado do tratamento.

“Se identificadas veias nutridoras e responsáveis pelos sintomas, elas serão tratadas primeiramente por cirurgia ou aplicação de espuma. Em segundo lugar, partimos para o refinamento estético com laser transdérmico e/ou aplicação de glicose, quando houver desejo do paciente.”

No caso de indivíduos com feridas secundárias à presença de varizes, indica-se a escleroterapia com espuma para acelerar a cicatrização das lesões. 

Contraindicações para a escleroterapia

  • Para o procedimento com glicose: diabetes de difícil controle, com manutenção de taxas elevadas de glicose no sangue;
  • Para o procedimento com espuma: doenças pulmonares como asma, bronquite, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica); portadores de insuficiência cardíaca; pacientes com forame oval patente – uma alteração no coração que predispõe ao AVC. 

Além disso, gestantes, mulheres amamentando, pacientes com câncer ativo e com histórico de alergia aos componentes não devem realizar escleroterapia.

Existe um preparo antes do tratamento?

De acordo com a Dra. Evelyn Boliani, não há necessidade de preparo para a escleroterapia. No entanto, uma pele bem hidratada responde melhor ao procedimento, com menor formação de hematomas.

Como é feito o procedimento

A escleroterapia, qualquer que seja a modalidade citada acima, é um procedimento simples, realizado em consultório, pouco doloroso e geralmente bem tolerado. Apesar de não requer anestesia, algumas técnicas podem ser utilizadas para reduzir a sensibilidade dolorosa. Por exemplo: inalação de óxido nitroso, aromaterapia, musicoterapia, cromoterapia e resfriamento da pele no local a ser tratado. 

“Após a aplicação são deixados curativos por períodos variados, e após a retirada dos curativos utilizamos cremes e pomadas para a recuperação da pele e eliminação dos hematomas. Em geral, pedimos para evitar o sol enquanto persistirem os hematomas”, descreve a Dra. Evelyn.

Quantas sessões são necessárias para a escleroterapia?

A especialista comenta que os resultados se somam a cada sessão, afinal, a escleroterapia é um tratamento. “Eu diria que quase nunca é possível ter resolução completa com apenas uma sessão”.

Possíveis efeitos colaterais

A Dra. Evelyn esclarece que, quando realizada com a técnica adequada, respeitando as doses e as concentrações recomendadas, bem como as contraindicações, não há efeitos colaterais e a recuperação é bem tranquila. “Nos casos em que são tratadas varizes calibrosas com espuma, em geral, recomendamos o uso de meias de compressão graduada durante o dia, por períodos variados.”

Cuidados após a escleroterapia

As indicações são:

  • Manter os curativos pelo tempo orientado;
  • Utilizar as meias de compressão graduada quando indicadas;
  • Passar os cremes e pomadas;
  • Evitar o sol enquanto durarem os hematomas.

Além disso, não há necessidade de repouso, podendo o paciente retornar imediatamente para suas atividades do dia a dia.

Resultados

A médica vascular esclarece que o tempo para desaparecimento do vaso depende do seu calibre. “Quanto mais calibroso, mais vezes ele deve ser exposto à inflamação gerada pela escleroterapia. No entanto, a cada sessão é possível notar os vasos mais finos e mais claros.”

Retorno médico: qual é a frequência?

Uma vez finalizado o tratamento, a Dra. Evelyn diz que a recomendação é “uma nova visita ao angiologista/cirurgião vascular em 6 a 12 meses para revisão e manutenção”. Pois, a insuficiência venosa crônica, que representa a doença responsável pela formação de vasos e varizes, não tem cura e sim controle.

“Outro alerta importante: sempre realize a escleroterapia com profissional habilitado e autorizado à prática do procedimento, sob risco de sérias complicações à sua saúde, por vezes irreversíveis”, aconselha Dra. Evelyn. E não se esqueça: Se você sentir dor, cansaço, inchaço nas pernas, especialmente ao final do dia, e tem notado o aparecimento de veias dilatadas e/ou manchas acastanhadas, procure um angiologista/cirurgião vascular para avaliação e tratamento.

Controle e prevenção

A princípio, adotar hábitos saudáveis pode ajudar no controle do aparecimento de novos vasos e varizes. Dessa forma, segundo a cirurgião vascular Anna Sarpe, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), os principais cuidados preventivos são: 

  • Praticar exercícios físicos regularmente;
  • Manter o peso, isto é, evitar sobrepeso e obesidade;
  • Não ficar na mesma posição (em pé ou sentado) por muitas horas;
  • Hidratar-se bem;
  • Manter uma alimentação saudável;
  • Por fim, utilizar meia elástica de compressão graduada.

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Fonte: Dra. Evelyn Boliani, Cirurgia Vascular, Endovascular e Radiologia Vascular Intervencionista. CRM: 145.266 e RQE: 69.912
Residência Médica em Cirurgia Vascular no Hospital Ipiranga (SP) e Especialização em Radiologia Vascular Intervencionista e Cirurgia Endovascular pelo Hospital das Clínicas – HCFMUSP.

Referências:

  • Mundo Educação;
  • Anna Sarpe, cirurgiã vascular, especialista em cirurgia vascular pela Associação Médica Brasileira (AMB) e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV);
  • Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular.

Sobre o autor

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