Dextrocardia: o que é, sintomas, causas e tratamento
A dextrocardia é uma anormalidade cardíaca rara na qual o coração não aponta para o lado padrão. Nesse cenário, o paciente que é diagnosticado com o quadro tem o órgão posicionado para a direita em vez do lado esquerdo do peito. A condição é congênita, ou seja, as pessoas já nascem com o problema. Menos 1% da população é diagnosticada com essa alteração. Saiba mais sobre a dextrocardia.
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Afinal, o que é dextrocardia?
O Dr. Nilton Carneiro, cardiologista explica com mais detalhes a condição. “A dextrocardia é o posicionamento não habitual do coração na cavidade torácica, com tendência à localização na metade direita do tórax. Pode vir associada ao posicionamento ou funcionamento inadequado de outros órgãos, quando trará sintomas associados a este fato. Mas também pode ser uma alteração isolada, sem alterações de outros órgãos e com funcionamento normal do coração”, destaca.
Além disso, a dextrocardia pode surgir em uma condição denominada de situs inversus. Na prática, além do coração, o fígado, o baço e outros órgãos também podem estar posicionados no lado oposto. As alterações genéticas e um desenvolvimento inadequado na fase embrionária são as principais causas da dextrocardia, conforme aponta o cardiologista. A boa notícia é que os pacientes com dextrocardia isolada conseguem ter uma vida normal.
Sintomas da dextrocardia
Em alguns casos, o paciente com dextrocardia não tem sintomas. Porém, indivíduos com esse quadro podem ter mais chances de contrair infecções pulmonares, infecções sinusais ou pneumonia.
Além disso, os cílios dos pulmões — responsáveis por filtrar o ar que o ser humano respira — podem não trabalhar normalmente. Quando não têm capacidade para filtrar os vírus e germes, a probabilidade de ficar mais doente é maior.
Diagnóstico
Para detectar que o órgão se encontra do lado direito ao invés do esquerdo, o pediatra irá observar a história clínica do paciente e também relatos dos pais como fraqueza e canseira excessivas.
Também costumam existir relatos de demora para o crescimento convencional do organismo, e por isso, crianças com baixa estatura podem ser um indicativo para descobrir que algo está equivocado.
Uma vez que haja suspeita, é indicado pelo médico um exame de raio-X, ressonância magnética ou tomografia para identificar a presença de dextrocardia na criança.
Possíveis complicações da dextrocardia
Nos pacientes em que há disfunção associada ao mal posicionamento do coração, podem ocorrer baixa oxigenação, arritmias, cansaço, maior propensão a infecções respiratórias e casos de insuficiência cardíaca, de acordo com o cardiologista. Assim, para entender melhor o cenário do paciente, são feitos exames de imagem, como raio-X do tórax, tomografia ou ecocardiograma.
Crianças
De acordo com o Dr. Alonso Augusto Moreira Filho e Dra. Vandenise Krepker de Oliveira, crianças com essa anormalidade podem ter dificuldades de desenvolvimento e, devido a esse fator, podem passar por cirurgia cardíaca para reparar esses e outros problemas anatômicos. Além disso, quando as anormalidades atingem o fígado, os pacientes podem ser diagnosticados com icterícia.
Bebês
Os profissionais explicam ainda que os bebês com dextrocardia têm mais chances de lidar com orifícios no septo do coração, que são responsáveis por separar as câmaras cardíacas esquerda e direita.
Nesse cenário, pode ocorrer problemas na forma como o sangue percorre o interior e o exterior do coração. A situação pode causar um sopro no órgão, que pode ser observado com o auxílio de um estetoscópio.
Os pequenos que nascem com dextrocardia podem não ter o baço, um órgão essencial para o sistema imunológico cuja ausência pode influenciar no aumento de infecções.
Tratamento da dextrocardia
A dextrocardia não é uma condição que necessita de tratamento, mas é necessário redobrar a atenção se for o caso de impedir que os outros órgãos trabalhem com eficiência. Para o especialista, caso ocorra defeitos septais, a cirurgia é uma ótima saída para ajustá-los. Além disso, alguns antibióticos também podem auxiliar o paciente a longo prazo para diminuir a chance de infecção, especialmente se não há um baço ou ele não funcione adequadamente.
Dr. Nilton Carneiro, cardiologista e arritmologista responsável pelo setor de diagnóstico cardiológico no Hospital Santa Catarina – Paulista.
Dr. João Vicente da Silveira, doutor em Cardiologia e médico do Hospital Sírio Libanês.