Dieta cetogênica melhora sintomas psquiátricos, diz estudo

Alimentação Bem-estar Saúde
10 de Abril, 2024
Dieta cetogênica melhora sintomas psquiátricos, diz estudo

A alimentação cetogênica pode ser benéfica para pessoas com condições psiquiátricas, como esquizofrenia ou transtorno bipolar. De acordo com um estudo da Stanford Medicine, nos Estados Unidos, a dieta cetogênica melhora a saúde metabólica desses pacientes e ajuda a melhorar os sintomas psiquiátricos. Entenda mais sobre a pesquisa.

Leia mais: Riscos da dieta cetogênica: priorizar o consumo de gorduras pode levar a doenças cardíacas 

Dieta cetogênica melhora sintomas psiquiátricos: detalhes sobre o estudo

Os resultados da pesquisa foram publicados no final de março na revista científica Psychiatry Research. Para o novo estudo, a equipe acompanhou 21 adultos com esquizofrenia ou transtorno bipolar, que tomavam medicamentos antipsicóticos e apresentavam algum distúrbio metabólico. Por exemplo, ganho de peso, resistência à insulina, hipertrigliceridemia, dislipidemia ou tolerância diminuída à glicose.

Nesse sentido, os participantes seguiram a dieta cetogênica com aproximadamente 10% das calorias provenientes de carboidratos, 30% de proteínas e 60% de gordura. Eles também receberam livros de receitas cetônicas e acesso a um profissional de saúde. Então, a equipe acompanhou se os participantes seguiram bem a dieta ou não através da medição semanal dos níveis de cetonas no sangue.

Resultados

No final do estudo, 14 pacientes tinham aderido totalmente à dieta, seis aderiram parcialmente e apenas um não seguiu a alimentação cetogênica. Ao longo do período da pesquisa, os participantes também passaram por uma variedade de avaliações psiquiátricas e metabólicas.

Antes do ensaio, 29% dos participantes preenchiam os critérios para síndrome metabólica, definida com pelo menos três das cinco condições: obesidade abdominal, triglicerídeos elevados, colesterol HDL baixo, pressão arterial elevada e níveis elevados de glicose em jejum. Após quatro meses de dieta cetogênica, nenhum dos participantes apresentou síndrome metabólica.

Além disso, em média, os participantes perderam 10% do peso corporal, reduziram em 11% a circunferência da cintura e apresentaram pressão arterial, índice de massa corporal, triglicerídeos, níveis de açúcar no sangue e resistência à insulina mais baixos.

“Mesmo se você estiver tomando antipsicóticos, ainda podemos reverter a obesidade, a síndrome metabólica, a resistência à insulina. Acho que isso é muito encorajador para os pacientes”, afirma Sethi.

Dieta cetogênica pode ser útil no tratamento

De acordo com os pesquisadores, o tratamento padrão para essas condições psiquiátricas, feito com medicamentos antipsicóticos, podem causar efeitos colaterais metabólicos, como resistência à insulina e obesidade.

Por isso, uma intervenção dietética pode ser útil no tratamento, do ponto de vista dos autores do estudo. A dieta cetogênica é baseada em um baixo consumo de carboidratos e em um alto teor de gorduras, a fim de estimular a cetose, um processo metabólico que acontece no organismo quando os níveis de glicose estão baixos.

Nesse processo, o organismo produz corpos cetônicos para obter energia, já que o nível de glicose (proveniente dos carboidratos) está baixo. Essas substâncias são oriundas das células de gordura, que são destruídas e transformadas em corpos cetônicos pelo fígado.

“A dieta cetogênica provou ser eficaz para crises epilépticas resistentes ao tratamento, reduzindo a excitabilidade dos neurônios no cérebro”, disse Sethi em comunicado à imprensa. “Achamos que valeria a pena explorar esse tratamento em condições psiquiátricas”, afirmou Shebani Sethi, professora associada de Psiquiatria e Ciências Comportamentais na Stanford Medicine e primeira autora do estudo.

Dieta cetogênica melhora os sintomas: benefícios

O estudo também observou benefícios psiquiátricos com a aderência à dieta cetogênica. Em média, os participantes melhoraram em 31% os sintomas psiquiátricos, avaliados em uma escala que analisa psiquiatricamente transtornos mentais. Segundo a pesquisa, três quartos do grupo apresentaram melhoras clinicamente significativas, como melhora do sono e maior satisfação com a vida.

“Os participantes relataram melhorias na energia, no sono, no humor e na qualidade de vida”, disse Sethi. “Eles se sentem mais saudáveis ​​e mais esperançosos.”

Os pesquisadores acreditam que, da mesma forma como a dieta cetogênica pode melhorar o metabolismo do corpo, ela também pode melhorar o metabolismo do cérebro. Segundo Sethi, doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, podem causar déficits metabólicos no cérebro, afetando a excitabilidade dos neurônios.

“Qualquer coisa que melhore a saúde metabólica em geral provavelmente melhorará a saúde do cérebro de qualquer maneira”, disse Sethi. “Mas a dieta cetogênica pode fornecer cetonas como combustível alternativo à glicose para um cérebro com disfunção energética.”

Por fim, os pesquisadores acreditam que o estudo poderá ajudar no desenvolvimento de estudos maiores e mais robustos sobre como a alimentação. Além disso, pode ajudar no tratamento de doenças psiquiátricas.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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