Doença da vaca louca: quais são os riscos para seres humanos

Alimentação Bem-estar Saúde
24 de Fevereiro, 2023
Doença da vaca louca: quais são os riscos para seres humanos

Comer carne brasileira pode trazer riscos à saúde? A dúvida surgiu depois que o país confirmou, na última quinta-feira (23), um caso da “doença da vaca louca”, que atinge os animais bovinos.

No entanto, de acordo com o Dr. Fabiano de Abreu, Pós-doutor e PhD em neurociências, também existe a versão da doença em humanos. “Quando nos alimentamos de carne e subprodutos de bovinos contaminados com a doença, desenvolvemos um tipo de encefalopatia espongiforme transmissível, conhecida como variante da doença de Creutzfeldt-Jakob”, explica.

Após a confirmação do caso no Brasil, o Ministério da Agricultura informou que as exportações de carne bovina para a China estarão suspensas temporariamente. Ainda segundo a pasta, o caso em questão foi detectado em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá (PA).

De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), trata-se de uma forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza em animais mais velhos, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano.

Por fim, o Ministério também destacou que foi feito um comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMAS) e as amostras foram enviadas para o laboratório referência da instituição em Alberta, no Canadá, que poderá confirmar se, de fato, o caso é atípico.

O que é a doença da vaca louca?

Também conhecida como Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), a doença da vaca louca afeta apenas bovinos e é fatal. O período de incubação costuma ser longo, entre dois a oito anos – ou até mais. 

A doença foi identificada pela primeira vez em 1986, em bovinos. Dessa maneira, os cientistas acreditam que a contaminação clássica da doença em animais ocorre por meio da ingestão de alimentos contaminados, como farinha de carnes e ossos. 

Já a variante atípica pode surgir espontaneamente, ou seja, ela pode estar presente em grandes populações de gado, mas é identificada quando os procedimentos de vigilância sanitária são feitos intensamente. Além disso, costuma afetar apenas bovinos mais velhos. 

Assim, os sintomas se manifestam através de falta de coordenação, nervosismo e reação exagerada a estímulos externos. 

Histórico de vaca louca no Brasil

As últimas ocorrências da doença da vaca louca foram registrados no Brasil em 2021, em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e de Nova Canaã do Norte (MT). Na ocasião, a China, maior importadora de carnes brasileiras, suspendeu as compras entre setembro e dezembro daquele ano.

O Brasil é considerado território de risco insignificante para a ocorrência do mal da vaca louca, de acordo com classificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Nas últimas décadas, houve registros apenas de casos isolados da doença, que foram devidamente controlados e eliminados.

Leia também: Botulismo: Saiba mais sobre a doença, suas causas e o tratamento

Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ): variação em humanos

Chamada de Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), a doença é neurodegenerativa — ou seja, provoca o dano ou morte de células do sistema nervoso — no caso, o central. Os príons, que em inglês significa proteinaceous infections particles, são substâncias infecciosas e responsáveis pelo quadro. Eles se acumulam no cérebro e aos poucos, causam alterações no sistema que vão de lapsos de memória a estágios avançados de demência.

Também é letal e está relacionada ao consumo de carnes contaminadas.

Sintomas da doença de Creutzfeldt-Jakob

De forma geral, o indivíduo começa com perdas pontuais de memória. No caso da DCJv, é comum a pessoa ter crises de ansiedade e depressão em conjunto com os lapsos. Conforme o progresso da enfermidade, passa a ter contrações musculares involuntárias, que leva ao comprometimento da coordenação motora.

Por fim, mudanças no comportamento, como irritabilidade ou tristeza repentina, negligência com os cuidados pessoais, sonolência ou insônia.

Devido à morte das células do sistema nervoso, os sintomas são bem parecidos com os da doença de Alzheimer, que deteriora as lembranças, capacidade de aprendizagem e discernimento. A doença também atinge a visão, que se torna mais turva.

Diagnóstico

Requer exames de ressonância magnética, eletroencefalografia e biópsia do líquido cefalorraquidiano por meio de punção lombar. Tais testes conseguem detectar modificações cerebrais típicas da doença e a presença de príons. Além disso, a análise dos sintomas e do histórico familiar é fundamental para descartar ou considerar demais doenças neurodegenerativas.

Tratamento

Ainda não existe uma cura contra a DCJ, apenas o que a medicina chama “tratamento de suporte”. Ou seja, utilizar medicamentos que amenizam os sintomas. Principalmente anticonvulsionantes e ansiolíticos que diminuem as crises de espasmos musculares.

Além disso, é importante o acompanhamento psiquiátrico em casos de depressão e ansiedade, dois transtornos que fazem parte do quadro. Utilizar recursos que melhorem a qualidade de vida do indivíduo pode auxiliar no convívio com a doença, cujo prognóstico é pouco animador. A expectativa de vida média de um paciente com a DCJ, seja qual for o tipo, é de seis meses a um ano.

Como evitar?

Para o Dr. Fabiano,  até que qualquer suspeita seja afastada, é fundamental ter cuidados preventivos. Dessa maneira, para evitar a Doença de Creutzfeldt-Jakob as pessoas devem estar atentas na hora de comprar as carnes. “Pesquisar sobre as marcas, a procedência e exigir do Ministério da Agricultura medidas que não nos coloquem em risco”, ressalta Dr. Fabiano.

A carne vermelha nos fornece ferro, zinco e vitaminas E, K e do complexo B. Assim, é uma das principais fontes de vitamina B12 na dieta. Contudo, o PhD em neurociências explica que uma alternativa para quem não se sente seguro em comer carne no momento, é substituir por outros tipos de carne ou fazer complemento vitamínico.

Referências: IDARON – Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia.

Fonte: Dr. Fabiano de Abreu, Pós-doutor e PhD em neurociências.

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