Exame pode facilitar o tratamento de distúrbios psiquiátricos
Um novo exame que está sendo desenvolvido na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e pela empresa Quarium pode facilitar a escolha do tratamento de pacientes com distúrbios psiquiátricos, como a esquizofrenia. A tecnologia em estudo nasceu de uma pesquisa realizada no Laboratório de Neuroproteômica da instituição que identificou no sangue a presença de sinais capazes de antecipar a resposta do organismo a diferentes medicações. Os resultados prometem facilitar a criação de um tratamento personalizado para cada paciente e servirão como base para uma segunda etapa de pesquisas.
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Exame de sangue comum poderá diagnosticar distúrbios psiquiátricos
A ideia para a criação do teste partiu da análise de 54 amostras obtidas de pacientes diagnosticados com esquizofrenia que foram tratados com um de três antipsicóticos mais comuns. Isto é, olanzapina, risperidona ou quetiapina. Uma das vantagens previstas para o projeto é a possibilidade de fornecer resultados eficazes através de análises simples e rápidas. As amostras poderão ser coletadas através de um exame de sangue comum e devem chegar até o médico responsável em poucas horas. “A ideia é que a resposta do exame saia no mesmo dia. Assim, o psiquiatra pode iniciar a medicação da maneira mais direcionada possível”, explica Daniel Martins-de-Souza, coordenador do estudo na UNICAMP.
Tratamento
A pesquisa surgiu como resposta a um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais da saúde após um diagnóstico de esquizofrenia: a escolha da medicação correta para atenuar os sintomas do distúrbio. Esse momento é crucial para o tratamento e recuperação da qualidade de vida do paciente, já que pode determinar inclusive o agravamento do quadro. “O paciente que não melhora ou não tolera os efeitos colaterais de determinado antipsicótico pode ter novos surtos psicóticos. Além disso, pode registrar declínio cognitivo irrecuperável”, explica Lícia da Silva Costa, pesquisadora e fundadora da empresa Quarium.
Atualmente, a escolha do tratamento para a esquizofrenia é feita com base na análise clínica do caso em conjunto com um algoritmo clínico clássico. No entanto, uma parcela significativa dos pacientes abandonam o tratamento devido aos efeitos colaterais causados pelos remédios. “Embora esses métodos sejam importantes e colaborem para a escolha da melhor medicação, são generalistas e não consideram as particularidades metabólicas de cada paciente”, salienta Costa. De acordo com a empresária, a resposta do organismo depende de diversas variáveis. Por exemplo, o uso desses métodos, como a alimentação, a idade, a interação com outras medicações e a resistência a dosagens diferentes.
Novo exame para distúrbios psiquiátricos: próximos passos
Nesse cenário, o novo exame promete facilitar o desenvolvimento de um programa de tratamento individualizado que considera as condições clínicas e sociais de cada paciente. Como consequência, pode reduzir a ocorrência de efeitos colaterais e acelerar a melhora do quadro. Para isso, o teste vai buscar sinais presentes no sangue que indicam as possíveis reações do organismo aos diferentes fármacos. Tudo isso antes mesmo do início do tratamento.
“A gente identificou quais são os marcadores e quanto deles deve ter no sangue para que o organismo responda bem àquela medicação. O teste vai procurar especificamente por esses sinais na amostra. Assim, dependendo do resultado, a gente consegue dizer qual o melhor fármaco para aquela pessoa”, diz Daniel Martins-de-Souza.
A tecnologia em desenvolvimento abre precedentes para uma nova era no tratamento da esquizofrenia e de outros distúrbios psiquiátricos, já que as pesquisas podem ser usadas para desenvolver testes aplicáveis a diversos transtornos. O estudo segue agora para uma etapa importante que busca transformar os dados coletados em um produto viável para clínicas e hospitais psiquiátricos. Lícia Costa destaca que um dos próximos passos é ampliar o escopo de atuação do exame para outros antipsicóticos, visando otimizar ainda mais o processo de escolha do tratamento.
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Fonte: Agência Bori