Drogas sonoras: moda entre adolescentes pode prejudicar audição

Saúde
14 de Abril, 2022
Drogas sonoras: moda entre adolescentes pode prejudicar audição

É fato que TikTok se tornou um reduto de tendências, principalmente entre os jovens. No entanto, algumas novidades que surgem na rede social, como dicas de beleza, desafios e outros truques, são duvidosas e até nocivas para o público. As drogas sonoras são o exemplo mais recente de desinformação na rede: tudo começou com um jovem que afirma que é possível ficar “chapado” sem o uso de drogas.

Para isso, é necessário ouvir alguns tipos de sons em uma plataforma digital chamada i-doser, que possui sons de batidas eletrônicas e zumbidos de alta frequência, além de estímulos visuais. Essa combinação de sons, aliados aos estímulos visuais, supostamente proporciona a mesma reação do consumo de drogas. Mas será que essas drogas sonoras realmente têm esse poder alucinógeno?

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Drogas sonoras não entorpecem, mas exigem atenção

É o que sugere a Sociedade Brasileira de Pediatria, que avaliou a repercussão do tema e redigiu um material filtrando os riscos da nova prática. A princípio, não há comprovação científica que valide o efeito entorpecente dessas “drogas sonoras”. Afinal, esse tipo de frequência sonora existe há algum tempo — chamadas ondas bineurais ou binaural beats, qualquer pessoa pode ouvir o som, comumente usado em práticas meditativas. Basta procurar pelo termo no YouTube ou em outras plataformas de streaming (Spotify e Deezer, por exemplo).

Porém, segundo a própria SBP, esse tipo de som pode ser uma ferramenta perigosa, pois o indivíduo ouve a frequência em alto volume no fone de ouvido. Dessa forma, há riscos de prejudicar a audição, se o hábito for repetitivo. Além disso, os especialistas alegam que essa prática é capaz de gerar dependência. “A estimulação externa exagerada e contínua de ruídos pode provocar alterações na neuroplasticidade (capacidade do cérebro de crescer), desenvolver e alterar sua estrutura. Isso pode afetar as conexões necessárias para o desenvolvimento cerebral e mental saudável”, destaca um trecho do documento.

“Quando o som se torna um ruído alto, estridente, agudo e constante, como sirenes ou o som de explosivos, as pessoas estão sujeitas a desenvolver desde um simples estado de neurotização passageira até lesões irreversíveis no aparelho auditivo, com marcadas consequências. Principalmente em crianças e adolescentes, que são sempre mais vulneráveis”, afirma outra passagem do texto da SBP.

Sintomas de dependência

Segundo a SBP, alguns sinais indicam a exposição exacerbada ao ruído em alto volume. Por exemplo:

  • Dificuldades para perceber sons agudos.
  • Presença de zumbidos.
  • Transtornos de comunicação, gerando isolamento social e dificuldade de interação.
  • Alterações no sono ou mesmo alucinações auditivas em pessoas mais sensíveis.

Aos pais e responsáveis preocupados com suas crianças e adolescentes, é importante controlar o tempo de uso e acesso em aplicativos de redes sociais, além de checar os aparelhos sonoros para evitar o mau uso. Também é essencial deixar o jovem livre para conversar sobre o assunto — incentivar o diálogo e entender os motivos que o levaram a procurar por esse tipo de entretenimento. Assim, é mais fácil expor os riscos de forma saudável e compreensível.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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