Embolia pulmonar: o que é, causas, sintomas e tratamento
A embolia pulmonar, também chamada tromboembolismo pulmonar, é uma doença potencialmente grave que pode ser assintomática ou limitar a qualidade de vida de um indivíduo. Em ambos os casos, é importante investigar a causa e buscar tratamento para evitar complicações e o estado crônico da enfermidade.
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O que é embolia pulmonar?
O problema de saúde afeta o sistema vascular dos pulmões devido à formação de coágulos (êmbolos) que se movimentam para a região. Como resultado, as artérias pulmonares sofrem a obstrução, pois esses coágulos atrapalham o fluxo de sangue e oxigênio para outras partes do corpo. “Na maioria das vezes, os coágulos se desenvolvem nas veias profundas das pernas e se locomovem pelo sistema de drenagem venoso até chegar à vasculatura dos pulmões”, explica José Rodrigues Pereira, médico pneumologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Causas
De acordo com Pereira, há muitos motivos e fatores de risco para a embolia pulmonar. Algumas delas:
- Obesidade.
- Traumas variados que podem inflamar vasos e artérias.
- Viagens aéreas acima de 3h.
- Alterações e predisposição genética, como a trombofilia (maior facilidade de formação de coágulos).
- Tabagismo.
- Uso de medicamentos e mudanças hormonais.
- Doenças pulmonares, como a DPOC.
- Anemia falciforme.
- AVC (acidente vascular cerebral).
- Enfermidades do coração (insuficiência cardíaca, por exemplo).
- Cirurgias.
- Gravidez.
- Câncer.
Como você viu, a lista é extensa — e ainda há muitos outros agravantes para a situação. “Por exemplo, a infecção por Covid-19. A pessoa fica mais suscetível ao quadro de hipercoagulação, mesmo em casos mais brandos. No entanto, quanto mais grave, maiores a chances de isso ocorrer”, acrescenta o médico. “Basicamente, nosso organismo produz substâncias pró-coagulantes e anticoagulantes. Então imagine uma espécie de ‘cabo-de-guerra’ para manter o equilíbrio desses opostos. Assim, quando acontece alguma situação na qual essa ordem é afetada, a produção de substâncias pró-coagulantes aumenta, resultando na embolia pulmonar”, ensina.
Tipos de êmbolos
Além do coágulo sanguíneo, outros corpos estranhos podem ser responsáveis pela embolia pulmonar. Embora sejam mais raros, exigem o mesmo cuidado médico para prevenir complicações. Por exemplo:
- Gorduroso: fraturas e alguns procedimentos, como cirurgias ortopédicas, podem provocar o vazamento de gordura para a corrente sanguínea, levando à obstrução arterial dos pulmões.
- Líquido amniótico: mais comum em partos normais e difíceis, o líquido amniótico da bolsa escapa para as veias pélvicas da mãe. O líquido possui vários fluidos e substâncias densas produzidas por mãe bebê durante a gestação — então esses pedaços podem virar êmbolos se caírem na corrente sanguínea.
- Administração de medicamentos intravenosos com material infectado.
- Bolhas de ar decorrentes do mau posicionamento de um cateter ou de cirurgia vascular.
- Células malignas cancerosas (êmbolos tumorais).
Sintomas da embolia pulmonar
Em muitos casos, a enfermidade pode ser incômoda, com:
- Dor torácica.
- Dificuldade para respirar profundamente e falta de ar.
- Cansaço súbito, até mesmo em momentos de repouso.
- Tosse com sangue (hemoptise).
- Queda da oxigenação (verificada pela saturação de oxigênio) ou mudança na cor das extremidades dos dedos das mãos e pés (cianose).
Pereira explica que o oposto pode acontecer: a pessoa não sente nenhum sintoma, mas acaba desmaiando sem motivo. “Essa perda de consciência abrupta ocorre porque o coágulo pode bloquear rapidamente a artéria pulmonar, ao mesmo tempo em que reduz o fluxo de sangue para o cérebro. Dessa forma, o desmaio é uma reação do organismo, que demora um pouco para buscar alternativas da drenagem do sangue”.
Diagnóstico
A análise clínica, que inclui a observação dos sintomas, histórico de doenças e prováveis fatores de risco é o primeiro passo para o diagnóstico. Com a suspeita, o médico solicita exames que ajudam a confirmar a doença. “A princípio, utilizamos um exame de sangue de triagem, o dedímero, cujos valores ajudam a identificar ou descartar o quadro. Se houver alterações importantes, encaminhamos o paciente para uma tomografia computadorizada com contraste. Ou, caso a pessoa tenha algum tipo de alergia ou disfunção renal, recorremos à cintilografia de ventilação hiperfusão pulmonar. Com ela, verificamos o caminho do ar e do sangue. Em um pulmão saudável, o sangue e o ar chegam ao mesmo tempo. Entretanto, no caso de embolia, ocorrem falhas nesse fluxo, que indicam a hipótese de obstrução”, explica o médico da BP – Beneficência Portuguesa.
Tratamento da embolia pulmonar
A conduta médica varia de acordo com a gravidade e situação de saúde da pessoa. Em geral, o tratamento inicial necessita de oxigênio e heparina, a fim de frear o crescimento ou a criação de novos êmbolos. Esse tratamento com anticoagulantes pode durar de meses a anos, dependendo do nível de comprometimento causado pela embolia. Embolias crônicas “matam” uma parte do tecido pulmonar, que pode limitar o condicionamento físico definitivamente. Por isso, as linhas de cuidados têm a finalidade de conter o avanço do problema. Outras linhas de tratamento incluem:
- Uso de medicamentos trombolíticos, que dissolvem o êmbolo.
- Outros anticoagulantes alternativos à heparina: varfarina, dabogatran, edoxaban e apixaban, por exemplo.
- Cirurgia de implantação de filtro na veia cava para evitar a circulação dos êmbolos nas áreas de risco — indicada quando a pessoa não pode tomar anticoagulantes ou cujo tratamento oral não está ajudando.
- Procedimento de retirada cirúrgica dos êmbolos em pacientes com risco de vida.
Perguntas frequentes
A embolia pulmonar pode matar?
A condição pode ser mortal, mas há uma série de fatores para isso acontecer. Portanto, é fundamental fazer consultas e exames de rotina a cada seis meses ou um ano para evitar essa fatalidade. Afinal, muitas pessoas não sentem os sinais da doença ou adiam a visita médica por muito tempo.
Quais são as complicações?
Além da morte, a embolia pulmonar pode se tornar crônica, fazendo com que a pessoa fique sempre mais cansada do que o normal. Isso pode durar alguns meses ou pelo resto da vida, se a perda do tecido pulmonar foi muito significativa. Os quadros crônicos se manifestam se há uma resistência ao tratamento ou predisposição ao desenvolvimento de novos coágulos. Por fim, a embolia também pode causar a hipertensão pulmonar: os coágulos não se desintegram e provocam cicatrizes que aumentam a pressão sanguínea dos vasos pulmonares.
Qual a diferença entre trombo e êmbolo?
Esta é uma dúvida muito frequente. A princípio, ambos são coágulos de sangue, mas a diferença é que o trombo permanece preso à parede de um vaso sanguíneo e provoca o bloqueio do fluxo. Surge, então, o quadro de trombose. Por sua vez, o êmbolo se movimenta pela corrente sanguínea, até se instalar em um vaso de calibre mais estreito e fica preso. Aqui, falamos de embolia pulmonar, mas o problema pode surgir em outros locais, como no cérebro — o qual chamamos embolia cerebral.
Qual médico pode diagnosticar e tratar a embolia pulmonar?
O médico pneumologista é um especialista em pulmões e doenças relacionadas ao órgão. Contudo, ao ir ao pronto-socorro, o primeiro contato pode ser com um clínico geral, que faz a avaliação inicial e encaminha o paciente à especialidade adequada.
Fonte: José Rodrigues Pereira, médico pneumologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.