O que é dislexia? Sintomas, tratamento e como oferecer ajuda

Gravidez e maternidade Saúde
24 de Setembro, 2024
O que é dislexia? Sintomas, tratamento e como oferecer ajuda

Na idade escolar ou até um pouco antes de iniciar essa fase, muitas crianças sentem dificuldades para aprender a ler, decorar canções e a falar corretamente as palavras. Chamada dislexia, esse distúrbio genético precisa de compreensão e acolhimento, dois requisitos ainda precários nos ambientes escolares e familiares.

Segundo um estudo da British Dyslexia Association, 70% dos profissionais das áreas de saúde e educação não sabem como lidar ou têm pouco conhecimento sobre o transtorno. Como consequência, a criança sente-se incapaz e inferior em relação aos demais colegas de sala de aula, estando sujeita também ao bullying.

Além da falta de conhecimento técnico sobre a dislexia, muitas vezes os sinais precoces são confundidos com desinteresse ou preguiça, o que pode atrasar o diagnóstico e a intervenção adequada. Para oferecer o suporte necessário, é fundamental que pais, professores e outros profissionais da saúde entendam melhor o transtorno, seus sintomas e como atuar de forma eficaz no acolhimento.

O que é dislexia?

A dislexia é um distúrbio neurológico que afeta o processamento da linguagem, dificultando a leitura, escrita e ortografia. De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), o distúrbio é caracterizado principalmente pela dificuldade de reconhecer letras e associá-las aos seus sons, resultando em trocas ou inversões de letras ao ler ou escrever.

Conforme explica a psicóloga Rosângela Casseano, embora não esteja relacionada à inteligência, pois alguns podem ter habilidades cognitivas normais ou até acima da média, a dislexia pode impactar o desempenho escolar e gerar frustração em crianças que têm o transtorno, pois inclui problemas com a precisão e fluência na decodificação de palavras, dificuldades na ortografia e na habilidade de escrever, além de, possivelmente, dificuldades em processar informações fonológicas.

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A condição se manifesta de formas variadas, sendo que cada indivíduo pode apresentar desafios únicos em sua jornada de aprendizagem. É importante destacar que, com o diagnóstico precoce e estratégias de intervenção adequadas, como métodos pedagógicos especializados e apoio familiar, é possível minimizar as dificuldades e promover um desenvolvimento acadêmico mais equilibrado.

Sintomas da dislexia

Os sintomas de dislexia podem variar amplamente de uma pessoa para outra, tanto na intensidade quanto nas formas como se manifestam. É importante lembrar que nem todos os indivíduos com dislexia apresentarão todos os sintomas listados.

No entanto, a presença de alguns desses sinais pode levantar a suspeita de dislexia, especialmente quando observados de forma persistente ao longo do tempo. Entre os principais sintomas, destacam-se:

  • Problemas para de concentração;
  • Atraso na fala e no processo de alfabetização;
  • Dificuldade em aprender canções e rimas;
  • Facilidade em perder o foco (os episódios de dispersão são muito comuns);
  • Pouco repertório de fala, que gera dificuldade de interação e conversação;
  • Falta de coordenação motora e de diferenciação entre esquerda e direita;
  • Desorganização em geral, que vai desde o desafio de cumprir prazos a manter os pertences em ordem;
  • Pouca capacidade de resolver quebra-cabeças e jogos com proposta similar.

Tipos de dislexia

A dislexia pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo das características individuais. Com base nos sintomas predominantes, ela é classificada em diferentes tipos, sendo: visual, auditiva e mista. Identificar o subtipo de dislexia é essencial para direcionar intervenções e tratamentos eficazes. Abaixo estão os principais tipos de dislexia:

Dislexia visual

A dislexia visual está relacionada à dificuldade em processar informações visuais. Indivíduos com esse tipo de dislexia frequentemente confundem letras e palavras ao ler, o que pode resultar em trocas e inversões de letras, como “b” e “d” ou “p” e “q”.

Além disso, eles podem ter problemas para distinguir entre o lado direito e esquerdo, o que afeta não apenas a leitura, mas também atividades que requerem habilidades visuais-espaciais. Esse tipo de dislexia está ligado a uma confusão visual que interfere diretamente na fluência da leitura.

Dislexia auditiva

A dislexia auditiva envolve dificuldades na percepção e processamento de sons, afetando diretamente a fala, a leitura e a capacidade de assimilar rimas e canções. Pessoas com esse tipo de dislexia têm dificuldade em associar os sons às letras correspondentes, o que compromete o reconhecimento fonológico das palavras. Essa limitação na percepção auditiva pode dificultar não apenas o aprendizado da leitura, mas também a compreensão oral, uma vez que o cérebro não processa os sons com a clareza necessária.

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Dislexia mista

A dislexia mista, também conhecida como dislexia de dupla-deficiência, é uma combinação de dois ou mais tipos de dislexia, como a visual e a auditiva. Nesses casos, a pessoa pode apresentar tanto dificuldades na percepção visual de palavras quanto no processamento auditivo dos sons. Isso significa que a leitura, a escrita e a fala podem ser afetadas de maneira mais intensa, exigindo uma abordagem mais abrangente no tratamento e nas estratégias pedagógicas.

O que causa a dislexia?

Ainda não se sabe ao certo o que dificulta a capacidade de aprendizagem. Contudo, há o consenso de que a dislexia pode ter origem genética. Assim, essas mutações genéticas provavelmente causam desordem no funcionamento cerebral, alteram o desenvolvimento normal do sistema nervoso central, que por sua vez atrapalha as funções motoras. Outra questão é que a dislexia afeta mais meninos do que meninas, cujos sinais tornam-se mais perceptíveis na idade pré-escolar.

Diagnóstico

Antes de mais nada, pais e educadores precisam prestar atenção ao comportamento da criança e notar se há uma dificuldade incomum em acompanhar o ritmo de aprendizagem. Ao mesmo tempo, os responsáveis devem procurar um médico neurologista e psicólogo especialista no assunto.

Dessa forma, o diagnóstico torna-se mais assertivo, pois é comum que a dislexia se confunda com déficit de atenção e hiperatividade. Além da análise clínica, o médico aplica exames de audição, visão, fluência verbal e avaliação cognitiva para confirmar a condição e descartar outras causas.

Quanto antes a dislexia for descoberta, melhor. “O diagnóstico precoce da dislexia e o suporte adequado poderão ajudar a desenvolver estratégias que favoreçam a leitura e a escrita, quando identificadas cedo, as dificuldades podem ser abordadas de maneira a minimizar seu impacto no aprendizado e na autoestima da criança”, explica a psicóloga Rosângela Casseano.

Ao contrário, como explica a profissional, o diagnóstico tardio ou incorreto pode impactar o desenvolvimento emocional e social da criança ao longo da vida. A pessoa ser rotulada erroneamente pode levar a intervenções inadequadas que não atendem suas necessidades. Os resultados são frustração, ansiedade e baixa autoestima, além ddo agravamento do desempenho escolar.

Tratamento

A princípio, não existe uma cura para a dislexia, por isso, vale o esclarecimento: trata-se de uma condição, e não uma doença ou deficiência. Esse discernimento ajuda na conscientização do quadro, que exige acompanhamento multidisciplinar. Por outro lado, é possível trazer mais qualidade e curso normal de vida para o portador de dislexia.

Logo, incluir a rotina com fonoaudiólogos e psicopedagogos pode ser eficaz, pois existem métodos que estimulam a criança antes e durante a alfabetização. Em ambos os casos, o profissional propõe atividades que instigam a atenção da criança e ajudam a deixá-la à vontade para se expressar.

O apoio dos pais, familiares e professores também é valioso para o desenvolvimento, que deve ser pautado na compreensão e paciência. Afinal, a criança poderá superar os limites de aprendizado, mas à própria maneira e com o suporte profissional adequado.

Diferença entre dislexia e TDAH

Embora a dislexia e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) possam apresentar alguns sintomas semelhantes, como dificuldade de concentração e problemas de desempenho escolar, são condições distintas com causas e tratamentos diferentes.

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O TDAH é um transtorno neurocomportamental que envolve desatenção, hiperatividade e impulsividade. “Pessoas com TDAH podem ter dificuldade em manter o foco em tarefas, seguir instruções e completar trabalhos, mas isso não está necessariamente relacionado a dificuldades específicas de leitura ou escrita”, explica Rosângela Casseano.

Embora possam coexistir, o diagnóstico e tratamento de cada condição são diferentes. Enquanto a dislexia requer intervenções pedagógicas focadas na leitura e escrita, o TDAH é tratado com intervenções comportamentais e, em alguns casos, com medicamentos que ajudam a melhorar a concentração e o controle dos impulsos.

Dislexia na vida adulta

Na vida adulta, os sintomas da dislexia podem ser mais sutis, mas ainda assim impactam áreas como leitura de documentos complexos, organização e habilidades de comunicação. Adultos com dislexia podem ter dificuldades em lidar com prazos, manter a produtividade no trabalho ou até realizar atividades cotidianas que envolvem a leitura de textos longos.

No entanto, muitos adultos disléxicos aprendem a desenvolver estratégias para contornar essas dificuldades, especialmente quando diagnosticados precocemente e com o devido apoio. A dislexia não desaparece com o tempo, mas pode ser gerenciada com sucesso por meio de adaptações e ferramentas adequadas.

Instituto ABCD

Disponibiliza um curso on-line gratuito sobre a dislexia. Útil para todas as pessoas que convivem com uma criança portadora da condição. Clique aqui para acessar a home.

Associação Brasileira de Dislexia (ABD)

Dedica-se a levar informação sobre o transtorno, democratizar o acesso ao diagnóstico e tratamento, além de realizar parcerias científicas para a investigação da dislexia. Neste link, há uma coletânea de materiais informativos gratuitos.

Fonte: Rosângela Casseano é psicóloga, Coaching de Carreira e CEO da PsicoPass.

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