Introdução alimentar: conheça os 6 erros mais comuns nessa fase
Frutas coloridas, sabores novos e texturas diferentes marcam o início da introdução alimentar. Esse período de descobertas do bebê vai além de uma etapa comum do desenvolvimento. Na verdade, essa é uma excelente oportunidade para ensinar hábitos saudáveis. Mas no meio do caminho podem surgir algumas dúvidas e problemas inesperados. Como, então, se preparar para enfrentá-los? A seguir, confira os maiores erros durante a introdução alimentar.
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Introdução alimentar: conheça os erros mais comuns
1 – Oferecer apenas papinhas líquidas
Liquidificador, mixer ou peneiras são instrumentos muito utilizados para deixar a refeição do bebê mais líquida. Porém, um dos objetivos da introdução alimentar, é a progressão de texturas e consistências. Portanto, preparações líquidas impedem a criança de construir novas formas de engolir e de sentir diferentes texturas e sabores.
“Não devemos oferecer as papas batidas no liquidificador ou passadas na peneira. Podemos apenas amassar com garfo e as proteínas são picadas e desfiadas. Isso estimula a mastigação desde o início da introdução alimentar”, diz Elisabeth Fernandes, médica pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
2 – Colocar sal ou açúcar nas refeições
Diferente dos adultos, os bebês ainda não sentem falta de sal e açúcar na comida. Muito menos de outros condimentos. Por isso, a estratégia de inserir esses solutos na introdução alimentar é desnecessária.
“Açúcar e sal não devem ser introduzidos durante a introdução alimentar, até os 2 anos para o primeiro e até o 1o ano, para o segundo. Estes sabores já são naturalmente aceitos e em excesso podem atrapalhar a aceitação dos demais sabores. Além disso, são elementos presentes ao longo da vida e os principais agentes relacionados à obesidade e às doenças metabólicas no futuro”, complementa a pediatra Anna Bohn.
Mel também não deve ser introduzido no primeiro ano de vida pelo risco de botulismo, além de ser um sabor intensamente adocicado.
3 – Erros na introdução alimentar: Não variar os alimentos e a forma de preparo
Se o bebê não conhece nada além do leite, então ele precisa de um tempo para conhecer a aprender a comer bem e de forma saudável. Então, esse é o momento de variar o cardápio e inserir alimentos de todos os grupos alimentares, como tubérculos, leguminosas, proteínas, verduras e frutas.
4 – Incluir industrializados e fast foods
Produtos ultraprocessados e industrializados não trazem benefícios e não devem ser introduzidos nessa etapa. Entretanto, sabemos que em algum momento as crianças entrarão em contato. Por isso, quanto mais retardamos essa exposição, principalmente até os 2 anos de vida, quando o paladar e hábitos estão sendo moldados de forma inicial, melhor.
5 – Relacionar a comida com distrações
Outro ponto comum que atrapalha a experiência alimentar é usar distrações como telas, música ou excesso de brinquedos e brincadeiras para melhorar a aceitação do alimento. Algumas mães podem ter a percepção de que esses recursos tornam a alimentação mais rápida, mas não se dão conta que estão perdendo oportunidades para ensinar às crianças mais autonomia e interesse pela comida.
Além disso, nesse momento, é essencial prestar atenção à postura e ao local de alimentação. “A criança precisa estar bem sentada, com pouco apoio, pés apoiados, na altura da mesa ou bancada próximo, para que possam participar ativamente da alimentação”, diz Anna.
6 – Erros na introdução alimentar: Forçar a alimentação
Por conta da ansiedade familiar e expectativas em relação à alimentação, algo muito comum é que os pais forcem a alimentação, tornando a refeição um momento estressante, sem observar os sinais de saciedade.
Afinal, o que priorizar na introdução alimentar do bebê?
O primeiro passo é garantir a variedade de nutrientes que formam uma alimentação saudável. Então, além das clássicas frutinhas, pediatras orientam que a rotina alimentar contemple todos os grupos alimentares, são eles:
- Cereais e tubérculos – arroz, batata, mandioquinha, macarrão e milho.
- Leguminosas – feijões variados, lentilha, grão de bico, soja, ervilha etc.
- Legumes e verduras – cenoura, abobrinha, beterraba, berinjela, escarola, couve, espinafre e brócolis.
- Proteínas – carne de boi, frango, porco e peixe.
Hábitos poderosos
A fase da introdução alimentar é uma janela de oportunidades interessante para os pais ensinarem hábitos positivos na relação com a comida de forma participativa, com variedade alimentar e progressão de texturas ao longo do processo.
Por isso, o momento pede paciência para introduzir alimentos aos poucos e diversas vezes. Essa construção vai permitir uma exposição a diferentes paladares, aumentando a chance de uma boa alimentação no futuro.
“A sedimentação dessas habilidades depende de repetir comportamentos que são observados. Por isso, é essencial se organizar para fazer refeições em família para que a criança construa uma boa aceitação alimentar através de modelos”, aconselha a pediatra Anna.
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Cuidado com os alergênicos
Para evitar erros na introdução alimentar, é importante iniciar, desde o primeiro momento, a apresentação dos alimentos potencialmente alergênicos, pois há nessa fase um menor risco de alergia. Estes alimentos são: ovo, aveia, peixes e frutos do mar e castanhas como amendoim.
Na hora certa
A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Ministério da Saúde é que a introdução alimentar seja iniciada aos 6 meses. Mas além do tempo de vida, o bebê também precisa demonstrar sinais que está pronto para avançar nessa etapa. Veja quais são eles:
- Sustentar pescoço e tronco
- Ter interesse e curiosidade pelos alimentos que os pais estão comendo
- Redução do reflexo de esticar a língua para fora da boca, pois esse movimento da língua acaba empurrando a comida para fora da boca.
Antes desse período, a introdução alimentar é contraindicada, como explica a pediatra Elisabeth Fernandes:
“Não devemos começar antes dos 4 meses em hipótese alguma, pois isso pode levar a uma redução da ingesta de leite materno, possibilidade de desmame precoce, e pode causar deficiências de vitaminas e minerais. Além da possibilidade de causar reações gastrointestinais devido à imaturidade do trato gastrointestinal, há maior risco de alergias alimentares”.
Por outro lado, atrasar a adição de alimentos na rotina do bebê também é prejudicial. A médica explica que, após os 6 meses, o leite materno não consegue suprir 100% das necessidades nutricionais do bebê sem a introdução alimentar no momento certo. Dessa forma, a criança pode ter uma redução do ganho de peso e alteração do desenvolvimento.
Selecione bem no supermercado
Agora que você já sabe como ensinar hábitos mais saudáveis para o seu pequeno, é o momento de entrar no supermercado. Nesse momento, a prioridade é comprar alimentos diferentes, priorizando uma boa procedência e marcas confiáveis. Além disso, Anna explica que é preciso tomar cuidado com o excesso de agrotóxicos ou hormônios artificiais nos alimentos.
“Quando possível, vegetais e frutas orgânicas trazem benefícios grandes à saúde da família como um todo. Comprar alimentos in natura, sem ultraprocessados e industrializados, é muito importante durante a introdução alimentar, mas deve ser mantido como rotina ao longo de toda infância”, complementa.
Preparação do alimento também é essencial
Ao preparar os alimentos, os pais devem buscar cozinhar bem os alimentos de origem animal pois os crus têm maior risco de contaminação e transmissão de doenças. Os produtos vegetais devem ser sempre higienizados com água e após soluções desinfetantes.
Todos os alimentos devem ser muito bem lavados em água corrente e se possível colocar de molho por 10 minutos em solução de hipoclorito de sódio 2,5% (20 gotas de hipoclorito para um litro de água), ou vinagre para evitar possíveis contaminações.
Mãos à obra!
Com tudo pronto, é só investir na aparência da comida do bebê. Afinal, o ‘comer com os olhos’ é real e pode chamar a atenção das crianças para os alimentos. Nessa etapa, vale investir em rostinhos simpáticos, formas de aviões, carros, flores… vale tudo para atrair os pequenos. Por outro lado, os cuidados também não podem ficar de fora:
“É possível oferecer alimentos amassados, em textura de purê ou em pedaços maiores. Entretanto, se utilizar a apresentação de alimentos maiores, deve-se atentar aos formatos seguros e com atenção ao engasgo durante todo e qualquer processo”, recomenda a Dra. Anna.
Além disso, quando em formato de purê, a progressão de consistência deve respeitar as habilidades de deglutição e aparecimento de mastigação.
Fontes:
- Dra. Anna Bohn, médica pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
- Dra Elisabeth Fernandes, médica pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria.