Emagrecer demais com bariátrica é comum? Caso de mulher impressiona

Saúde
06 de Abril, 2023
Emagrecer demais com bariátrica é comum? Caso de mulher impressiona

A cirurgia bariátrica é uma boa aliada de muitos pacientes com obesidade. No entanto, alguns casos de efeitos colaterais podem assustar as pessoas que têm indicação ao procedimento. Um episódio recente é o da americana Tracey Hutchinson, de 52 anos, que está sofrendo por emagrecer demais depois da cirurgia.

A mulher virou notícia em veículos do mundo todo por estar “pele e osso”, porque não consegue estacionar o peso. Será que esse tipo de complicação é algo esperado ou há controvérsias? A seguir, saiba mais.

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Do sonho do peso ideal ao dilema de emagrecer demais

Em diversas entrevistas, Tracey contou que sempre teve problemas com sobrepeso. Na primeira tentativa de emagrecer, ela ficou por três anos na fila do sistema de saúde até receber o aval para implantar o balão intragástrico. A técnica é menos invasiva, mas, segundo a paciente, não conseguiu alcançar o peso desejado com a opção.

Dessa forma, recorreu à cirurgia bariátrica na Turquia no começo de 2022, afirmando que o país oferece preços mais competitivos para esse tipo de procedimento. Em resumo, Tracey pulou de 102 kg para 66 kg (seu peso “ideal”) em apenas alguns meses. No entanto, mesmo com a meta alcançada, continuou a emagrecer demais — hoje, ela está com 41 kg.

A cirurgia bariátrica pode causar esse tipo de efeito?

Ao ler estas linhas, provavelmente você se perguntou sobre essa possibilidade. Para o endocrinologista Bruno Geloneze, tal adversidade é incomum, e observa uma “má condução” do tratamento de Tracey.

Na opinião do especialista, optar pelo balão intragástrico foi o primeiro equívoco, já que a técnica não é a mais eficaz para a obesidade grau III por ser de curto prazo. “Por ser uma doença crônica, que requer meios definitivos para controle, o balão intragástrico age por apenas seis meses”, diz.

Todavia, para aderir à cirurgia bariátrica, Geloneze crê que Tracey não teve o devido acompanhamento prévio. “Para que [o procedimento] tenha sucesso, é necessária uma boa assistência no pré-operatório. Todas as sociedades médicas do mundo recomendam, pelo menos, dois anos de monitoramento clínico antes de partir para a cirurgia. Pelo que a paciente conta, é praticamente impossível que tenha passado por essa etapa”, avalia.

O acompanhamento citado pelo endocrinologista envolve diversas especialidades médicas que servem para preparar o indivíduo, tanto física como psicologicamente para a bariátrica.

Afinal, uma cirurgia desse tipo exige mudanças rigorosas na alimentação e, consequentemente, da relação com o que se come. É justamente nesse aspecto que Geloneze supõe que houve negligência.

Transtornos alimentares: outra possibilidade para emagrecer demais

“Pela história da paciente, acredito que pode ser o caso de alternância de distúrbios alimentares. Por exemplo, ela pode ter feito a cirurgia sofrendo com bulimia, o que evoluiu para um quadro de restrição extrema, a anorexia. Então, os transtornos podem ter colaborado para a perda excessiva de peso”, opina o médico.

Se este for o caso, então o fato de Tracey emagrecer demais não é uma complicação específica da bariátrica, mas uma consequência da falta de tratamento psicológico adequado. “As técnicas comumente utilizadas — sleeve, gastroplastia, bypass gástrico, por exemplo — não costumam gerar intercorrências assim”, diz.

Entretanto, o endocrinologista cita um efeito específico da bariátrica. Dependendo do método, Geloneze relata que pode ocorrer a estenose. Ou seja, o estreitamento do tubo que dificulta a passagem dos alimentos — como resultado, leva à perda significativa de peso.

Credibilidade vale mais do que a economia financeira

Tracey viajou para a Turquia sob a motivação de economizar para realizar seu sonho. Porém, a escolha pode ser um erro que cobra um preço mais alto no futuro. Na situação da americana, infelizmente foi o emagrecimento insalubre.

Para evitar um desfecho do tipo, é fundamental se consultar com profissionais de confiança, que transmitam segurança e tenham experiência no assunto. Principalmente se tratando de procedimentos como a bariátrica, que por si só provocam transformações profundas no metabolismo.

Além disso, mesmo que a pessoa esteja nas mãos dos melhores médicos, as complicações cirúrgicas podem acontecer em qualquer contexto, sendo bariátrica ou não.

“Falando especificamente da bariátrica, o paciente precisa saber que deverá mudar os hábitos alimentares, tomar suplementos e receber assistência para sempre. Infelizmente, a maioria que faz cirurgia abandona o acompanhamento com a equipe multidisciplinar”, alerta.

Por fim, o especialista aconselha que as pessoas elegíveis ao procedimento não deixem a ideia de lado, pois a mudança realmente pode trazer benefícios à qualidade de vida. Se for o seu caso, busque a opinião de mais de um médico e cerque-se de bons profissionais para tomar a melhor decisão.

Fonte: Bruno Geloneze, endocrinologista e membro da comissão executiva do 15º Congresso Paulista de Endocrinologia e Metabologia, o COPEM 2023

 

 

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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